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10 anos de idade, 64 campeonatos disputados, 72 pódios (por competir em mais de uma categoria), 10 medalhas de ouro e conselhos do ídolo Gabriel Medina. Não é para qualquer um, mas essas são as conquistas da pequena Pâmella Mel, que já fala como gente grande e, há dois meses, entrou para o RankBrasil pelo recorde de mais jovem surfista feminina do Brasil.
Sempre incentivada pelos pais a praticar um esporte, no começo ela fazia ballet. Mas não era o queria. "Eu ficava dentro de uma sala fechada e queria fazer alguma coisa com que eu pudesse me divertir. E sempre gostei muito da natureza, sem quis ter contato com a natureza. Então falei que eu queria surfar. Mas nunca imaginei que ia me dar tão bem", contou ao ESPN.com.br.
Antes, Pâmella, a mãe, Regina, e o pai, Aílton, moravam em Cotia. Em 2012, se mudaram para Itanhaém, onde, aos 6 anos, foi matriculada em uma escolinha de surfe. Na primeira tentativa, ficou em pé na prancha. Vinte dias depois da primeira aula, disputou a primeira competição e terminou no primeiro lugar. Depois disso, não parou mais.
Para facilitar a evolução da filha, os pais decidiram se mudar mais uma vez. Em 2014, foram para Maresias, celeiro de surfistas no Brasil, e foi lá que ela conheceu Gabriel Medina. "Foi muito legal. Ele ainda não era campeão mundial (conquistou o título no fim do ano). Conheci ele durante o campeonato Prime e, agora, somos amigos. Ele surfa mais de manhã. Aí, quando consigo ir, nos encontramos. Ele sempre me dá dicas. Eu não agacho muito nas manobras e ele falou pra eu agachar."
Além da paixão pelas ondas, a surfista mais jovem do Brasil tem mais em comum com Gabriel: quase a mesma idade da irmã do campeão mundial. Sofia Medina, um ano mais velha (11 anos), disputa vários campeonatos com Pâmella e geralmente perde. "Normalmente caio com ela nas baterias. Já competimos em semifinais, quartas de final... Já ganhei dela umas três vezes, e ela ganhou uma de mim", revelou.
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Prancha de ferro velho
Com o tempo e os bons resultados, começaram a aparecer parcerias e, agora, Pâmella ganha seis pranchas por ano. Mas no começo, não foi bem assim. A surfista tinha uma prancha que não era adequada. Ia rápido demais nas ondas e dificultava para ficar em pé. Foi então que o pai deu um jeito.
"Meu marido viu uma prancha num ferro velho. O cara queria cobrar 30 reais, conseguimos por 20. Mas estava toda quebrada. Aí ele reformou, pintou de rosa e fez o desenho da Barbie surfista. A Pâmella usou por um ano e subiu mais de vinte vezes no pódio com essa prancha, que é o xodó dela. Guarda até hoje pendurada. Não doa, nem vende, nem nada", contou a mãe Regina.
Algumas outras pranchas, no entanto, já foram vendidas ou rifadas para ajudar com os custos de inscrição em campeonatos e de viagens para competir. A família tenta vender a casa em Itanhaém, para deixar de pagar aluguel em Maresias e comprar outro imóvel. Aílton e Regina estão desempregados, vivendo de bicos como vender lanches na praia. Tudo para ajudar a filha a buscar o sonho de ser campeã mundial.
"Para quem não tem dom é difícil. Mas para mim é muito fácil surfar. O único segredo é ter equilíbrio. Aprendi a nadar numa cachoeira e nunca tive medo do mar. Você nunca sabe como a próxima onda vai vir. Pegar aquela onda perfeita, que você espero o campeonato inteiro, é a maior alegria. Quero fazer biologia marinha para ajudar os animais, me tornar surfista profissional e ser campeã mundial."
Até o ano passado, Pâmela competia nas categorias petit (até 10 anos), inclusive ao lado de meninos. Como em 2016 completará 11 anos, disputa na categoria feminino estreante (até 12 anos) e na feminino open. Entre as conquistas mais importantes da surfista estão os títulos de campeã da cidade de São Sebastião e do Circuito ASM Medina, além do bronze Circuito Brasileiro Feminino sub12, todas em 2015.
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