Assessoria
Aplicar o conhecimento produzido em benefício da sociedade. Esta é a intenção do grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) que durante quatro anos desenvolveu estudos para a caracterização e aproveitamento dos cigarros contrabandeados apreendidos pela Receita Federal. O desafio foi lançado pelo delegado da Receita Federal em Ponta Grossa, Gustavo Horn, em 2011, preocupado com o grande volume de produtos acumulado a cada operação de fiscalização, sem uma destinação ambientalmente correta. Na maior parte das vezes, o material é triturado ou incinerado, lançando elementos tóxicos no meio ambiente.
Nesta quarta-feira (15), o professor Sandro Xavier de Campos, coordenador do grupo de pesquisa em Química Analítica Ambiental e Sanitária (QAAS) da UEPG, apresentou resultados dos estudos realizados ao reitor Carlos Luciano Sant’Ana Vargas e ao delegado Gustavo Horn. Acompanhado das doutorandas Rosimara Zittel e Cinthia Eloise Domingues, falou sobre as pesquisas iniciais de caracterização do material recebido da Receita (com significativa repercussão na mídia, pelo maior risco à saúde que o cigarro contrabandeado traz aos fumantes) até a constatação da viabilidade da compostagem do tabaco e sua transformação em fertilizante, apropriado, principalmente, para a utilização em áreas de reflorestamento.
A ideia, segundo Sandro Xavier de Campos, é a criação de um centro de estudos voltado à continuidade das pesquisas, para sair da escala de laboratório e oferecer o conhecimento produzido para os setores industrial e agrícola. “Comprovamos que esse material pode ser processado e utilizado como fertilizante, dentro dos padrões exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com qualidade igual ou superior aos produtos existentes no mercado”, diz. “É tão eficiente quando a terra preta, comumente utilizada pelas pessoas em jardinagem e hortas caseiras”, reforça, falando ainda de outros estudos para utilização do filtro do cigarro em sistemas de reuso de águas.
Para o professor, o desafio é obter financiamento para a implantação desse centro de estudos. Afirma que, para um pesquisador, é frustrante ver o resultado de seus estudos limitado ao laboratório, sabendo que esse conhecimento representa uma solução para problemas da sociedade. Nesse sentido, pediu o apoio da Reitoria e da Receita Federal para levar os resultados obtidos nesse estudo, que é inédito, e também projeto do centro de pesquisa a potenciais financiadores, entre eles a própria indústria tabagista que sofre enorme prejuízo com a entrada do cigarro contrabandeado no país. Em 2015, a apreensão teria chegado a mais de 700 milhões de maços (em 2014, foram mais de 500 milhões).
Tanto Luciano Vargas como Gustavo Horn se comprometeram na busca dos meios para viabilização do projeto dos pesquisadores da UEPG, tendo como ponto de partida o contado com a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), organização que atua no combate à pirataria e ao contrabando em associação com a indústria e órgãos governamentais. “Seria uma forma de coroarmos esse trabalho”, disse o delegado da Receita Federal, falando da sua inquietude em relação ao volume de cigarros apreendidos pelo órgão, sem uma destinação apropriada. “A queima desse produto, certamente, não é a forma mais correta de descarte, mas hoje é nossa única alternativa”, disse, destacando o empenho do grupo de pesquisadores da UEPG na busca de soluções para o problema.
Luciano Vargas destaca a parceria com a Receita Federal que, periodicamente, repassa à UEPG produtos apreendidos em operações de combate ao contrabando, incluindo veículos utilizados no transporte dessas mercadorias. “São materiais, insumos e equipamentos que beneficiam diretamente a comunidade acadêmica, proporcionando à instituição uma economia e investimento em outras prioridades”, afirma. O reitor lembra do desafio feito pelo delegado Gustavo Horn para a pesquisas sobre a destinação aos cigarros contrabandeados, prontamente aceito pelo professor Sandro Xavier de Campos, com resultados que, mais uma vez, comprovam o papel da universidade de atender demandas da sociedade.
Produção e repercussão
De acordo com o professor Sandro Xavier de Campos, os resultados das pesquisas sobre o cigarro contrabandeado se traduzem na produção acadêmica gerada em quatro anos de estudos. Nesse período, foram produzidos quatro artigos científicos veiculados em revistas especializadas, como a ‘Revista Virtual de Química’; a ‘Orbital - The Electronic Journal of Chemistry’; Revista Semina; e Waste Management & Research. “Mais sete artigos estão em fase de conclusão para serem submetidos aos conselhos editorias de revistas e publicações online”.
Na pós-graduação, o professor destaca a orientação de três dissertações de mestrado já concluídas, no Programa de Pós-Graduação em Química Aplicada. Thiago Eduardo de Almeida desenvolveu o “Estudo químico da viabilidade da compostagem lodo/cigarro para formação de adubo orgânico"; Cleber Pinto da Silva, buscou a “Determinação de ions metálicos em amostra de cigarros contrabandeados no Brasil”; e Rosima Zittel, o ‘Estudo do tratamento do cigarro apreendido por meio de um reator fechado”.
Somam-se ainda três trabalhos de iniciação científica, supervisionados pelo professor Sandro Xavier de Campos: “Tratamento de Cigarros Contrabandeados por Compostagem. 2014. Iniciação Científica” (Adrielle Cristina dos Reis/Bacharelado em Química); ”Estudo da remoção em metais de cigarros contrabandeados pelas técnicas de compostagem, vermicompostagem e biorreatores’ (Aline Alves Migliorini/Bacharelado em Química); e “Monitoramento da toxicidade no tratamento de resíduos provenientes de cigarros contrabandeados por biorreatores” (Maisa da Cunha/Bacharelado em Química).
Atualmente, Sandro Xavier de Campos orienta três alunos do Doutorado em Química (associação UEPG, UEL e Unicentro). Cintia Eloise Domingues pesquisa o “Desenvolvimento de metodologia para determinação de diferentes contaminantes em cigarros contrabandeados para o brasil por CG-MS “; Rolan Roney Resseti, busca a “Caracterização das substâncias húmicas de compostos obtidos por diferentes processos de compostagem, empregando técnicas convencionais e espectroscópicas”; e Rosimara Zittel, o “Estudo do tratamento de cigarro contrabandeado e a remoção de diferentes contaminantes em reator facultativo”. Na graduação, orienta o trabalho de Adrielle Cristina dos Reis: “Estudo da remoção de nicotina por compostagem utilizando CG/MS”.
De acordo com professor Sandro Xavier de Campos, os resultados iniciais da pesquisa sobre o cigarro contrabandeado, onde se buscou a caracterização do produto, gerou grande repercussão na mídia. Ele enumera 15 reportagens e matérias veiculadas em programas de redes de televisão, revistas e jornais de várias regiões do país, replicados em inúmeros sites. Ele credita a repercussão ao ineditismo do estudo e alguns aspectos curiosos, como a presença no material analisado de pelos de animais, terra, areia, restos de insetos, colônias de fungos e ácaros, além de metais pesados (chumbo, cádmio, níquel e cromo), todos cancerígenos.
Também estão em andamento estudos realizados pelo curso de Engenharia de Materiais e de Química, visando ao aproveitamento do filtro do cigarro.
Aplicar o conhecimento produzido em benefício da sociedade. Esta é a intenção do grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) que durante quatro anos desenvolveu estudos para a caracterização e aproveitamento dos cigarros contrabandeados apreendidos pela Receita Federal. O desafio foi lançado pelo delegado da Receita Federal em Ponta Grossa, Gustavo Horn, em 2011, preocupado com o grande volume de produtos acumulado a cada operação de fiscalização, sem uma destinação ambientalmente correta. Na maior parte das vezes, o material é triturado ou incinerado, lançando elementos tóxicos no meio ambiente.
Nesta quarta-feira (15), o professor Sandro Xavier de Campos, coordenador do grupo de pesquisa em Química Analítica Ambiental e Sanitária (QAAS) da UEPG, apresentou resultados dos estudos realizados ao reitor Carlos Luciano Sant’Ana Vargas e ao delegado Gustavo Horn. Acompanhado das doutorandas Rosimara Zittel e Cinthia Eloise Domingues, falou sobre as pesquisas iniciais de caracterização do material recebido da Receita (com significativa repercussão na mídia, pelo maior risco à saúde que o cigarro contrabandeado traz aos fumantes) até a constatação da viabilidade da compostagem do tabaco e sua transformação em fertilizante, apropriado, principalmente, para a utilização em áreas de reflorestamento.
A ideia, segundo Sandro Xavier de Campos, é a criação de um centro de estudos voltado à continuidade das pesquisas, para sair da escala de laboratório e oferecer o conhecimento produzido para os setores industrial e agrícola. “Comprovamos que esse material pode ser processado e utilizado como fertilizante, dentro dos padrões exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com qualidade igual ou superior aos produtos existentes no mercado”, diz. “É tão eficiente quando a terra preta, comumente utilizada pelas pessoas em jardinagem e hortas caseiras”, reforça, falando ainda de outros estudos para utilização do filtro do cigarro em sistemas de reuso de águas.
Para o professor, o desafio é obter financiamento para a implantação desse centro de estudos. Afirma que, para um pesquisador, é frustrante ver o resultado de seus estudos limitado ao laboratório, sabendo que esse conhecimento representa uma solução para problemas da sociedade. Nesse sentido, pediu o apoio da Reitoria e da Receita Federal para levar os resultados obtidos nesse estudo, que é inédito, e também projeto do centro de pesquisa a potenciais financiadores, entre eles a própria indústria tabagista que sofre enorme prejuízo com a entrada do cigarro contrabandeado no país. Em 2015, a apreensão teria chegado a mais de 700 milhões de maços (em 2014, foram mais de 500 milhões).
