Santa Terezinha - Aumentou em 167% a dependência regional de trigo importado no primeiro quadrimestre deste ano, comparado aos quatro primeiros meses de 2011 e as perspectivas para o setor não são nada positivas.
Na menor safra da história do Oeste, com redução de área de 50% , a região deverá aumentar ainda mais a lista dos que procuram o produto fora do país. Apesar de não produzir nem o suficiente para suprir a demanda interna, 12% do que foi colhido na safra de 2011 no Paraná, o que representa aproximadamente 300 mil toneladas, continua estocada.
A falta de compradores do produto nacional não é por acaso. O produto internacional continua sendo mais competitivo. “Esse foi um dos motivos pelos quais os produtores desistiram de plantar trigo e passaram a cultivar mais milho, a falta de liquidez de mercado está amparada pela falta de políticas nacionais”, afirma o economista do Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento).
Nos primeiros 120 dias do ano passado, os 11 municípios da região que adquirem o produto lá fora importaram quase 52,2 mil toneladas de trigo e de seus derivados,. No mesmo período em 21012 foram 139 mil.
O volume financeiro das comercializações mais do que dobrou nesse período. Foi um acréscimo de 107%, saltando de US$ 14,9 milhões para US$ 30,6 milhões. “Os preços dos produtos importados são melhores e faltam políticas de incentivo do governo para aquisição do produto nacional”, reforça o economista do Deral.
Esse volume financeiro corresponde a 13% do total das importações feitas pela região nesse início de ano. Em 2011 o setor respondia por 9% desse volume.
Dependência
Em toda a região, o município que tem mais dependência do produto estrangeiro é o de Santa Terezinha de Itaipu. Mais de 60% de tudo o que o município importa correspondem a misturas, a farinha de trigo já processada ou trigo em grãos para o processamento. Em Santa Tereza do Oeste o segmento responde por 56% de todas as importações. O terceiro município em percentuais que mais depende do cereal importado é Marechal Cândido Rondon. São 48% do volume total das importações locais.
Reajuste será repassado ao consumidor
Palotina - Em curto prazo a tendência é esse cenário se manter e até mesmo se agravar. O empresário André Vasler é investidor e tem um moinho na região de Palotina. Até pouco tempo dava preferência ao trigo nacional, a baixa competitividade e a qualidade do produto os fizeram render.
Desde março tem comprado trigo argentino e uruguaio, apesar de todas as restrições e problemas para adquirir o produto do país vizinho. “É uma questão de preço, de qualidade, a política brasileira para o trigo é simplesmente vergonhosa e não adianta o governo nos culpar, fazemos isso porque ele não coopera (...) claro que prefiro comprar o produto brasileiro, mas da forma como está não dá para continuar”, critica.
Se alguns segmentos se beneficiam com preços mais baixos, outros precisam pagar a conta. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Oeste do Paraná, Luiz Francisco Kleimibin, o reajuste no preço da farinha já chega aos 10% desde o início do ano. A convenção coletiva determinou que o reajuste salarial para os profissionais do segmento será de 13% e os dois fatores associados vai deixar o pãozinho mais caro em poucos dias.
O presidente considera que o setor está refazendo os cálculos para saber de quanto será esse aumento que tem tudo para não ser o único. “Tudo vai depender do quanto será comprado de outros países e do quanto será produzido por aqui, mas as expectativas não são muito boas”, reforça.
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