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Confira os dez mandamentos do bom ciclista
Muitas vezes o
universo “ciclístico” reproduz a lógica individualista do mundo
automobilístico, com bicicletas avançando sobre as calçadas e na
contramão
Nos últimos anos as pessoas deixaram de encarar a bicicleta apenas
como meio de lazer e várias já usam (ou sonham em usar) a magrela para
ir ao trabalho, à escola ou à universidade. Com mais ciclistas
“enfrentando” o dia a dia de Curitiba, inevitavelmente aumentam os
conflitos entre quem está na bike e os outros atores do trânsito, como
pedestres e motoristas de carro. Mas não é só isso. Muitas vezes o
universo “ciclístico” reproduz a lógica individualista do mundo
automobilístico, com bicicletas avançando sobre as calçadas e na
contramão.
Para Jorge Brand, assessor da Coordenação de Mobilidade Urbana da
Secretaria de Trânsito de Curitiba, a capital do Paraná vive um momento
de transição e algumas pessoas que usam a bicicleta para deslocamentos
ainda não desenvolveram uma cultura de respeito às leis de trânsito. Na
avaliação de Luís Patrício, coordenador de projetos da Associação de
Ciclistas Alto Iguaçu (CicloIguaçu), as infrações ocorrem tanto por
falta de conhecimento das leis quanto pela ausência de planejamento da
cidade para receber quem está nas bikes. Com informações repassadas por
Brand e Patrício sobre infrações cometidas por ciclistas em Curitiba, a Gazeta do Povo montou uma lista com dez mandamentos para quem anda de bicicleta na cidade.
Confira os dez mandamentos do ciclista
Hugo Harada/Gazeta do Povo
1 - Respeitarás o pedestre como desejas ser respeitado pelo motorista
O artigo 29 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) determina que os
veículos de maior porte são responsáveis pela segurança dos menores, os
motorizados são responsáveis pelos não motorizados e todos eles
respondem pela proteção dos pedestres. Não se pode exigir respeito sem
estar disposto a respeitar.
Hugo Harada/Gazeta do Povo/Arquivo
2 - Não invadirás a faixa de pedestre
Ciclistas dizem que avançam sobre a faixa de pedestres ou ultrapassam
o sinal vermelho porque temem ser “engolidos” ou “fechados” pelos
carros na abertura do semáforo. “Ciclistas mais experientes alegam que
passar no sinal vermelho é uma medida de segurança, porque os principais
pontos de conflito com carros são os cruzamentos. Os carros arrancam
com uma velocidade bem maior do que as bicicletas e podem e fechar os
ciclistas”, afirma Luís Patrício, coordenador de projetos da
CicloIguaçu. De qualquer forma, o pedestre não pode pagar por isso.
Brunno Covello/Gazeta do Povo/Arquivo
3 - Não andarás sobre a calçada
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) proíbe a circulação de
bicicletas pelas calçadas, a não ser que o ciclista esteja desmontado e
empurrando o veículo, situação em que ele se equipara ao pedestre em
direitos e deveres.
Hugo Harada/Gazeta do Povo
4 - Não ultrapassarás o sinal vermelho
O ciclista muitas vezes avança o sinal por temer por sua segurança,
uma vez que a velocidade de arranque dos carros é muito maior e a
bicicleta pode ser “fechada” quando o semáforo fica verde. Em algumas
regiões dos Estados Unidos, há um conceito conhecido como Idaho Stop:
nesses locais, o sinal vermelho pode ser interpretado pelo ciclista como
“dê a preferência”. Se não houver pedestres ou trânsito, ele pode
seguir adiante. No Brasil, quem está na bike deve respeitar as mesmas
normas que os veículos motorizados. Para tentar minimizar os riscos, a
prefeitura de Curitiba implantou em alguns locais a bicicaixa, uma
pintura no asfalto que garante um espaço exclusivo para posicionamento
das bicicletas, à frente dos veículos motorizados, quando o semáforo
está fechado.
André Rodrigues/Gazeta do Povo/Arquivo
5 - Não andarás na contramão
Essa conduta também coloca em risco o ator mais frágil no trânsito, o pedestre.
Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Arquivo
6 – Não andarás na canaleta
Os ciclistas têm a percepção de que estão mais seguros nas faixas
exclusivas para a circulação de ônibus, devido ao fluxo menor de
veículos nesses espaços. Segundo Jorge Brand, essa é uma falsa
impressão, já que nas canaletas os ônibus trafegam em velocidade mais
alta e as colisões são mais graves. Essas faixas são usadas ainda por
ambulâncias e carros de polícia em situações de emergência, quando
também trafegam em alta velocidade.
Embora o uso da canaleta por ciclistas ainda ocorra com frequência,
pesquisas mostram que o problema diminuiu na Avenida Sete de Setembro
após a implantação da ciclofaixa e do conceito de Via Calma, que permite
o tráfego de veículos a no máximo 30 km/h. Acompanhamento do trânsito
feito pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba
(Ippuc) e pela CicloIguaçu no dia 28 de agosto de 2014 mostrou que
26,54% dos ciclistas usaram a canaleta na Sete de Setembro entre as ruas
Mariano Torres e Tibagi. Em 2013, o índice era de 63,32% e em 2008, de
74,75%.
Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Arquivo
7 - Não usarás a ciclovia para treinar corrida
Em geral, a bicicleta transita em velocidade baixa, de
aproximadamente 15 km/h. Quem usa o veículo como esporte e alcança
velocidades maiores não deve usar as ciclovias.
Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Arquivo
8 - No passeio compartilhado, não andarás em alta velocidade
Uma boa parte da malha cicloviária de Curitiba é composta de passeios
compartilhados, para uso de ciclistas e pedestres. Nesses espaços, o
ciclista precisa transitar em velocidade mais baixa e buzinar para
alertar o pedestre de que se aproxima.
Hugo Harada/Gazeta do Povo
9 - Usarás material de segurança
São equipamentos imprescindíveis para a bicicleta, segundo o Código
de Trânsito Brasileiro: campainha, sinalização noturna dianteira,
traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor do lado esquerdo. O
CTB não obriga o ciclista a usar capacete, mas o apetrecho pode evitar
danos maiores em caso de acidente.
Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
10 - Não andarás pela faixa da esquerda
Os artigos 57 e 58 do Código de Trânsito Brasileiro determinam que as
bicicletas circulem pela faixa mais à direita, a não ser que essa faixa
seja exclusiva para outros veículos, como os ônibus. Para garantir a
segurança do ciclista, o ideal é que a bike não esteja muito próxima do
meio-fio. “A recomendação é ocupar cerca de um terço da faixa, porque a
bicicleta precisa de certo deslocamento lateral para manter o
equilíbrio. Além disso, nos cantos normalmente há bocas de lobo e outras
irregularidades. Isso acaba sendo perigoso”, alerta Luís Patrício.
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