sexta-feira, 2 de maio de 2014

Debate celebra festa democrática na eleição à Reitoria da UEPG

Assessoria
Uma noite histórica para a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Assim se pode definir o debate realizado nesta terça-feira (29), no Auditório do Campus Central. O evento promovido pelo Centro Acadêmico Carvalho Santos (CACS), do curso de Direito, e Centro Acadêmico João do Rio (Cajor), do curso de Jornalismo, reuniu os candidatos das quatro chapas que disputam a eleição para reitor e vice-reitor da instituição, para o período de setembro de 2014 a agosto de 2018. Servidores técnico-administrativos, professores e estudantes superlotaram o auditório – numa festa da democracia, conforme afirmaram os candidatos nas suas considerações finais, elogiando o nível de organização do debate totalmente realizado pelos acadêmicos de Direito e Jornalismo.
A mediação coube ao jornalista Afonso Verner, graduado pela UEPG, que conduziu os trabalhos com extremo profissionalismo e discrição, sem interferir e momento algum na manifestação dos candidatos. A banca jurídica composta pelos advogados Gustavo Scheminn da Mata (OAB/PR 60.888), João Maria de Goes Junior (OAB/PR 40.750) e Pedro Henrique Alves Ribeiro (OAB/PR 58.117) se limitou a assistir ao debate, uma vez que os candidatos se portaram com respeito, limitando-se à exposição de ideias e propostas de campanha para os próximos. A mesa de trabalhos ainda contou com a presença do acadêmico Dilermando Martins, do CACS; e Rafaella Feola, do Cajor.
No primeiro bloco do debate, os candidatos se apresentaram e expuseram os motivos que os levaram a disputar a eleição para o cargo de reitor. Por sorteio, a professora Jeaneth Nunes Stefaniak (chapa 4 - Transforma UEPG) foi a primeira falar. Após falar brevemente de sua trajetória, de líder estudantil e docente da UEPG, com militância nas lutas da categoria, disse ser a única candidatura verdadeiramente de oposição. “Discordamos desse projeto que está posto há mais de quarenta anos e que não cumpre com papel de uma universidade pública”, disse, afirmando que não tem compromissos com cargos comissionados e funções gratificadas, propondo uma gestão transparente e coletiva.
Na sua manifestação, a candidata a reitor da chapa 1 (A UEPG que faremos juntos), Maria Salete Marcon Gomes Vaz, disse que a decisão de concorrer à Reitoria é ato de muita coragem. “Para ser reitor e vice-reitor tem que ter muita coragem”, disse, fazendo em seguida um relato de sua trajetória na instituição, tendo iniciado como servidora do Centro de Processamento de Dados até passar no concurso para docente. Falando também em nome do seu candidato a vice-reitor, Luiz Carlos Godoy, disse que “esses quase trinta anos de instituição os qualificam para assumir a Reitoria. “Estamos juntos para discutir a UEPG que faremos juntos, com a comunidade universitária, com a comunidade externa, os políticos a iniciativa privada”.
Luciano Vargas, candidato a reitor (chapa 2 -UEPG mais perto de você), parabenizou os acadêmicos pela organização do debate. “Iniciativa importante que nos motiva e nos incentiva a discutir a nossa universidade”. Assumindo um compromisso com o diálogo e com a transparência, disse que, juntamente com a professora Gisele Quimelli (candidata vice), coloca sua experiência acadêmica e administrativa à disposição da comunidade universitária. “Vamos primeiro ouvir, para só então formularmos nossas propostas e idéias”, disse. “Temos a certeza que nossa universidade vai alcançar patamares ainda mais altos do que os que ela vem alcançando”, finalizou.
Por último o candidato a reitor Miguel Sanches Neto, da chapa 3 (Mais UEPG), disse a sua candidatura (e do professor Giovani Marino Fávero - candidato a vice) nasce de uma proposta de gestão de universidade e da biografia (de ambos) de líderes estudantis e professores com atuação na graduação, pós-graduação e pesquisa, além de cargos na estrutura administrativa. “Temos um proposta de gestão e de universidade”, disse, afirmando que o seu programa de gestão é resultado de conversas de mais de um ano com funcionários, professores, acadêmicos, políticos e comunidade externa, para colher e captar pontos cruciais para a instituição. “Estudamos a instituição antes de lançarmos nossa candidatura”.
Segundo bloco
Após as apresentações, teve início o debate propriamente dito. Cada candidato fez uma pergunta geral para os três outros candidatos, com um minuto para a pergunta e quatro minutos para a resposta. Ao final, o próprio candidato respondia ao questionamento. Foram quatro rodadas de perguntas. A primeira a perguntar foi a professora Salete Marcon Gomes Vaz. Ela questionou os demais candidatos sobre como pretendem melhorar a gestão administrativa e acadêmica da UEPG.
