Menino Beco tinha cachorro Ford e pilotava jipe de pedal
André Sender e Bruno Ceccon São Paulo (SP)
A paixão de Ayrton Senna pelo automobilismo vem dos tempos em que ele era chamado de Beco por sua família no Jardim São Paulo. Dono de um cachorro batizado como Ford, o garoto iniciou a ‘carreira’ que culminou com o tricampeonato mundial na Fórmula 1 em um pequeno jipe de pedal.
“Eu acredito que Ayrton já nasceu piloto e esse prazer era alimentado pelos presentes que meus pais davam , como esse jipe”, contou Viviane Senna, irmã do piloto, em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva. “Ele tinha personalidade forte desde pequeno e a paixão por carros começou bem cedo”, completou.
Munido de um estilingue, Ayrton Senna, rotineiramente com braços e joelhos machucados, costumava quebrar vidraças pela vizinhança. “Sem muito brilhantismo, mas bastante comportado”, segundo A Gazeta Esportiva, frequentou o Externato Jardim São Paulo e o Colégio Santana. E fez algumas artes.
Acervo Pessoal
“Certa vez, com apenas oito anos de idade, dirigiu um caminhão de entrega de refrigerantes após ser desafiado pelo motorista. Mais tarde, dando pela ausência demorada do filho, Dona Neide (mãe de Ayrton) foi procurá-lo e achou-o bebendo refrigerante com o motorista”, noticiou o periódico.
Ayrton Senna com jipe de pedal e irmã Viviane
Anos depois, Viviane ainda lembra do episódio. “O Ayrton era superativo e, ao mesmo tempo, muito tímido. Essas características se traduziam em um menino muito criativo. Quando a gente menos esperava, ele vinha com alguma arte, como dirigir ainda menino, sem nem sequer alcançar os pedais”, contou.
Outro costume inusitado de Ayrton, de acordo com a irmã, era testar a aderência dos tênis antes de comprá-los dando arrancadas no piso das lojas. Apesar do gosto precoce pelo automobilismo, Beco não deixava de brincar com Viviane, dois anos mais velha.
“Eu também era mais tímida e comportada, mas a gente se divertia muito juntos. Teve uma ocasião em que resolvi, com minhas amigas, meninas pequenas, fazer um batizado das bonecas. Adivinha quem foi o padre?”, perguntou Viviane, descrevendo episódio retratado em uma das fotos publicadas por A Gazeta Esportiva.
“O Ayrton era um grande companheiro na infância. Depois, mais jovem, continuou introvertido, mas brincalhão e alegre. Vivia pregando peças nos companheiros de equipe e adorava fazer brincadeiras em casa, com a família. Mesmo distante fisicamente, na Fórmula 1, manteve-se sempre presente e um grande amigo”, lembrou.
Uma das lembranças marcantes de Bruno Senna, filho de Viviane, remete à irreverência do tio entre os familiares. De acordo com o jovem, com passagem pela Fórmula 1, Ayrton se aproveitava da desatenção dos parentes nas horas das refeições para colocar pimenta nos alimentos.
Levado pelo pai Milton, Ayrton costumava andar de kart em trechos da Marginal Tietê. Em 1973, o garoto nascido em 1960 venceu o Torneio de Férias de Interlagos. Ele chegou a ser aprovado no vestibular para o curso de Administração de Empresas da FAAP, mas trancou e seguiu a carreira de piloto no exterior.
Nos períodos de folga, Ayrton retornava ao Brasil para comer o filé com alho de Dona Neide e o pão italiano da Padaria Basilicata, no Bixiga. Nos últimos anos de vida, a rotina do piloto incluía momentos de descanso ao lado da então namorada Adriana Galisteu.
Vinte anos após a morte do ídolo, Viviane preside o Instituto Ayrton Senna, dedicado justamente às crianças. A organização sem fins lucrativos capacita anualmente 75 mil educadores, beneficiando 2 milhões de alunos em 1,3 mil municípios de diferentes regiões do País.
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