No segundo dia de competição das Olimpíadas de Londres, uma cena inusitada tem chamado mais atenção do que a própria performance dos atletas: as arquibancadas vazias.
A ausência do público foi sentida durante toda a manhã do último sábado e deste domingo em praticamente todas as modalidades: do tênis ao basquete, passando pela natação e pelo remo.
Em algumas arquibancadas, não se via ninguém sentado nas cadeiras das áreas credenciadas para a ``Família Olímpica´´, espaço voltado para autoridades, federações esportivas, atletas, jornalistas e patrocinadores.
Questionado sobre o esvaziamento dos locais de competição, o presidente do Comitê Organizador das Olimpíadas de Londres, Sebastian Coe, reagiu insistindo que as arquibancadas estão com torcedores ``saindo pelo ladrão´´.
Segundo ele, as cadeiras vazias ``na fase inicial´´ dos Jogos são parte da ``natureza das áreas restritas´´, ou seja, voltadas a profissionais credenciados.
A declaração foi dada em uma coletiva de imprensa.
``Os pagantes ainda estão planejando como dividirão seu tempo, quais são suas prioridades e como e quando irão aos locais de competição´´, disse Coe.
``Não acho que isso (arquibancadas vazias) será um problema a longo prazo, no curso dos Jogos´´, acrescentou.
Alternativa
De qualquer forma, os organizadores já anunciaram que ocuparão os assentos vazios com funcionários e mulheres, além de estudantes de escolas locais e professores.
Eles também já informaram que venderão mais tíquetes - só na noite do último sábado, cerca de 1 mil ingressos adicionais foram vendidos pelo site oficial da Olimpíada de Londres.
Segundo Coe, outro fator que ajudará a reduzir o número de assentos desocupados é um sistema introduzido recentemente e já usado no último torneio de tênis de Wimbledon. Através dele, as pessoas que estiverem deixando o estádio (antes do final de todas as competições do dia, por exemplo) poderão entregar seus ingressos às que estiverem do lado de fora, para que suas cadeiras possam ser ocupadas.
O comitê também analisará as opções de elevar o ``status´´ dos ingressos detidos pelo público de modo a permitir o acesso às áreas restritas.
Os ingressos também foram cedidos a patrocinadores e, neste domingo, as empresas Visa, British Airways e o Lloyds TSB anunciaram que darão grande parte dos seus tíquetes a seus clientes através de concursos e promoções.
Coe afirmou que os patrocinadores ainda estão ``aparecendo´´, mas não especificou de quais companhias falava.
Neste domingo, o jornalista da BBC Kevin Bishop, que estava assistindo à competição de remo em Eton Dorney, afirmou que o setor de cadeiras mais baratas estava lotado, enquanto que, no lado oposto, os assentos próximos à área de imprensa na arquibancada principal e na chegada estavam, em sua maioria, vazios.
Arquibancadas vazias também podiam ser vistas na quadra central de Wimbledon e no Centro Aquático neste domingo.
O americano Paul Fondie, que mora atualmente em Kew, no oeste de Londres, afirmou estar frustado com o número de cadeiras vazias durante a competição de ginástica masculina no estádio O2 no último sábado.
Fondie afirmou que ele e sua mulher não puderam levar seu filho de seis anos para assistir às eliminatórias da modalidade porque não puderam comprar um tíquete extra.
``Isso, com certeza, estragou a minha experiência em Olimpíadas - trata-se de uma oportunidade única em que o mundo se volta para Londres e a cidade pode fazer seu melhor´´.
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