Jeaneth Stefaniaki disse que a instituição apresenta um diagnóstico bastante preocupante de sucateamento, defendendo uma política de enfrentamento e defesa da instituição. “Precisamos superar as políticas viciadas”. Luciano Vargas disse que uma universidade como a UEPG, de porte médio, enseja muitos desafios. “Entendo que nossa instituição tenha conseguido avançar muito nesses últimos anos”. Na sua visão, duas medidas são necessárias para superar esses desafios. Primeiro, a busca de autonomia para que a instituição possa resolver a questão da falta de servidores e, como conseqüência, a qualificação dos servidores.
Para Miguel Sanches Neto, a questão administrativa passa pela mudança de mentalidade. “Mudando as pessoas que insistem nela, por pessoas que queiram fazer diferente”. Segundo ele, a instituição precisa de uma reestruturação administrativa, com foco na desburocratização. “Perde-se muito tempo, com trabalho inócuo”. Defende ainda a interligação de bancos de dados. Na área acadêmica, propõe uma flexibilização curricular, em contraponto ao modelo engessado atualmente em vigor. Salete Vaz propõe a integração de sistemas informatizados e a criação de um Núcleo de Tecnologia da Informação, para apoiar o CPD; criação de núcleos de integração e áreas de excelência, para geração de recursos, a partir de parcerias com a iniciativa privada.
Na sua vez de perguntar, Miguel Sanches Neto, questionou os demais concorrentes sobre o que pretendem fazer em relação à atenção humana à comunidade interna. Salete Vaz propõe um ambiente mais humano, com a criação de centros de convivência, onde se possa discutir e trocar idéias; melhorar a qualidade de vida dos servidores; cursos e oportunidades de estudos para os servidores. Luciano Vargas diz que a ideia da sua chapa consiste em melhorar as competências administrativas para que todos possam ser bem atendidos; defende apoio à luta pela reformulação do plano de carreiras dos técnicos, com benefícios perenes; e apoio às bandeiras dos docentes, pela valorização da categoria, com aumento dos adicionais por titulação e dedicação exclusiva.
Jeaneth Stefaniaki se reporta, primeiramente, aos estudantes, razão da existência da universidade. Defende uma política de assistência e permanência estudantil, denunciando a situação precária da Casa do Estudante Universitário e também dos Restaurantes Universitários. “Pensar o fator humano é pensar nessa perspectiva”. Falou ainda da sobrecarga de trabalho a que são submetidos os técnicos e docentes, dizendo a sua chapa pensa a universidade como um todo. Miguel Sanches também tocou no aspecto da assistência estudantil, falando na criação de uma pró-reitoria, a partir da reestruturação do CAOE; salas de orientação para os cursos de graduação e pós-graduação, espaços de permanência para os professores e abertura do Hospital Universitário para atendimentos dos servidores.
Jeaneth Stefaniak lançou questionamento sobre o alinhamento dos últimos reitores ao governo do Estado, inquirindo os demais concorrentes a expor suas visões sobre essa política. Luciano Vargas disse que não é filiado a partidos políticos, mas não tem preconceito quanto ao engajamento de pessoas que possam contribuir para que portas se abram para instituição. Salete Vaz afirmou que não tem compromisso com partidos políticos, mas sim as propostas, defendendo uma Reitoria com perfil de negociação, sem embate como o governo do Estado.
Miguel Sanches disse que a questão é bastante importante, afirmando que não pleiteia qualquer cargo político. Disse que, transitará por Curitiba e Brasília, e conversará com todos os partidos e políticos que estejam a fim de ajudar a instituição. Na sua resposta, a representante da chapa 4 defendeu a autonomia da UEPG, sem imposições por parte do governo. Para ela, o diálogo é sempre o melhor caminho. Mas chega-se a um ponto em que o enfrentamento é a melhor solução. “A UEPG precisa de uma administração que faça esse enfrentamento”, disse. Prega ainda uma reformulação dos Conselhos Superiores.
A quarta rodada de perguntas girou em torno da saúde do servidor, com pergunta feita pelo candidato Luciano Vargas. A candidata da chapa 1 se reportou ao Sistema de Atendimento ao Servidor (SAS) que gera reclamações por parte dos servidores. Disse que pretende aprimorar esse atendimento. Miguel Sanches disse que a saúde passa, primeiro, por melhores condições de trabalho e equipamentos de segurança, e a criação de mais ambulatórios (inexistente no campus central); e a otimização do Hospital Universitário, com o aproveitamento da demanda reprimida de consultas. Seriam 12 por dia. Jeaneth reiterou as dificuldades impostas pelo SAS, que tem muitos problemas, defendendo a manutenção de um plano de saúde para os servidores e a construção de ambulatórios. Disse que o HU deve se constituir em referência de pesquisa, condenando a oferta de poucas vagas (40) para o curso de Medicina. Luciano Vargas reiterou a condição de hospital de referência do HU, cuja porta de entrada é o SUS. Na sua visão, a abertura do HU para o atendimento de servidores é inexeqüível, por estar se criando um privilégio para os servidores, em detrimento da comunidade externa. Defende a criação de ambulatórios, com participação dos alunos de Medicina em regime de internato, no atendimento à comunidade universitária.
