sexta-feira, 29 de abril de 2016

SURF - GAROTA DE FUTURO - espn.com.br veiculou

Surfista mais jovem do país já venceu irmã de Medina e ouviu conselho do campeão mundial

Bianca Daga, do ESPN.com.br
ARQUIVO PESSOAL
Medina Pamella Mel arquivo pessoal
Pâmella Mel é considerada a surfista mais jovem do país pelo RankBrasil
10 anos de idade, 64 campeonatos disputados, 72 pódios (por competir em mais de uma categoria), 10 medalhas de ouro e conselhos do ídolo Gabriel Medina. Não é para qualquer um, mas essas são as conquistas da pequena Pâmella Mel, que já fala como gente grande e, há dois meses, entrou para o RankBrasil pelo recorde de mais jovem surfista feminina do Brasil.


Sempre incentivada pelos pais a praticar um esporte, no começo ela fazia ballet. Mas não era o queria. "Eu ficava dentro de uma sala fechada e queria fazer alguma coisa com que eu pudesse me divertir. E sempre gostei muito da natureza, sem quis ter contato com a natureza. Então falei que eu queria surfar. Mas nunca imaginei que ia me dar tão bem", contou ao ESPN.com.br.
Antes, Pâmella, a mãe, Regina, e o pai, Aílton, moravam em Cotia. Em 2012, se mudaram para Itanhaém, onde, aos 6 anos, foi matriculada em uma escolinha de surfe. Na primeira tentativa, ficou em pé na prancha. Vinte dias depois da primeira aula, disputou a primeira competição e terminou no primeiro lugar. Depois disso, não parou mais.
Para facilitar a evolução da filha, os pais decidiram se mudar mais uma vez. Em 2014, foram para Maresias, celeiro de surfistas no Brasil, e foi lá que ela conheceu Gabriel Medina. "Foi muito legal. Ele ainda não era campeão mundial (conquistou o título no fim do ano). Conheci ele durante o campeonato Prime e, agora, somos amigos. Ele surfa mais de manhã. Aí, quando consigo ir, nos encontramos. Ele sempre me dá dicas. Eu não agacho muito nas manobras e ele falou pra eu agachar."
Além da paixão pelas ondas, a surfista mais jovem do Brasil tem mais em comum com Gabriel: quase a mesma idade da irmã do campeão mundial. Sofia Medina, um ano mais velha (11 anos), disputa vários campeonatos com Pâmella e geralmente perde. "Normalmente caio com ela nas baterias. Já competimos em semifinais, quartas de final... Já ganhei dela umas três vezes, e ela ganhou uma de mim", revelou.
DIVULGAÇÃO
pamella mel surfe divulgacao
Pâmella já venceu com prancha de ferro velho
Prancha de ferro velho
Com o tempo e os bons resultados, começaram a aparecer parcerias e, agora, Pâmella ganha seis pranchas por ano. Mas no começo, não foi bem assim. A surfista tinha uma prancha que não era adequada. Ia rápido demais nas ondas e dificultava para ficar em pé. Foi então que o pai deu um jeito.
"Meu marido viu uma prancha num ferro velho. O cara queria cobrar 30 reais, conseguimos por 20. Mas estava toda quebrada. Aí ele reformou, pintou de rosa e fez o desenho da Barbie surfista. A Pâmella usou por um ano e subiu mais de vinte vezes no pódio com essa prancha, que é o xodó dela. Guarda até hoje pendurada. Não doa, nem vende, nem nada", contou a mãe Regina.
Algumas outras pranchas, no entanto, já foram vendidas ou rifadas para ajudar com os custos de inscrição em campeonatos e de viagens para competir. A família tenta vender a casa em Itanhaém, para deixar de pagar aluguel em Maresias e comprar outro imóvel. Aílton e Regina estão desempregados, vivendo de bicos como vender lanches na praia. Tudo para ajudar a filha a buscar o sonho de ser campeã mundial.


"Para quem não tem dom é difícil. Mas para mim é muito fácil surfar. O único segredo é ter equilíbrio. Aprendi a nadar numa cachoeira e nunca tive medo do mar. Você nunca sabe como a próxima onda vai vir. Pegar aquela onda perfeita, que você espero o campeonato inteiro, é a maior alegria. Quero fazer biologia marinha para ajudar os animais, me tornar surfista profissional e ser campeã mundial."
Até o ano passado, Pâmela competia nas categorias petit (até 10 anos), inclusive ao lado de meninos. Como em 2016 completará 11 anos, disputa na categoria feminino estreante (até 12 anos) e na feminino open. Entre as conquistas mais importantes da surfista estão os títulos de campeã da cidade de São Sebastião e do Circuito ASM Medina, além do bronze Circuito Brasileiro Feminino sub12, todas em 2015.

terça-feira, 26 de abril de 2016

JORNAL DO BRASIL - Tragédia da ciclovia expõe promiscuidade entre público e privado

Tragédia da ciclovia expõe promiscuidade entre público e privado

A decisão do prefeito Eduardo Paes de determinar uma perícia de órgãos independentes para descobrir os motivos da queda da ciclovia da Avenida Niemeyer causou a reação da Associação dos Peritos Oficiais do Estado do Rio de Janeiro. Para a entidade, a perícia criminal deve ser feita pela equipe do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, como eles afirmam que determina a lei. A perícia independente deveria se limitar aos campos administrativo e cível.
A reação dos peritos do Estado reforça a análise de que Paes se precipitou ao antecipar que a perícia será feita por institutos contratados pela Prefeitura (Coppe e Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias - INPH).
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Um trecho da ciclovia Tim Maia desabou na manhã desta quinta-feira (21) causando mortes. A obra custou cerca de R$ 45 milhões e foi entregue em janeiro. Fotos: Fernando Frazão/ Agência Brasil
Aliás, o prefeito também se precipitou ao determinar que a reconstrução da ciclovia será feita pela mesma empresa - Concremat - responsável pela obra que já mostrou não ser confiável.
As medidas mais parecem o desejo de esconder um suposto crime ou supostas ligações, como acontece com as ligações das empresas envolvidas na Lava Jato com políticos. Esta nebulosa relação entre o público e o privado, além de muitas vezes sangrar os cofres públicos, causa escandalosas distorções, como se viu na votação da Câmara pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os 513 deputados que votaram - contra ou a favor - dedicaram aquele momento aos pais, mães, filhos, mulheres e maridos, e não para cobrar o sequestro de bens ou as punições cabíveis do código aos empreiteiros que roubaram o país, como torná-los impedidos de contratar com o serviço público. Isso não se ouviu.
Essa promiscuidade que parece envolver a prefeitura com a empresa que construiu a ciclovia - e que na nota oficial que divulgou responsabiliza a prefeitura pelo projeto - mais parece a relação desse tipo de apaniguados que permite que os custos de uma campanha seja cinco ou seis vezes maior do que o que ganha um parlamentar nos quatro anos de mandato. E que este mesmo parlamentar termine seu mandato com um patrimônio cinco ou seis vezes maior do que o que tinha quando entrou para a vida pública, mesmo tendo salário que - como afirmamos - somados os anos do mandato, seja cinco ou seis vezes menor que o gasto em campanha.