sexta-feira, 27 de setembro de 2013

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Morte de visitante dentro de cadeia desperta preocupação

Edilene SantosFale com o repórter
Publicado em: 27/09/2013 - 00:00 | Atualizado em: 26/09/2013 - 19:14
Arquivo DC
Delegado Danilo Cesto diz que, inicialmente, não foram verificadas falhas por parte dos policiais


O assassinato de uma jovem dentro da Delegacia de Arapoti, na última terça-feira, despertou a atenção das autoridades em relação à visita íntima. Segundo a Polícia Civil, a garçonete Daniele Aline Vieira Guimarães, 18 anos, foi asfixiada pelo companheiro quando o visitava dentro da cela. Rafael do Amaral Nascimento, 20, respondia a processos por roubo e foi autuado em flagrante pelo homicídio.
O diretor da Cadeia Pública Hildebrando de Souza, Bruno Propst, diz que vai passar a orientar os visitantes que têm direito ao encontro íntimo. “Temos que fazer um trabalho de orientação. Pelo que se sabe, a moça aproveitou aquele momento para dar a notícia ao companheiro de que estava namorando outra pessoa. Não se deve fazer isso sem ter o resguardo de alguém”, comenta.
Bruno afirma que só tem direito ao encontro reservado os visitantes que comprovam algum tipo de relacionamento amoroso com o preso (ou presa), como casamento, namoro e união estável. Esses visitantes fazem parte de um cadastro específico.
A visita íntima é prevista na Lei de Execuções Penais (LEP) e as cadeias e presídios deveriam oferecer espaço apropriado para esse encontro, o que não acontece na maioria dos estabelecimentos prisionais. Na Delegacia de Arapoti, onde ocorreu a morte, por exemplo, os demais presos deixam a cela para que a visitante possa se encontrar com o companheiro. “É uma prática adota de praxe não só em Arapoti, mas em outras cadeias também”, conta o delegado-chefe da 13ª Subdivisão Policial (SDP), Danilo Cesto.
No Cadeião de Ponta Grossa, a situação é a mesma: os colegas de cela também acabam saindo para permitir o encontro íntimo dos casais. “Na verdade, a visita é um direito do preso e o Estado teria de viabilizar espaços apropriados para isso, mas aqui isso é impossível”, afirma Bruno.
O delegado acrescenta que não havia como saber o que iria acontecer durante o encontro de Daniele com Rafael. “Ninguém poderia imaginar que aconteceria um assassinato. Talvez se a própria cônjuge falasse que estava em perigo, poderia ter se evitado o crime”, diz.
Danilo destaca que, inicialmente, não foi verificada falha ou negligência por parte dos funcionários da delegacia. “Foi aberto um procedimento para investigar o homicídio em si, mas caso se deslumbre que houve falta funcional ela será apurada”, observa, lembrando que a vítima foi sufocada e que não houve emissão de barulho. O caso só foi descoberto depois que o próprio preso avisou aos policiais o que tinha acontecido, momento em que Daniele já estava praticamente morta. Ela chegou a ser levada ao Hospital 18 de Dezembro, mas não resistiu.
O corpo da moça passou pelo Instituto Médico Legal (IML) de Ponta Grossa e foi sepultado ontem, num cemitério do Distrito de Guaragi. O casal tinha um filho de um ano.

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