Terceiro bloco
No terceiro bloco, os candidatos a reitor responderam a questões formuladas pelo público. A primeira pergunta se referiu à arrecadação financeira dos concursos vestibulares da UEPG. Como esse dinheiro é gasto. Por se tratar de questão específica, os candidatos se reportaram ao orçamento da instituição. Miguel Sanches prega transparência na execução orçamentária, colocando a distribuição de recursos em discussão, para sua melhor aplicação; Salete Vaz disse que a aplicação de recursos deve ser transparente, defendendo que a verba vá para o órgão arrecadador, citando como exemplo a biblioteca que arrecada dinheiro de multas. Jeaneth Stefaniaki disse que esse é um eixo da sua chapa, com uma gestão transparente e democrática. Propõe a utilização da verba do vestibular na concessão de bolsas permanência para os estudantes. Luciano Vargas disse que todos os números e informações sobre o orçamento estão no portal da transparência da instituição, com acesso a todas as pessoas. Lembrou da criação do PROAP/UEPG, para incentivo à pós-graduação, partir de sobras de recursos orçamentários. Disse ainda que todas as receitas são fiscalizadas pelos órgãos de fiscalização.
A segunda pergunta se referia aos planos dos candidatos para a pós-graduação. Salete Vaz disse que através dos programas de pós-graduação a instituição obtém boa parte de seus recursos extra-orçamentários. Nesse sentido, propõe a criação de novos programas de pós-graduação, valorização dos professores e enquadramento na Lei de Inovação, para que os docentes possam receber por seus projetos. Jeaneth disse que este é mais um indicativo da timidez da UEPG, citando números de programas de pós-graduação da UEM (33), UEL (38), Unioeste (29) e UEPG (19). Para ela a questão central é uma política de verticalização. Condenou a sobrecarga de trabalho nos departamento e falta de planejamento da instituição. Luciano Vargas citou propostas pontuais como a manutenção do PROAP/UEPG, criação de espaços para secretarias dos PPGs, submissão de novas propostas de cursos de mestrado, profissional inclusive, e doutorados, mais bolsas de iniciação científica, mais participação em editais e ampliação da cultura de laboratórios multiusuários. Miguel Sanches disse que hoje a pós-graduação significa apenas mais serviço para os professores. Dele defende o remanejamento de vagas para departamentos com maior produção, para ter mais vagas e mais gente na pós-graduação, além da participação em editais como CT-Infra.
A terceira pergunta se referiu à moradia estudantil. A representante da chapa 4 voltou a tocar no assunto da Casa do Estudante, que segundo ela se encontra em situação caótica, com a UEPG se furtando da sua responsabilidade na sua manutenção. Ela defende uma política específica para sua manutenção. Luciano Vargas se reportou a investimentos que devem ser feitos ainda este ano para a construção de um novo bloco na Casa do Estudante, com banheiros individuais, e muros para segurança do local. Miguel Sanches citou a necessidade de se adotar medidas emergenciais para resolver a atual situação da casa e adoção de medidas no sentido de se construir uma Casa do Estudante nas dimensões que Ponta Grossa necessita, já que hoje o município é considerado uma cidade universitária. A professor Salete Vaz defende a construção de uma casa onde estudantes de outros países e da UEPG, que recebe gente de todo o país, possam se integrar.
A quarta pergunta tratou da criação de bolas permanência para os cotistas negros. Luciano Vargas defende a criação de bolsa permanência a todos os estudantes, independente da sua condição racial. Nesse sentido, lembrou da luta das universidades estaduais por recursos do governo federal para o financiamento dos alunos da IES mantidas pelos estados. Miguel Sanches se referiu às políticas afirmativas, na qual se insere o estudante negro. Condenou política do governo federal que atrela repasse de recursos à adesão das instituições ao Enem como porta de acesso ao ensino superior. Defende a bolsa permanência como uma necessidade institucional. Salete Vaz também defende a bolsa permanência para todos os alunos que ingressam na instituição por meio das políticas afirmativas. Jeaneth Stefaniaki quer a adoção de políticas específicas que trabalhem com bolsa permanência, comentando que hoje os ingressantes pelo sistema de cotas não têm condições de se manter na instituição.
