A estimativa é do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, que divulgou nesta sexta-feira (31) a pesquisa mensal da safra de grãos no Paraná, referente ao mês de janeiro de 2014. A pesquisa revela que deverão ser colhidas 22,7 milhões de toneladas durante a safra de verão, volume 3% inferior ao mesmo período do ano passado quando foram colhidos 23,5 milhões de toneladas.
A segunda safra de grãos, que já começou a ser plantada no Paraná, deverá acrescer mais 10,8 milhões de toneladas à safra total de grãos plantada no Estado. O Deral prevê colher 10,15 milhões de toneladas de milho, 203 mil toneladas de soja e 518 mil toneladas de feijão.
Segundo o chefe da Divisão de Conjuntura Agropecuária, Marcelo Garrido, por enquanto as lavouras estão se desenvolvendo em boas condições, apesar das altas temperaturas que começam a preocupar. O levantamento de campo realizado pela Seab/Deral aponta uma tendência de crescimento de 2% para a área que está sendo plantada com feijão da segunda safra; em 25% para área a ser plantada com soja da segunda safra e uma redução de 11% para a área plantada com milho durante a segunda safra.
Primeira safra
Para o diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni, o Paraná colhe novamente uma boa safra de grãos de verão entre soja, milho e feijão. Ele diz que com exceção do feijão as condições de comercialização estão atraentes para o produtor com cotações acima do custo de produção. A expectativa é que a safra 2013/14 deverá alavancar a economia do Estado com um planejamento integrado envolvendo a produção, a agroindústria, a comercialização e o sistema de escoamento da produção.
Simioni atribuiu a ligeira queda no volume total de grãos da safra de verão a ser colhido à redução da área plantada com milho durante a primeira safra. “Por mais que se plante soja como foi plantada nessa temporada, com bom desenvolvimento das lavouras, não há como superar a produtividade obtida quando se planta milho, que apresenta um rendimento bem maior do que qualquer outro grão”, comparou.
O volume recorde de soja que será colhido no Paraná deve-se ao aumento da área plantada com a cultura que atingiu quase 5 milhões de hectares no Estado, também considerada recorde. O produtor apostou na cultura, cujos estoques mundiais estão baixos e por isso a cotação do grão se mantém estabilizada em torno de R$ 61,00 a saca, considerado um preço atraente para os produtores.
Segundo o chefe da conjuntura do Deral, Marcelo Garrido, o clima colaborou com o desenvolvimento da soja durante quase todo o ciclo de desenvolvimento das plantas, embora tenha ocorrido algumas localidades com déficit de chuvas durante o mês de dezembro. “Mas com o andamento da colheita, possíveis reduções de volume certamente serão diluídos pela safra total que será colhida no Estado”, afirmou. Até o momento, 4% da área plantada com soja já está colhida, informou o técnico.
Para o milho da primeira safra, as condições climáticas são semelhantes às da soja e a cultura também sofreu com estresse hídrico ocorrido em dezembro. “Mas também haverá compensação quando toda a safra estiver colhida”, prevê a engenheira agrônoma Juliana Tieme Yagushi. Cerca de 1% das lavouras de milho foram colhidas e a safra deve atingir 5,62 milhões de toneladas, volume 21% menor do que em igual período do ano passado, quando foram colhidos 7,15 milhões de toneladas.
A redução no volume de produção de milho da primeira safra deve-se à queda na área plantada de 24%, que caiu de 875.970 hectares, plantados na safra 12/13, para 670 mil hectares plantados na atual safra 2013/14, a menor área plantada com milho no Estado.
Segundo a técnica, a queda no plantio de milho na primeira safra de grãos no Paraná reforça a tendência que está se consolidando no Estado de plantar mais soja nessa temporada, transferindo boa parte do plantio de milho para a segunda safra.
A colheita de milho iniciou nas regiões Oeste e Sudoeste, onde se planta mais cedo o grão para antecipar o plantio da segunda safra de grãos. Yagushi destaca que mesmo em período de colheita e de plantio da segunda safra de milho, as cotações do grão estão se sustentando em torno de R$ 19,50 a saca, que ainda são consideradas atraentes para o produtor.
Já a colheita de feijão está deixando os produtores apreensivos. O feijão é o primeiro grão das lavouras de verão plantado no Estado, entre os meses de agosto e setembro, e cerca de 74% da área plantada com feijão da primeira safra já está colhida. Com o avanço da colheita, as cotações estão em torno de 20% abaixo do preço mínimo do grão.
De acordo com o economista Methódio Groxco, do Deral, este ano o plantio de feijão da primeira safra foi 12% maior, passando de 214.213 hectares, plantados na safra passada, para 239.112 hectares plantados na safra 13/14. A previsão de produção aponta para uma colheita de 431.624 toneladas do grão, volume 31% a acima do colhido no ano passado que foi 329,5 mil toneladas.
“Houve aumento de produção de feijão em praticamente todos os estados produtores, quando os agricultores se entusiasmaram com o preço do grão que se manteve elevado até o ano passado e o aumento da oferta está derrubando as cotações”, afirmou Groxco.
Além do aumento da produção, a produtividade da cultura no Estado também está elevada, cerca de 15% acima da média registrada no ano passado. A colheita está revelando uma produtividade de 1.805 quilos por hectare de feijão e no ano passado, no mesmo período, a produtividade alcançou 1.566 quilos por hectare.
Segundo o técnico, ao contrário da soja e milho que tiveram o ciclo de desenvolvimento em parte afetado pela falta de chuvas em dezembro, as lavouras de feijão, principalmente da região Oeste e Sudoeste, foram comprometidas pelo excesso de chuvas no início de janeiro. “Porém, esse comprometimento prejudicou mais a qualidade do que a quantidade das lavouras”, explicou o técnico.
Ele ressalta que daqui para frente os produtores estão temendo o aumento das temperaturas que podem ser mais prejudiciais do que falta de chuvas, que estão regulares.
Aquisições do governo federal
Com a apreensão dos produtores diante da queda nas cotações do feijão, o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, encaminhou ofício aos ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e, ao do Desenvolvimento Agrário solicitando providências para a compra da safra no Estado por meio de Aquisições do Governo Federal (AGF), instrumento que permite ao governo garantir o preço mínimo ao produtor ou à cooperativa e serve como um regulador de preços na comercialização do produto.
A expectativa é que o governo federal libere R$ 100 milhões para compra de feijão nos estados de Goiás, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Atualmente o produtor paranaense está comercializando a produção por cerca de R$ 76,00 a saca do feijão de cor, bem abaixo do preço mínimo, fixado em R$ 95,00 a saca.
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