Tanto Luciano Vargas como Gustavo Horn se comprometeram na busca dos meios para viabilização do projeto dos pesquisadores da UEPG, tendo como ponto de partida o contado com a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), organização que atua no combate à pirataria e ao contrabando em associação com a indústria e órgãos governamentais. “Seria uma forma de coroarmos esse trabalho”, disse o delegado da Receita Federal, falando da sua inquietude em relação ao volume de cigarros apreendidos pelo órgão, sem uma destinação apropriada. “A queima desse produto, certamente, não é a forma mais correta de descarte, mas hoje é nossa única alternativa”, disse, destacando o empenho do grupo de pesquisadores da UEPG na busca de soluções para o problema.
Luciano Vargas destaca a parceria com a Receita Federal que, periodicamente, repassa à UEPG produtos apreendidos em operações de combate ao contrabando, incluindo veículos utilizados no transporte dessas mercadorias. “São materiais, insumos e equipamentos que beneficiam diretamente a comunidade acadêmica, proporcionando à instituição uma economia e investimento em outras prioridades”, afirma. O reitor lembra do desafio feito pelo delegado Gustavo Horn para a pesquisas sobre a destinação aos cigarros contrabandeados, prontamente aceito pelo professor Sandro Xavier de Campos, com resultados que, mais uma vez, comprovam o papel da universidade de atender demandas da sociedade.
Produção e repercussão
De acordo com o professor Sandro Xavier de Campos, os resultados das pesquisas sobre o cigarro contrabandeado se traduzem na produção acadêmica gerada em quatro anos de estudos. Nesse período, foram produzidos quatro artigos científicos veiculados em revistas especializadas, como a ‘Revista Virtual de Química’; a ‘Orbital - The Electronic Journal of Chemistry’; Revista Semina; e Waste Management & Research. “Mais sete artigos estão em fase de conclusão para serem submetidos aos conselhos editorias de revistas e publicações online”.
Na pós-graduação, o professor destaca a orientação de três dissertações de mestrado já concluídas, no Programa de Pós-Graduação em Química Aplicada. Thiago Eduardo de Almeida desenvolveu o “Estudo químico da viabilidade da compostagem lodo/cigarro para formação de adubo orgânico"; Cleber Pinto da Silva, buscou a “Determinação de ions metálicos em amostra de cigarros contrabandeados no Brasil”; e Rosima Zittel, o ‘Estudo do tratamento do cigarro apreendido por meio de um reator fechado”.
Somam-se ainda três trabalhos de iniciação científica, supervisionados pelo professor Sandro Xavier de Campos: “Tratamento de Cigarros Contrabandeados por Compostagem. 2014. Iniciação Científica” (Adrielle Cristina dos Reis/Bacharelado em Química); ”Estudo da remoção em metais de cigarros contrabandeados pelas técnicas de compostagem, vermicompostagem e biorreatores’ (Aline Alves Migliorini/Bacharelado em Química); e “Monitoramento da toxicidade no tratamento de resíduos provenientes de cigarros contrabandeados por biorreatores” (Maisa da Cunha/Bacharelado em Química).
Atualmente, Sandro Xavier de Campos orienta três alunos do Doutorado em Química (associação UEPG, UEL e Unicentro). Cintia Eloise Domingues pesquisa o “Desenvolvimento de metodologia para determinação de diferentes contaminantes em cigarros contrabandeados para o brasil por CG-MS “; Rolan Roney Resseti, busca a “Caracterização das substâncias húmicas de compostos obtidos por diferentes processos de compostagem, empregando técnicas convencionais e espectroscópicas”; e Rosimara Zittel, o “Estudo do tratamento de cigarro contrabandeado e a remoção de diferentes contaminantes em reator facultativo”. Na graduação, orienta o trabalho de Adrielle Cristina dos Reis: “Estudo da remoção de nicotina por compostagem utilizando CG/MS”.
De acordo com professor Sandro Xavier de Campos, os resultados iniciais da pesquisa sobre o cigarro contrabandeado, onde se buscou a caracterização do produto, gerou grande repercussão na mídia. Ele enumera 15 reportagens e matérias veiculadas em programas de redes de televisão, revistas e jornais de várias regiões do país, replicados em inúmeros sites. Ele credita a repercussão ao ineditismo do estudo e alguns aspectos curiosos, como a presença no material analisado de pelos de animais, terra, areia, restos de insetos, colônias de fungos e ácaros, além de metais pesados (chumbo, cádmio, níquel e cromo), todos cancerígenos.
Também estão em andamento estudos realizados pelo curso de Engenharia de Materiais e de Química, visando ao aproveitamento do filtro do cigarro.
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