A implantação da Central de Distribuição e Comercialização (Ceasa) do Paraná foi totalmente descartada, por um estudo técnico feito pelo município e o próprio Ceasa. Porém, representantes de entidades do setor em Ponta Grossa caracterizam a decisão como radical e precipitada. A proximidade com a capital paranaense seria o principal motivo, seguido da pequena produção local de hortifrutigranjeiros. “Neste momento não é possível”, confirma o prefeito Pedro Wosgrau Filho. O secretário Fernando de Paula foi procurado pela reportagem, mas disse que o assunto já havia sido suficientemente esclarecido.
Vilmar Pavantti produz hortaliças no Núcleo Shangrilá e a maior parte da produção vai para o Ceasa de Curitiba. “Hoje vendemos nos mercados dos bairros próximos, mas é pouco, e a maior parte vai para Curitiba, mas um Ceasa aqui tornaria tudo mais fácil e poderíamos vender toda a produção aqui, e ainda aumentar”, diz. Manoel Henrique Pereira Junior, produtor agropecuarista, membro e ex-presidente da Sociedade Rural dos Campos Gerais, conta que a inviabilização causou espanto. “Ficamos muito preocupado, pois a decisão foi tomada isoladamente, não houve consulta aos produtores, e hoje não há produção porque não há mercado que absorva, e inviabilizar é um raciocínio retrógrado e não condiz com o nível de tecnologia que o produtor utiliza”.
A presidente da Sociedade Rural dos Campos Gerais, Sandra Queiroz, concorda que até o momento não foi contemplado um programa completo. “É preciso começo, meio e fim para que se estabeleça um cinturão verde no entorno da região”. Para ela, a unidade não precisaria concorrer com a capital, mas, inicialmente, integrar o comércio local. “Agora um espaço para que os produtores iniciassem uma organização seria suficiente, como uma unidade de redirecionamento”, sugere.
Para Adilson Berger, produtor e ex-presidente da Sociedade Rural, a tendência é de Ponta Grossa ser um centro distribuidor. “Mas é preciso começar, e pra isso é preciso vontade política”. De acordo com Gustavo Ribas Netto, presidente do Sindicato Rural de Ponta Grossa, hoje, em Piraí do Sul, um agricultor cultiva 5 hectares de alface, de onde produz cinco mil quilos da hortaliça por semana para uma única empresa. “Tem que se colocar a necessidade, infra-estrutura, logística para que o produtor supra esta demanda”, comenta. Em Ponta Grossa, contabiliza Gustavo, são 900 propriedades rurais.
Pensar o futuro
Além de Curitiba, o Ceasa tem unidades em Maringá, Londrina, Foz do Iguaçu e Cascavel. Para Luiz Eduardo Pilatti Rosas, vice-presidente de assuntos comunitários da ACIPG, é preciso encontrar a escala correta da produção. “Estamos perdendo a oportunidade de criar uma cadeia de produção viável, e pensar a região daqui 10 anos”, completa.
Segundo Laertes Bianchesi, da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) a região não tem característica produção de hortifrutigranjeiros, mas tem capacidade. “Há produção, só que o comércio é disperso e precisa ser centralizado, pois Ponta Grossa está no entorno de uma região de 600 mil habitantes, de 18 municípios. Segundo ele, a produção de hortifrutigranjeiros traz resultados rápidos e a rentabilidade é de 15 vezes mais. “Isso incentiva o produtor, mas ele precisa ter onde vender”.
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