'FT': 'indústria automotiva exerce um preço político elevado no Brasil'
O diário britânico Financial Times afirma em reportagem publicada nesta quarta-feira que a indústria automotiva está "exercendo um elevado custo político" sobre o país.
De acordo com o texto publicado pelo correspondente do jornal em São Paulo, Joe Leahy, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "levou seu entusiasmo pelos carros para a presidência. Uma paixão que ele compartilhava com sua sucessora e companheira do partido de centro-esquerda PT, a presidente Dilma Rousseff".
O jornal afirma que a atual presidente e seu antecessor "foram tão bem-sucedidos em estimular a indústria (automotiva) que as cidades brasileiras estão afogadas com carros enquanto o transporte público permanece pobre, o que levou ao maior protesto de massa em mais de duas décadas".
Ainda que lembre que o automóvel vem tendo um papel de destaque na política industrial brasileira há mais de 60 anos, desde a época de Juscelino Kubitsheck até Fernando Henrique Cardoso, o jornal comenta que "foi sob o PT, com seu modelo econômico de incentivar o consumo por meio de programas de bem estar social, aumentos salariais e aumentos de acesso ao crédito, que a indústria explodiu".
O Financial Times afirma que desde 2002 a frota de veículos do Brasil mais do que dobrou, chegando ao número atual de quase 79 milhões de veículos, fazendo do país o quarto maior mercado automotivo mundial.
Mas o jornal acrescenta que "o problema é que a infraestrutura e o transporte público não acompanharam o ritmo".
O diário diz que a tática de Dilma Rousseff para incentivar a indústria automotiva é também uma forma de estimular a indústria com rapidez.
Mas acrescenta que "só foi após os protestos deste mês, no entanto, que o custo político da atração fatal do PT pelo automóvel finalmente se tornou visível, com a raiva da população a respeito dos transportes públicos e das ruas congestionadas explodiu".
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