Da balada para o PS: medo da Aids faz pacientes lotarem hospital por remédio que bloqueia infecção
Hospital Emílio Ribas em São Paulo recebe até 30 pacientes por dia em busca de medicamento
Baladeiros lotam prontos-socorros após se expor ao HIV Getty Images
Mas o que era para ser um atendimento eventual, para contatos acidentais, está se transformando em rotina. Muita gente está indo direto da balada para o PS. O tal jovem, como muitos, se expõe intencionalmente contando com a medicação. A prática tem gerado alguns transtornos em centros de referência médica.
No Hospital Emílio Ribas, há dias em que chegam mais de 30 pacientes nestas circunstâncias. E o pronto-socorro, onde são atendidos pacientes gravemente enfermos, lota de atendimentos de PEP, entre uma parada cardiorrespiratória e uma convulsão subentrante.
É melhor prevenir do que remediar: PEP sexual não substitui o uso da camisinha
Segundo Ralcyon Teixeira , supervisor do PS do Emílio Ribas, até maio, quando foram levantados os últimos dados, o pronto-socorro realizou 1.400 atendimentos do gênero. A solução imediata, segundo os profissionais de saúde, seria descentralizar efetivamente o atendimento dos pacientes de PEP.
— Essa é uma das nossas brigas. Um atendimento completo desse, leva, em média, umas três horas, entre colher o exame (o teste rápido de HIV), receber o resultado e medicar. E esse paciente é passado na frente dos outros, pois o protocolo indica como emergência. A gente tenta cumprir a cartilha, mas a urgência, no caso, é bloquear a infecção. Isso poderia ser feito em outros pronto-atendimentos.
O tratamento de PEP é feito com 4 antirretrovirais por 28 dias; De acordo com o Ministério da Saúde, em 2014, a PEP contou com investimento de R$ 3,6 milhões Reprodução/Google
O protocolo recomenda ainda que os medicamentos utilizados para o tratamento sejam ministrados até 72 horas após a exposição ao vírus. O ideal é que seu uso seja feito nas primeiras duas horas após a exposição ao risco. Ao todo, são 28 dias consecutivos de uso dos quatro medicamentos antirretrovirais previstos no novo protocolo (tenofovir + lamivudina + atazanavir + ritonavir).
“A grande vantagem desse protocolo é a simplificação e unificação da PEP em um esquema único de medicamentos. Com isso, não será preciso um especialista em Aids para dispensar a PEP. Isso não só irá ampliar o acesso à população de forma geral, mas também facilitar o procedimentos para os profissionais de saúde como um todo”, explicou o diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita.
O gargalo no Emílio Ribas
Na prática, no entanto, não é o que está acontecendo. A rede nacional de assistência conta, atualmente, com 517 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), 712 Serviços de Assistência Especializada (SAE) e 777 Unidades de Distribuição de Medicamentos (UDM). A PEP sexual continua disponível apenas nos Serviços de Atenção Especializada em HIV/Aids (SAE).
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