quarta-feira, 21 de outubro de 2015

VALOR CONSTRUTORA - GAZETADOPOVO.COM.BR

Albari Rosa/Gazeta do Povo Construção do Colégio Ribeirão Grande, em Campina Grande do Sul, está na mira dos investigadores. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Construção do Colégio Ribeirão Grande, em Campina Grande do Sul, está na mira dos investigadores.
OPERAÇÃO QUADRO NEGRO

Funcionárias de construtora suspeita de fraudar obras de escolas no PR cogitam delação

As duas funcionárias da Valor Construtora alegam não ter se beneficiado do esquema de corrupção apontado no inquérito policial conduzido pelo Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce)

Texto publicado na edição impressa de 21 de outubro de 2015
Duas pessoas indiciadas em julho na Operação Quadro Negro cogitam agora fazer um acordo de delação premiada. A advogada Alexssandra Saldanha Cabral, que defende Vanessa Domingues de Oliveira e Tatiane de Souza, afirmou à reportagem que estuda a possibilidade de buscar um termo de colaboração para suas clientes. Vanessa e Tatiane trabalhavam como funcionárias da Valor Construtora e Serviços Ambientais e alegam não ter se beneficiado do esquema de corrupção apontado no inquérito policial conduzido pelo Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce). Segundo a defesa das funcionárias, elas seriam “meras laranjas” de Eduardo Lopes de Souza, o verdadeiro dono da construtora de Curitiba.
Registro na Junta Comercial revela que Tatiane figurou como proprietária da construtora entre abril de 2013 e janeiro de 2015. Já Vanessa assumiu legalmente o comando da empresa em seguida, em janeiro deste ano. De acordo com depoimentos registrados pelo Nurce, Eduardo argumentava a elas que ele não poderia assumir oficialmente a propriedade da construtora, em função de problemas com sua empresa anterior.
A negociação sobre um possível termo de colaboração seria feita com a promotora de Justiça Ana Karina Abrao, à frente do mesmo caso no âmbito do Ministério Público. Um inquérito civil conduzido por ela está em fase de diligências e, quando concluído, deve render uma ação civil pública. Ela também aguarda o término do inquérito policial, do Nurce, para oferecer denúncia. As tratativas com a promotora de Justiça ainda não foram feitas pela defesa das duas funcionárias. Se futuramente a delação for negociada com o MP, os termos do acordo ainda devem ser submetidos a uma homologação do Judiciário.
Como funcionárias da empresa, as duas podem ajudar os investigadores a entender para onde foi o dinheiro obtido pela Valor Construtora nos contratos que estabeleceu com a Secretaria de Educação para reformar e construir escolas estaduais. A empresa recebeu cerca de R$ 25 milhões (entre verbas estaduais e também federais) em dez contratos, mas não cumpriu com todas as etapas das obras.
No mês passado, em uma segunda operação do Nurce, foram sequestrados bens ligados à Valor Construtora, avaliados em quase R$ 9 milhões. Outros sequestros ainda podem ser feitos.

Antiga empresa de dono de construtora gerou 700 ações trabalhistas

Antes da abertura da empresa Valor Construtora, o empresário Eduardo Lopes de Souza mantinha contratos com o governo estadual através da empresa EGC Construtora e Obras, cuja falência, decretada no ano passado, já gerou cerca de 700 ações trabalhistas, mais de 500 ainda em andamento. A informação é dos administradores da massa falida, o escritório Nasser de Melo Advogados Associados.
Eduardo entrou com um pedido de recuperação judicial da EGC em meados de 2010. O primeiro administrador judicial foi Marcelo Simão, destituído deste e de outros casos em 2013. A partir daí, a juíza Mariana Gusso, da 1ª Vara das Falências e Recuperações Judiciais de Curitiba, designou um novo escritório para cuidar do caso. “Quando assumimos, encontramos um patrimônio dilapidado. Não conseguimos recuperar nenhuma das máquinas e eram mais de 100 veículos. Na sede da empresa, só recolhemos coisas como cadeiras, mesas”, revelou o advogado Alexandre Nasser de Melo. Coincidentemente, a Valor Construtora foi criada em setembro de 2010, logo após o pedido de recuperação judicial da EGC, empresa aberta em 2000. Na terça (20), a reportagem não conseguiu contato com o advogado de Eduardo.

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