Enquanto nós brigamos, eles se abraçam, são "amigos"
Por Luiz Carlos Castilho
A gente vê, na nossa “vida real”, e também no mundo virtual, muitas brigas entre pessoas que se querem bem, ou pelo menos não têm motivos para malquerenças. E por coisas que as pessoas costumam dizer que, por elas, não se discute: Religião, Futebol e Política.
Não raras vezes, nos vemos envolvidos em pesadas discussões, porque estes temas são apaixonantes e qualquer palito de fósforo se transforma em um grande incêndio. E lá se vão amizades, reais ou virtuais, para as cucuias.
Quando brincamos com personalidades das diversas religiões, como o papa, bispos e pastores, nem sempre lembramos que eles têm seus seguidores, discípulos, que são pessoas sérias, e não merecem provocações. São seres humanos, de bons propósitos, que podem até estar sendo enganados, mas, cada um à sua maneira busca a presença de Deus.
Quando debatemos futebol, duas são as vias: Ou (o que ocorre na maioria das vezes e que bom que é assim) tudo não passa de brincadeira, as provocações judiam, mas não ferem de morte. Ou brigamos, xingamos, ofendemos, e os bons relacionamentos vão por água abaixo. Quando nos arrependemos, não sabemos pedir desculpas, não temos essa humildade.
Eu mesmo, por conta da Copa do Mundo, torcedor que sou do futebol argentino, enfrentei problemas e, na época, sem saber digerir algumas provocações, algumas deselegâncias, acabei rompendo laços, afastando de mim pessoas de bem. E por algumas fui afastado, também. E assim é em relação ao Atlético Paranaense, enfim, a paixão prejudicando a razão, gerando consequências que não queremos.
E a política?
Essa é a mais complicada razão de desavenças, de rompimentos, de arrependimentos.
A experiência de anos trabalhando em campanhas eleitorais, atuando no jornalismo politico, convivendo com bastidores, ou até mesmo em meras conversas de esquina ou reuniões entre amigos, como agora, em redes sociais na Internet, me faz entristecer ao ver pessoas se cutucando, se provocando, se agredindo por conta deste ou daquele partido, deste ou daquele candidato. Por conta desta ou daquela ideologia (como se ideologias partidárias ainda existissem, não fossem as agremiações, despensas abastecidas de interesses, apenas).
Já vi entreveros duríssimos, já vi agressões verbais e físicas, e já soube de mortes entre seguidores apaixonados por candidaturas.
Já vi colegas de profissão, que sempre defenderam os mesmos princípios, os mesmos objetivos, na mesma luta pela categoria, rompendo relações por conta de eleição.
Já vi radialistas e jornalistas ligados ao meio politico, se dizendo “imparciais”, mas brigando com colegas de empresas concorrentes, porque o patrão “simpatizava” com determinada candidatura.
Já vi cabos eleitorais e trabalhadores em campanhas se entreverando com “concorrentes’, arrancando placas, pichando propagandas... E gente se odiando, enquanto, nos escritórios e gabinetes, a campanha seguia em frente.
São tantos os exemplos, são tantas as profissões, são tantas as pessoas, tantos os amigos, os vizinhos, os parentes e até tantos os irmãos, que me entristece até abordar o assunto.
Mas, já vi patrões, antes “apaixonados”, perdendo eleição, mas, depois, abraçando o ex-adversário, no interesse da empresa.
Mas, já vi donos de jornais, revistas, rádios e emissoras de televisão, que defenderam um candidato (antes abertamente, depois disfarçadamente), elogiando o protegido, o que mais lhe prometeu, o que mais lhe beneficiou de alguma forma, depois puxando o saco do vencedor, do dono das tetas.
Mas, já vi cabos eleitorais, trabalhadores em campanhas, logo após o processo, arrependidos, porque não foram contemplados com as benesses do poder.
E o que é mais triste, e profundamente lamentável, é que já vi, e vi muitas e muitas vezes, antigos amigos se desviando nas ruas, passando em calçadas diferentes, famílias divididas. Já vi colegas fabricando o mesmo produto, caçando a mesma notícia, mas, sem se olharem, sem se cumprimentarem...
Enquanto isso, vi, pessoalmente, ou através da imprensa, os adversários políticos, os já ex-candidatos, se abraçando na reunião social, trocando sorrisos, rindo das mesmas piadas, como se estivessem a rir daqueles que por eles brigaram. Na próxima campanha, lá estarão eles novamente disputando novo pleito, provavelmente já aliados com os antigos “inimigos”, subindo no mesmo palanque, desfilando na carroceria do mesmo caminhão, aparecendo no mesmo programa de televisão, no horário eleitoral.
E, quem sabe, lá estaremos nós, cabos eleitorais, trabalhadores em campanha, seguidores, simpatizantes, abrindo os braços, brindando a chegada do novo “amigo” do candidato pelo qual já brigamos tanto.
