Publicado em: 30/06/2013 - 00:00 | Atualizado em: 29/06/2013 - 11:37
Patrícia Biazetto
Ponta Grossa já contabiliza neste ano 80 casos de abusos sexuais. Os números foram divulgados nesta semana pela delegada da Delegacia da Mulher, Claudia Krüger, e incluem casos de abusos sofridos por crianças, adolescentes e adultos, como também aqueles praticados em via pública. Estes representam cerca de 10% do total de ocorrências.
Do total de ocorrências de abusos sexuais registradas neste ano, oito foram praticados em via pública. Cinquenta por cento deles, segundo a delegada, foram cometidos pelo soldado da Polícia Militar (PM), Isaías Mateus Rosa, 23 anos de idade. Ele foi preso no início deste mês acusado de estuprar quatro mulheres. Segundo a polícia, o acusado estava agindo há aproximadamente um mês na cidade e, apesar de as vítimas não terem um perfil simular, Isaías tinha um modo operante específico, já que abordava as vítimas no período da noite, armado com revólver e as colocava em seu veículo. Uma das vítimas, que tem 29 anos de idade, relatou à reportagem do Diário dos Campos, na época da prisão do suspeito, que voltava da escola quando foi abordada pelo acusado. Ela foi mantida na mira de um revólver e foi obrigada a manter relação sexual com Isaías. “Depois que fui liberada eu só queria encontrar com a minha família”, disse a mulher que é casada.
Já com relação aos outros estupros não relacionados ao soldado da PM, em dois deles as vítimas não quiseram dar continuidade ao processo, temendo, muitas vezes, a exposição. Em outras duas situações – sendo que um dos estupros aconteceu no Jardim Los Angeles e outro no Shangrilá -, a delegada solicitou o retrato falado dos acusados, mas até agora eles ainda não foram identificados e presos. Um das vítimas foi abordada no Jardim Los Angeles e tem apenas 15 anos de idade. Ela voltava a pé da escola por um atalho quando foi estuprada por um homem que também estava a pé e usava uma faca para intimidá-la. O acusado, conforme o retrato falado, é moreno claro, tem cabelos castanhos escuros, aparenta entre 35 e 40 anos de idade, olhos castanhos, pesa em torno de 80 a 90 quilos e mede em torno de 1,70 metros. A vítima relatou ainda que o acusado tem dedos das mãos grandes e grossos, tom de voz médio e dentes bons.
Outro estupro – registrado recentemente – aconteceu no Shangrilá. A vítima de 17 anos de idade voltava da escola, juntamente com o namorado, quando foram abordados por um homem que estava em uma motocicleta alaranjada com preto, marca Broz, e armado com revólver calibre 38, com cano longo cromado. O casal foi levado para um matagal e a jovem foi estuprada na frente do namorado. O estuprador usava jaqueta bege meio acinzentada, jeans e tênis preto. O retrato falado também foi concluído pela Polícia Científica e o suspeito é moreno escuro, tem cabelos pretos enrolados e curtos, aparenta entre 37 e 40 anos da idade, olhos castanhos escuros, pesa mais ou menos 110 quilos e tem 1,66 metros de altura. “Quando os casos de abusos sexuais acontecem em via pública fica mais difícil chegar até a autoria, mas fazemos todo o esforço necessário para que isso aconteça”, afirma a delegada, que aconselha as pessoas a evitarem locais ermos e escuros. “As vítimas estão, na maioria das vezes, desatentas, portanto é importante prestar atenção e evitar locais com pouca circulação de pessoas”, finaliza.
Perigo mora dentro de casa
A delegada Claudia Krüger relata que os casos de abusos sexuais chegam ao conhecimento da polícia através de denúncias anônimas e do Conselho Tutelar. Ainda segundo ela, a maioria das vítimas são crianças menores de 14 anos de idade. Os autores são também, na maioria dos casos, parentes próximos, como o pai, por exemplo. Grande parte das vítimas é abusada dentro da própria casa. “A proteção que deveria existir dentro de casa e da própria família é rompida. Nas vias públicas, infelizmente, as pessoas estão sujeitas aos riscos”, diz. A Delegacia da Mulher está cuidando de casos de duas vítimas que engravidaram dos próprios pais, como também de bebês abusados sexualmente. Após os casos chegarem ao conhecimento da polícia é instaurado inquérito policial para investigar a situação e a polícia busca diversos meios para provar a autoria dos abusos sexuais. O processo, no entanto, é moroso. “Na maioria dos casos instauramos inquérito, já que dificilmente ocorre a prisão em flagrante, mas estamos trabalhando para elucidar para caso”, finaliza a delegada.
Vítima tem alterações de comportamento
Segundo a psicóloga Yara Aparecida Martini Klippel, coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Sant´Ana, a criança violentada sexualmente pode passar por alterações buscas de comportamento, tais como alteração no sono, queda brusca no rendimento escolar, medo inexplicável de ficar sozinho na presença de adultos estranhos ou de algum adulto específico e realizar brincadeiras agressivas com brinquedos ou pequenos animais, entre outros. “A criança também pode apresentar dificuldade em sua adaptação afetiva e pode sofrer os efeitos do pacto do silêncio, sendo vítima de ameaça e pressões para não revelar o abuso”, cita. Ela explica que a violência contra a criança e o adolescente é produto de múltiplos fatores, entre eles as dificuldades cotidianas, pobreza, separação do casal, crises financeiras, características individuais, influências familiares, aspectos sociais e culturais.
Fábio Matavelli |
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Delegada Claudia Kruger diz que a maioria das vítimas de abusos sexuais tem menos de 14 anos de idade
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