Delegacia da Mulher recebe 15 denúncias diárias
Publicado em: 06/04/2014 - 00:00 | Atualizado em: 05/04/2014 - 10:17
Rodrigo Covolan |
---|
Delegada Cláudia Kruger é responsável dela delegacia em Ponta Grossa |
Melissa Eichelbaun
A Delegacia da Mulher em Ponta Grossa registra 15 denúncias no local diariamente. O número foi revelado pela delegada Cláudia Kruger que é responsável nas investigações das ocorrências. Segundo informações repassadas pela delegada, só nesse ano a delegacia já registrou 200 inquéritos que foram gerados depois das denúncias investigadas pela polícia. No ano de 2013, a delegacia concluiu 900 inquéritos.
A delegada traça o perfil dos atendimentos feitos no distrito. “Nós registramos muitas ameaças e lesões corporais. Quando o homem já realmente bateu na mulher e ela vem procurar seus direitos conosco”, explica.
Nesse ano, a delegada já realizou 15 prisões decorrentes de descumprimentos de ordens judiciais. “Prendemos esses homens que desrespeitaram o que a justiça havia determinado. A lei é para todos e por isso não deixaremos de cumpri-la. Temos que dar o exemplo e mostrar para a sociedade que esse tipo de crime não fica impune”, expõe. Cláudia ressalta que as prisões também só são possíveis porque a delegacia trabalha em parceria com a 4ª Vara Criminal em Ponta Grossa. “A partir da denúncia do descumprimento da ordem, eu peço imediatamente a prisão do indivíduo. As juízas tem dado atenção especial, o que tem nos ajudado bastante nas prisões”, esclarece.
Denúncia
A mulher que for agredida pode procurar a Delegacia da Mulher, que fica na rua 7 de Setembro, nº 1635, no Centro de Ponta Grossa. Ou pode procurar qualquer plantão nas delegacias, que o boletim de ocorrência será encaminhado para o distrito responsável por crimes contra a mulher.
A delegada ressalta que a mulher agredida ou ameaçada deve fazer o boletim para que a Polícia Civil investigue o caso e possa tomar as devidas providências. “É importante que ela venha denunciar a agressão. Nós a encaminharemos para exames de lesão corporal e acompanharemos o caso. A vítima tem que saber que está protegida”, comenta.
As punições dos crimes contra a mulher ganharam força no ano de 2006, quando a Lei Maria da Penha foi aprovada. A lei afirma que é considerada violência doméstica qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. Depois que o juiz analisar o caso ele pode imediatamente adotar algumas medidas para proteger a mulher como o agressor não se aproximar da vítima e das testemunhas do caso e até proibição de frequentar determinados lugares para preservar a integridade física da mulher.
Orientações para o agressor
O projeto de extensão da Universidade Estadual de Ponta Grossa nomeado “Núcleo de estudos da violência doméstica e familiar contra a mulher na cidade de Ponta Grossa” implementou encontros semanais com os agressores denunciados na Delegacia da Mulher da cidade. As reuniões ocorrem desde agosto do ano passado. A professora supervisora do Departamento de Serviço Social, Maria Iolanda de Oliveira, conta como surgiu a ideia de organizar o grupo. “Nós apresentávamos nas comunidades os temas da violência para as mulheres, mas percebemos uma necessidade de trabalhar também com os agressores. Para eles entenderem e perceberem o erro que cometeram”, explica.
Através de uma determinação dos juízes, os homens começam a participar do grupo como uma punição pelo crime que cometeram. “Eles participam de 16 encontros. Nós fazemos com que os indivíduos reflitam, se reeduquem, se responsabilizem e se ressocializem depois da agressão que fizeram. A partir daí eles percebem que a violência não é o melhor caminho”, esclarece.
A delegada Cláudia Kruger ressalta que a violência contra a mulher ocorre por dois motivos. “O homem não consegue conversar com a mulher para resolver o problema, ele acha que a violência irá resolver tudo. O segundo motivo é o sentimento de posse. Ele não aceita que ex-companheira siga a vida sem a presença dele”, observa. Cláudia adverte que na maioria dos casos, as agressões ocorrem no âmbito familiar, de maridos ou exs-companheiros.
Pesquisa do Ipea gera polêmica
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no dia 27 de março uma pesquisa que dizia que 65% dos brasileiros concordavam que mulheres com roupas curtas merecem ser estupradas. Na tarde de sexta-feira (4), o Instituto informou que houve um erro na divulgação dos resultados e a porcentagem certa seria que 26% dos entrevistados concordaram com essa afirmação e 70% discordaram total ou parcialmente.
A população brasileira se manifestou durante a semana sobre o resultado da pesquisa, alegando que a mulher não deve ser violentada por nenhum motivo. A delegada Cláudia Kruger opinou sobre o assunto. “Não me impressiono com os resultados. A população ainda é muito machista. A mulher tem o direito sobre o corpo dela e nenhum tipo de violência deve ser tolerada. A Polícia Civil trabalha para garantir os direitos assegurados por lei”, explica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário