domingo, 1 de setembro de 2013

MÁFIA DE SINDICATOS - " tristeza, isso é a pura constatação de gente pobre tentando roubar de gente pobre (trabalhador ) - JORNAL DO BRASIL VEICULOU A MATÉRIA

MTE suspende registro de 380 sindicatos em quatro meses

Manoel Messias acredita que novas regras combatem "fábrica de sindicatos" e pede reforma sindical

Jornal do BrasilPamela Mascarenhas

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) suspendeu o registro de 383 sindicatos e de 22 federações com atuação irregular, desde que as novas regras para criação e alteração de sindicatos entrou em vigor, em abril deste ano. As informações são do secretário de Relações do Trabalho do MTE, Manoel Messias Nascimento Melo, ex-presidente da Central Única de Trabalhadores (CUT). Ele reclama da urgência de uma reforma no modelo dos sindicatos, para que representem efetivamente os trabalhadores, e promete uma ferramenta que pode ajudar a impedir a existência de sindicatos da mesma categoria em uma mesma localidade, para o final deste ano.
Manoel assumiu a secretaria do MTE, responsável pela concessão de registros sindicais, em junho do ano passado, em meio à necessidade do então ministro Brizola Neto de combater a "fábrica de sindicatos", com entidades criadas apenas para arrecadar o imposto compulsório. Em fevereiro deste ano foi então anunciada a nova regulamentação para criação e alteração de sindicatos, que entrou em vigor em abril.
>> Ministério do Trabalho: nova regulamentação para sindicatos
A suspensão dos registros de sindicatos foram motivadas por irregularidades como CNPJ cancelado ou relacionado a outra empresa. Já as federações foram suspensas por não atender ao número mínimo de entidades filiadas. "A existência de regras claras, a exigência de certificação digital, tudo isso garante a existência de sindicatos legítimos e impede de haja entidades criadas artificialmente", reforça o secretário.
Manoel Messias aponta resultados positivos da implantação das novas regras
Manoel Messias aponta resultados positivos da implantação das novas regras
Manoel destaca ainda que houve uma redução no número de processos solicitados. Enquanto em 2011 e 2012 foram abertos 1.600 processos, neste ano, a um trimestre para o final de 2013, o valor não chega a 600 processos. "Isso significa que as entidades estão tendo mais cuidado para solicitar registros e mudanças. Adotamos procedimentos simples, que aumentaram em muito a qualidade do processo. Estamos permanentemente verificando se as entidades estão incorretas", ressalta.
O número de registros sindicais concedidos neste ano, no entanto, já é maior que o registrado em 2012. Em 2010 e 2011, foram outorgados, em cada ano, uma média de 240 registros. No ano passado, o número caiu para 103 e, neste, já foram concedidos 104 registros. Messias explica, todavia, que o número é reflexo do atendimento a processos anteriores à implantação das novas regras.
O grande problema, porém, continua sendo o modelo de atuação dos sindicatos e a constante fragmentação deles. O secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, acredita que o surgimento de novos sindicatos todos os dias revela que o Brasil está na contramão do resto do mundo. A fragmentação, ele reforça, acaba atrapalhando tanto os trabalhadores como as entidades. A solução seria o surgimento de uma legislação favorável à fusão de sindicatos, como acontece em outros países, não o desmembramento.
"Se você pegar o código brasileiro, percebe que podemos ter muito mais sindicatos do que já temos hoje. Os pedidos de criação de entidades chegam e o ministério não tem como negar. É preciso uma mudança na estrutura sindical. Já passou da hora de fazer essa mudança. Para ter direito a criar um novo sindicato e ter acesso aos recursos, é necessário que seja exigida dessas entidades uma representatividade mínima dos trabalhadores. Tem que haver um certo entendimento entre as centrais sindicais e o ministério para estabelecer novas regras para isso", alerta Sérgio.
Henrique André Ramos Wellen, doutor em Serviço Social e professor da UFRJ, aponta problemas no modelo de atuaçao dos sindicatos como a cobrança compulsória no salário dos brasileiros, que já é baixo. Para ele, o sindicato, apesar de ser um instrumento indispensável para a organização dos trabalhadores, tem um claro limite, que é a sua caracterização corporativa e econômica.
"A cúpula dos sindicatos não somente negocia pelo alto com empresários e representantes do governo, como a base social que os elege fica ausente de requisitos básicos que possibilitem apreender essas manobras veiculadas. Esses problemas terminam por impedir uma relação mais próxima com o resto da população que, manipulada por entidades midiáticas, termina se voltando contra as suas lutas. Isso se agrava pelas relações com o estado, já que parte dos governantes busca se utilizar dos sindicatos como massa de manobra a favor da sua aprovação eleitoral e, assim, apaziguar os trabalhadores. Gera-se um vácuo na representação dos trabalhadores", declara Wellen.
Manoel Messias defende a realização de uma reforma sindical, para alterar o modelo dos sindicatos, sem negar que eles tenham um papel importante nas conquistas trabalhistas ao longo da história. "Não estamos debruçados nessa tarefa [reforma sindical], é preciso que haja vontade das centrais sindicais dos trabalhadores, nem todas as centrais defendem a reforma sindical",
A princípio, os sindicatos deveriam democratizar seus procedimentos e renovar as questões grevistas, acredita Messias. Ele reforça que contribuem para o modelo falho a liberdade de criação de entidades e a contribuição compulsória dos trabalhadores.
Manoel informou que o Ministério trabalha para desenvolver uma tabela de categorias de sindicato até o final do ano - para combater a existência, por exemplo, de dois sindicatos que representem a mesma categorias em um mesmo lugar, com nomes diferentes.
Todo ano, cada empregado destina um dia do seu trabalho para o imposto sindical, que é repassado então para os sindicatos registrados no Ministério do Trabalho. A instituição responsável pela manutenção da conta-corrente da contribuição sindical urbana de cada entidade sindical é a Caixa Econômica Federal. As informações referentes aos valores creditados aos envolvidos no processo são protegidas pelo Sigilo Bancário. De acordo com o relatório do DIEESE de apuração da representatividade sindical de 2013, o total de trabalhadores sindicalizados no Brasil é 7.569.865 (sete milhões, quinhentos e sessenta e nove mil, e oitocentos e sessenta e cinco).

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