quinta-feira, 17 de abril de 2014

REBELIÃO - Refém é liberado depois de oito horas - DCMAIS.COM.BR VEICULOU

Refém é liberado depois de oito horas de rebelião

Jeferson Augusto Fale com o repórter
Publicado em: 17/04/2014 - 00:00 | Atualizado em: 16/04/2014 - 20:59
Rebelião no ‘Cadeião’ ocorreu em uma das galerias do presídio e terminou sem feridos; superlotação e más condições da cadeia que hoje conta com mais de 600 presos foram algumas das reivindicações de presos

Perto de completar um ano após registrar uma das maiores rebeliões de sua história, a Cadeia Pública Hildebrando de Souza, que atualmente conta com 617 presos, voltou a ter um novo motim. Na manhã de ontem detentos de uma das galerias do presídio iniciaram um tumulto, rendendo um agente penitenciário.  A rebelião iniciou por volta das 11 horas e só teve seu fim decretado mais de sete horas depois.
De acordo com a direção do presídio e da Polícia Militar, nenhuma pessoa ficou ferida, incluindo o agente penitenciário feito refém, nem detentos. Segundo a Polícia Militar, o motim foi liderado por dois presos, que teriam vindo de outras unidades prisionais.
As informações repassadas pela Polícia Militar eram de que estes detentos faziam diversas exigências, que incluíam melhorias dentro do presídio, alimentação e superlotação. Foram acionadas equipes do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), Choque, Cavalaria, além de apoio do Siate, Samu e Guarda Municipal. Em seguida membros da Federação dos Direitos Humanos, advogados e juízes para participarem da negociação com os detentos.
Do lado de fora familiares de presos se aglomeraram próximo ao presídio em busca de noticias, repassadas somente por meio de um tenente da Polícia Militar. Embora houvesse informações desconexas de pelo menos uma pessoa ferida, as autoridades negaram que tanto o agente feito refém, como os presos estivessem feridos.
Familiares de detentos disseram que a informação de uma possível rebelião já estava sendo ventilada na noite anterior, e teria sido motivada por conta da chegada de um novo detento. Durante as negociações, a PM informou que os presos que estariam comandando o motim estariam em contato com uma facção criminosa em Curitiba, chegando a mencionar o nome do Primeiro Comando da Capital (PCC), conhecida por agir dentro de vários presídios.
O tumulto, asseguram as autoridades, se limitou à triagem, setor da cadeia onde são alojados detentos nos primeiros dias. Durante a tarde ocupantes de celas de duas galerias chegaram a se comunicar, e teriam tentado abrir um buraco na parede para poder entrar em contato com a unidade onde ocorria o motim. O temor de uma possível invasão à ala feminina do presídio fez com que as mulheres presas fossem transferidas para outro setor da cadeia. Mais tarde, a comunicação entre as celas foi cessada, e a rebelião se limitou novamente à carceragem.
Ao final, parte das exigências foi atendida, e os presos libertaram o agente, ileso, e policiais ocuparam as galerias para uma revista de rotina. De acordo com o diretor do Hildebrando de Souza, Bruno Propst, o desfecho do motim foi positivo. “Não houve feridos, a oitava e nona galerias, mais velhas, estão normais. As terceiras e quarta galeria mantiveram a calma e não aderiram ao motim. Há a questão da triagem, que a gente entende que é um problema”, analisou o diretor.
Fábio Matavelli
Tumulto teve início pela manhã e só se encerrou mais de sete horas depois


Negociação se estendeu por horas e regrediu
A negociação com os presos se estendeu por horas, desde a notificação de que havia um motim nas celas, a chegada de policiais e das autoridades exigidas pelos detentos, as conversas se alongaram e após avanços, no final da tarde voltaram à estaca zero, sendo encerrada
O motim só teve seu fim decretado às 18h30. Antes, por volta das 17 horas equipes do BOPE e do Choque adentraram o presídio. Em seguida, a Polícia Militar repassou a informação de que os presos rebelados colocaram objeções à negociação, e que queriam entrar em contato com membros de uma facção criminosa.
A partir de então a negociação foi endurecida, e as autoridades acabaram não cedendo, e por fim, os dois presos acabaram cedendo, pondo fim ao motim, com a liberação do refém e a informação de que as reivindicações dos detentos seriam atendidas.

“Superlotação é grave”, diz diretor
Uma das reivindicações levantadas durante a rebelião de ontem diz respeito à superlotação do Hildebrando de Souza. Atualmente o ‘Cadeião’ conta com 617 presos, o quase seis vezes a mais de sua capacidade, e após o motim o diretor do presídio admitiu que este é um dos principais problemas da cadeia, mas que alguns avanços estão ocorrendo.
 “A superlotação é grave, o grande número de presos dificulta, mas estamos conseguindo alguns avanços, com a Defensoria Pública, os detentos vão ter uma maior atenção jurídica, vamos transferir os presos que for possível transferir para outras comarcas. Apenas a questão de transferência para outros estados que é complexo e depende de outros fatores”, explicou Bruno Propst.
O diretor da cadeia também admite que o Hildebrando tem problemas crônicos, mas alega que houve melhorias nos últimos tempos. “A gente está procurando melhorar, mas o grande número de presos dificulta”, admitiu.
Com relação às condições das galerias, Bruno Propst informou que após o motim serão necessárias algumas reformas. “Algumas galerias ficaram danificadas, vão ser necessárias algumas reformas, mas após a revista é que teremos a precisão destas melhorias”, disse.
A melhoria na alimentação, outra reclamação dos detentos e reverberada pelas famílias no lado de fora, também será atendida, garantiu Propst. A direção do presídio também assegurou que não haverá qualquer tipo de retaliação aos presos, e que os procedimentos de visitas deverão sofrer alguns ajustes, mas seguirão ocorrendo normalmente.
Fábio Matavelli

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