(A ilustração encontramos na Internet, já sem a assinatura do autor)
Luiz Carlos Castilho é o editor deste Plantão da Cidade
A gente vê, na nossa “vida real”, e também no mundo virtual, muitas brigas entre pessoas que se querem bem, ou pelo menos não têm motivos para malquerenças. E por coisas que as pessoas costumam dizer que, por elas, não se discute: Religião, Futebol e Política.
Não raras vezes, nos vemos envolvidos em pesadas discussões, porque estes temas são apaixonantes e qualquer palito de fósforo se transforma em um grande incêndio. E lá se vão amizades, reais ou virtuais, para as cucuias.
Quando brincamos com personalidades das diversas religiões, como o papa, bispos e pastores, nem sempre lembramos que eles têm seus seguidores, discípulos, que são pessoas sérias, e não merecem provocações. São seres humanos, de bons propósitos, que podem até estar sendo enganados, mas, cada um à sua maneira busca a presença de Deus.
Quando debatemos futebol, duas são as vias: Ou (o que ocorre na maioria das vezes e que bom que é assim) tudo não passa de brincadeira, as provocações judiam, mas não ferem de morte. Ou brigamos, xingamos, ofendemos, e os bons relacionamentos vão por água abaixo. Quando nos arrependemos, não sabemos pedir desculpas, não temos essa humildade.
Eu mesmo, por conta da Copa do Mundo, torcedor que sou do futebol argentino, enfrentei problemas e, na época, sem saber digerir algumas provocações, algumas deselegâncias, acabei rompendo laços, afastando de mim pessoas de bem. E por algumas fui afastado, também. E assim é em relação ao Atlético Paranaense, enfim, a paixão prejudicando a razão, gerando consequências que não queremos.
E a política?
Essa é a mais complicada razão de desavenças, de rompimentos, de arrependimentos.
A experiência de anos trabalhando em campanhas eleitorais, atuando no jornalismo politico, convivendo com bastidores, ou até mesmo em meras conversas de esquina ou reuniões entre amigos, como agora, em redes sociais na Internet, me faz entristecer ao ver pessoas se cutucando, se provocando, se agredindo por conta deste ou daquele partido, deste ou daquele candidato. Por conta desta ou daquela ideologia (como se ideologias partidárias ainda existissem, não fossem as agremiações, despensas abastecidas de interesses, apenas).
Já vi entreveros duríssimos, já vi agressões verbais e físicas, e já soube de mortes entre seguidores apaixonados por candidaturas.
Já vi colegas de profissão, que sempre defenderam os mesmos princípios, os mesmos objetivos, na mesma luta pela categoria, rompendo relações por conta de eleição.
Já vi radialistas e jornalistas ligados ao meio politico, se dizendo “imparciais”, mas brigando com colegas de empresas concorrentes, porque o patrão “simpatizava” com determinada candidatura.
Já vi cabos eleitorais e trabalhadores em campanhas se entreverando com “concorrentes’, arrancando placas, pichando propagandas... E gente se odiando, enquanto, nos escritórios e gabinetes, a campanha seguia em frente.
São tantos os exemplos, são tantas as profissões, são tantas as pessoas, tantos os amigos, os vizinhos, os parentes e até tantos os irmãos, que me entristece até abordar o assunto.
Mas, já vi patrões, antes “apaixonados”, perdendo eleição, mas, depois, abraçando o ex-adversário, no interesse da empresa.
Mas, já vi donos de jornais, revistas, rádios e emissoras de televisão, que defenderam um candidato (antes abertamente, depois disfarçadamente), elogiando o protegido, o que mais lhe prometeu, o que mais lhe beneficiou de alguma forma, depois puxando o saco do vencedor, do dono das tetas.
Mas, já vi cabos eleitorais, trabalhadores em campanhas, logo após o processo, arrependidos, porque não foram contemplados com as benesses do poder.
E o que é mais triste, e profundamente lamentável, é que já vi, e vi muitas e muitas vezes, antigos amigos se desviando nas ruas, passando em calçadas diferentes, famílias divididas. Já vi colegas fabricando o mesmo produto, caçando a mesma notícia, mas, sem se olharem, sem se cumprimentarem...
Enquanto isso, vi, pessoalmente, ou através da imprensa, os adversários políticos, os já ex-candidatos, se abraçando na reunião social, trocando sorrisos, rindo das mesmas piadas, como se estivessem a rir daqueles que por eles brigaram. Na próxima campanha, lá estarão eles novamente disputando novo pleito, provavelmente já aliados com os antigos “inimigos”, subindo no mesmo palanque, desfilando na carroceria do mesmo caminhão, aparecendo no mesmo programa de televisão, no horário eleitoral.
E, quem sabe, lá estaremos nós, cabos eleitorais, trabalhadores em campanha, seguidores, simpatizantes, abrindo os braços, brindando a chegada do novo “amigo” do candidato pelo qual já brigamos tanto.
(A ilustração encontramos na Internet, já sem a assinatura do autor)
Luiz Carlos Castilho é o editor deste Plantão da Cidade
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