A inspiração que vem do ‘pontagrossês’
Publicado em: 18/08/2013 - 00:00 | Atualizado em: 17/08/2013 - 10:18
Marco Fávero |
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Advogado Sérgio Baroncini, nas horas vagas, se transforma no Salim, no Manoel e outros personagens peculiares de PG
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Rotina. Essa poderia ser uma palavra pesada para o advogado ponta-grossense Sérgio José Villela Baroncini. Mas a própria correria, da dupla jornada como advogado e servidor público, ainda esposo e pai, acaba por inspirar o jovem de 45 anos que foi sucesso no horário eleitoral da última eleição municipal, pelo jeito irreverente e criativo de tratar assunto tão sério. Baron, como ficou conhecido durante a campanha eleitoral chama a atenção por despertar a atenção da comunidade ponta-grossense para as próprias características, como costumes e o jeito de falar que não passam despercebidos. Por chamar a atenção para o jeito ponta-grossense de ser, Baron tem ‘bombado’ na internet, com seus vídeos, ainda amadores.
A produção desses personagens teve início com a interpretação de situações e piadas já conhecidas. “Piadas velhas, na verdade, e esses filmes são bem assistidos, mas não tanto quanto os da série pontagrossês”, contabiliza. Nesses, Baron destaca o quanto os moradores de Ponta Grossa têm jeito ímpar de falar. “Ao ler o livro Jacu Rabudo, de Hein Leonard Bowles, eu chorei de rir, principalmente por conseguir entender naturalmente tantas expressões que só mesmo quem é de PG entende, e foi aí que resolvi, então, fazer os filmes mostrando um pouco dessa linguagem que é inconfundível”, dispara.
Em seu canal no youtube, www.youtube.com/sjbaroncini, estão todas as produções que somam mais de 100 mil visualizações. “O filme mais acessado até hoje é o ‘Carro de Praça’, com 16 mil visualizações, acho que agradou porque ficou muito verdadeiro, a conversa entre o passageiro e o taxista ficou engraçada. O taxista é o Rodrigo Czekaski, ele ficou bem demais no papel e além de contracenar, emprestou seu carro e não cobrou a corrida”, ironiza.
Pontagrossês
Como bom ponta-grossense, Baroncini fala, muito bem, o idioma que caracteriza “pontagrossês”. “Nessa série não criei personagens específicos, mas sempre interpreto um ponta-grossense qualquer, que pode ser um mecânico, um pedreiro, enfim, alguém capaz de enriquecer as situações mais cotidianas em que, invariavelmente, podemos observar a riqueza das nossas expressões”, conta. Ele destaca o quanto é com naturalidade que o ponta-grossense usa expressões ímpares. “Falas que só são usadas aqui, e isso que torna os filmes reais e ao mesmo tempo divertidos, e é de lascá a cartuchera”, empolga.
‘Xaxo’Uma das produções de Baron foi o filme “Xaxo”. “Eu precisava de uma construção ou obra pra gravar esse filme, então lembrei do meu amigo Toninho, que é mestre de obras. Além de me emprestar o local, Toninho me ensinou a bater a massa e ainda contracenou comigo – Fechô o pacote!”
E quanto a ser um profissional do humor? “Não penso nisso, só faço filmes porque me divirto muito ao fazer e, especialmente, ao ver os resultados. Por hora preciso é trabalhar na minha profissão para viver, o amanhã eu não sei”, completa.
“Minha candidatura foi muito séria”
Apesar de garantir diversão aos eleitores no horário da propaganda gratiuta, Baron revela que sua candidatura foi muito, mas muito, séria. “Nunca me conformei com campanhas caras, faraônicas, pois a gente sabe que o investimento pesado em uma campanha política necessariamente será reposto e foi aí que resolvi ser candidato e fazer uma campanha pobre em investimento, mas rica em criatividade”, compara. Poucos segundos de divertimento ao eleitor, garantiram ao candidato 861 votos, e um gasto próximo de R$ 7 mil.
“Talvez com um pouquinho mais de experiência em eleições eu poderia ter sido eleito, com uma campanha modesta, honesta, e sem dever para ninguém”, dispara. E quanto à nova candidatura? “Sim, vou me candidatar novamente e fazer uma campanha barata de novo”. Ainda hoje, quase um ano após as eleições, Baron é reconhecido e abordado nas ruas com muitos sorrisos. “Isso é legal, muita gente vem falar comigo dizendo que se diverte com meus filmes e isso é gratificante e me motiva muito”, garante.
O incentivo deste ‘personagem’ ponta-grossense para ingressar na política é o mesmo de todo brasileiro: inconformismo. “Ninguém suporta mais políticos que visem apenas o favorecimento pessoal, ser político para mim é contribuir e não receber contribuição. Existem exceções, mas a maioria da classe política nos parece que só quer viver disso, usam seus mandatos para se fortalecer politicamente, beneficiando muitas vezes categorias isoladas em detrimento da coletividade, isso precisa mudar”, dispara.
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