Quarto bloco
No quarto bloco, os candidatos a vice-reitor participaram do debate, questionando seus adversários, com um minuto para a pergunta e dois para a resposta. Foram quatro rodadas de perguntas. Na primeira o candidato da chapa 1, Luiz Carlos Godoy, perguntou que ações as demais chapas pretendem implantar no sentido de promover o aluno como agente de transformação social. Gisele Quimelli (chapa 2) disse que não se pode conceber a universidade sem a formação de um cidadão crítico, desvinculado do meio em que estão inserido. Giovani Fávero (chapa 3), defende uma formação completa, teórica e com visão prática, voltada para o mercado. Cintia Xavier (chapa 4) defende uma formação voltada para a sociedade, integrada aos movimentos sociais, articulando ensino, pesquisa e extensão. Godoy cita o tripé ensino, pesquisa e extensão, como meio de capacitação do estudante em todos os sentidos; afirma que extensão tem mão dupla, onde o aluno aprende e ensina ao mesmo tempo.
Giovani Fávero questionou o sistema de segurança da instituição, citando ocorrência freqüente de assaltos, principalmente no Campus Uvaranas. Perguntou o que os concorrentes pensam em fazer. Cintia Xavier disse que há duas causas: número insuficiente de servidores e falta de políticas para envolvimento da comunidade vizinha ao campus, para que ela se sinta parte da instituição. Godoy propõe o aumento do número de servidores, melhoria dos equipamentos de segurança e parcerias com a Polícia Militar e Guarda Municipal. Gisele Quimelli diz que se trata de um processo interno, de todos servidores, alunos e técnicos se sentirem cidadãos da UEPG. Ela também defende a integração da comunidade que chegou ao local antes da UEPG. Giovani Fávero critica o descaso com a iluminação o defende aumento de servidores, melhor aparelhamento dos agentes de segurança e construção de muros em volta do Campus.
A professora Gisele fez um questionamento a cerca da criação de novos cursos, que política as chapas concorrentes pretendem implantar. Godoy disse que se trata de iniciativa dos departamentos e que a criação deve obedecer a interesses vocacionais da região. Cintia Xavier questionou a aplicação do Plano Diretor Institucional, que projeta a instituição para os próximos cinco anos. Para ela, os departamentos fazem sua parte, sem a contrapartida por parte da instituição Giovani Fávero diz que, atualmente, a criação de novos cursos, é decidida por poucas pessoas. Defende negociação inclusive com a comunidade externa, para criar cursos de interesse no desenvolvimento regional, principalmente na área da indústria. Gisele Quimelli disse que a criação de novos cursos parte de decisão colegiada, com base no PPD e PPI. Citou quatro cursos cuja criação está em trâmite, três deles na área da saúde que vão dar suporte ao Hospital Universitário. Disse que a criação precisa ser responsável, para que os alunos não sofram conseqüências de graduações que não têm reconhecimento.
Cintia Xavier perguntou o que seus adversários fizeram quando do corte de 30% no orçamento da instituição por parte do governo do Estado. Giovani Fávero comenta que deu sequência a suas atividades como chefe do Departamento de Biologia Geral, no aguardo do convencimento do governo do Estado e reversão da situação, Gisele Quimelli, como integrante da atual gestão, diz que apoiou ação da Reitoria e dos demais reitores no sentido de reverter esse corte, por meio de diálogo com o governo, o que acabou ocorrendo. Disse que tal situação faz parte da rotina de uma instituição pública e que seus gestores devem estar preparados para enfrentá-la. Godoy disse que deu continuidade às suas atividades no Nucleam (Núcleo de Estudos em Meio Ambiente), no aguardo de uma solução para o problema, já que nada poderia fazer. Cintia Xavier reiterou que a importância do diálogo, que deve vir também da outra parte. Para ela, chega um momento em que não resta outra solução, que não o enfrentamento. Defende que reitor e vice-reitor devem se impor enquanto gestores.
Bloco final
No quinto bloco, os candidatos fizeram suas considerações finais, agradecendo à oportunidade aberta pelos centros acadêmicos de Direito e Jornalismo. Falando pela chapa 2, Gisele Quimelli classificou o momento como fantástico. Miguel Sanches pediu que as pessoas não sejam tímidas e sonhem com uma universidade grande. Salete reafirmou sua proposta de construção de uma universidade junto com a comunidade universitária e a sociedade; Jeaneth Stefaniaki convidou a todos para verdadeiramente transformar a UEPG. O mediador Afonso Verner agradeceu a maneira como os candidatos se portaram durante o debate, que será transmitido pela TV Comunitária (canal a cabo).

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