A solidariedade dos paranaenses garantiu ao Estado excelentes resultados na área de transplantes de órgãos no primeiro semestre de 2015. Em seis meses, o Paraná bateu o recorde em doações concretizadas (124), o que contribuiu para a realização de 224 transplantes no período – o número de transplantes é maior porque um doador pode beneficiar várias pessoas com diferentes órgãos e tecidos.
O número de doações foi praticamente o dobro do registrado há quatro anos (67) e é 40% maior em relação ao mesmo período do ano passado, quando 88 captações foram intermediadas pela Central Estadual de Transplantes. Quanto aos transplantes, o crescimento foi de 63% desde 2011.
De acordo com o secretário estadual da Saúde em exercício, Sezifredo Paz, estes avanços são resultado de um amplo processo de reorganização do Sistema Estadual de Transplantes aliado à conscientização da população. “São números que nos orgulham e mostram que o Paraná está no caminho certo para reduzir a fila de espera por transplantes”, destacou.
Ele explica que o Paraná foi um dos Estados que mais avançou nesta área nos últimos anos. “O trabalho que estamos desenvolvendo é modelo para todo o País e por isso vamos continuar em frente, visando sempre uma melhor qualidade de vida à nossa população, em especial aqueles que enfrentam esta situação”, completou o secretário em exercício.
Para se ter uma ideia da evolução no Paraná, em 2010 aguardavam por um órgão ou tecidos no Estado 3.297 pessoas. Hoje, este número caiu cerca de 59%, chegando a 2.074 paranaenses cadastrados na lista de espera. Deste total, 1.569 são considerados ativos e já estão aptos a realizar o procedimento.
Atualmente, a maior demanda é por transplante de rim, com 1.179 cadastros ativos. Em seguida vem córnea (255), fígado (83), coração (28), rim/pâncreas conjugados (21) e pâncreas (3).
Vida nova
Quem saiu desta angústia neste primeiro semestre foi a dona de casa Ivanete Goes, 46, moradora de São José dos Pinhais. Em novembro do ano passado ela descobriu que seus rins funcionavam com apenas 15% da capacidade. “Durante cinco meses tive que fazer hemodiálise, ao menos três vezes por semana. Contudo, a situação não melhorou e a única saída seria o transplante”, relatou.
A espera durou pouco. Graças a uma megaoperação da Central Estadual de Transplantes, que coordenou seis captações de múltiplos órgãos no fim de fevereiro, um rim compatível foi encontrado e o transplante de Ivanete aconteceu no Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul.
Hoje, a paciente está em casa e se recupera bem. “Já consigo fazer sozinha todas as atividades diárias e em breve espero voltar a trabalhar também”, comemorou Ivanete, que teve que deixar o emprego no ano passado para fazer o tratamento.
Campanha
Para se tornar doador de órgãos, não é necessário nenhum documento por escrito. Na hora da doação, a decisão é sempre da família do potencial doador. Desta forma, as campanhas de conscientização ressaltam a importância das pessoas informarem aos seus familiares sobre o desejo de doar.
“Esta é a única maneira de fazer valer a sua vontade após a morte”, reforça a coordenadora da Central Estadual de Transplantes, Arlene Badoch. Nesta linha, o Governo do Estado mantém uma campanha chamada “Fale sobre isso”, que alerta as pessoas sobre a necessidade de tratar o tema dentro do convívio familiar e entre os amigos.
A mobilização envolve inúmeras empresas e instituições parceiras de diversas regiões do Paraná. As atividades vão desde a inserção da logo da campanha em rótulos de produtos comerciais de grande alcance e visualização até a divulgação em sites e palestras com os funcionários para ampliar a discussão sobre a temática.
Recusas
“O objetivo é esclarecer a população sobre o processo de doação a fim de reduzir o número de recusas familiares”, explica Badoch. Neste primeiro semestre, um em cada quatro potenciais doadores foram descartados por conta da família não autorizar a captação dos órgãos.
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