Divulgação/Copel
Crise elétrica Brasil terá de conviver com risco de novos apagões
Com o consumo em alta e o nível dos reservatórios em baixa, a chance de ocorrer outros cortes de energia é inevitável, dizem especialistas
Publicado em 21/01/2015 | Fernando Jasper
O governo adotou a tese de que uma falha técnica causou o desligamento de energia em 11 estados e no Distrito Federal na segunda-feira e diz trabalhar para que cortes assim não se repitam. Mesmo assim, é grande o risco de que o país volte a enfrentar blecautes localizados durante o verão, principalmente no meio da tarde, quando as temperaturas estão mais altas.
Como as usinas térmicas estão operando em capacidade máxima e os reservatórios das hidrelétricas estão nos menores patamares deste século, não há como aumentar a geração de energia no curto prazo. A demanda, por sua vez, cresce muito nos dias mais quentes, com o uso intenso de ar-condicionado. Assim, qualquer evento não programado – um problema em uma linha de transmissão ou em uma usina geradora, por exemplo – poderá obrigar o Operador Nacional do Sistema (ONS) a cortar parte do fornecimento a fim de evitar um colapso no sistema, como fez na segunda-feira.
Estadão Conteúdo
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, anunciou ontem um plano para adicionar ao sistema 1,5 mil megawatts (MW) e reforçar o fornecimento de energia na Região Sudeste. São elas: o reforço na produção e transferência de 300 MW de energia da usina de Itaipu para o sistema; a abertura da ligação entre as regiões Nordeste e Sudeste/Centro-Oeste (mais 400 MW); e a ressincronização da usina de Angra 1 (até 200 MW).
O ministro explicou ainda que uma parte do parque de térmicas da Petrobras vai voltar a produzir energia após um período de manutenção preventiva. Essas usinas começaram a retomar a produção ainda ontem e até 18 de fevereiro vão adicionar 867 MW.
Braga reiterou que o sistema elétrico brasileiro é robusto e seguro, mas está sujeito a “intercorrências”.
O ministro explicou que o apagão de segunda-feira começou após um problema na linha de transmissão Norte-Sul, que já vinha de alguns dias. A falha provocou a queda da energia na usina Ney Braga, de 1.260 MW, da Copel. “Não é possível dizer ainda se foi falha humana, mas já se sabe que a atuação do equipamento de proteção de potência da usina foi indevida”, afirmou. Segundo ele, mesmo que somente esta usina tivesse sido desligada, o país já passaria pelos problemas enfrentados.
Ajustes indevidos
Segundo o ministro, as demais usinas foram desligadas por ajustes indevidos, mas que já foram corrigidos. “Repito: o que aconteceu ontem [segunda-feira] não foi desligamento por falta de geração”, afirmou. “Neste momento, o sistema está funcionando sem nenhuma intercorrência”, garantiu.
“Eventos como esse podem se repetir, sim. Só não aconteceu antes, no sábado e no domingo, que foram dias ainda mais quentes, porque no fim de semana o consumo comercial e industrial é mais baixo”, diz Mikio Kaway Jr., diretor executivo da consultoria e comercializadora Safira.
Usina Ney Braga
Na segunda-feira, as Regiões Sul, Norte e Nordeste, com energia excedente, estavam “exportando” para o principal subsistema do país, o Sudeste/Centro-Oeste. Mas, perto de 15 horas, houve um problema na transferência de energia que desligou automaticamente a usina Governador Ney Braga (Segredo), no interior do Paraná, de propriedade da Copel. Em seguida, outras 10 usinas também foram desconectadas de forma automática. Entre elas, a Governador Parigot de Souza, também no Paraná.
A “intercorrência”, como definiu ontem o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, levou o ONS a interromper o envio de energia para alguns consumidores.
Embora qualquer sistema esteja sujeito a falhas, especialistas avaliam que o governo errou ao não adotar, em 2014 ou mesmo antes, medidas de incentivo à redução do consumo. Dessa forma, os reservatórios não teriam caído tanto e a folga entre oferta e demanda seria mais confortável. “A avaliação que foi feita no ano passado era de que o sistema apresentava condições para enfrentar esse risco. No entanto, chegamos a um cenário muito delicado”, diz Joisa Saraiva, diretora do Centro de Regulação da Fundação Getulio Vargas (Ceri/FGV).
Cristopher Vlavianos, presidente da comercializadora Comerc, não acredita que o governo possa decretar um racionamento antes do fim de abril, quando termina o chamado “período úmido”. O risco é que a situação se agrave até lá. Os lagos dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste continuam caindo e estão abaixo de 18% da capacidade, menos da metade do nível de um ano atrás.
A situação do começo de 2014 já inspirava cuidados, mas o governo preferiu esperar pela chuva a adotar ações de racionalização. “Torcer pela chuva é um risco muito grande, e paga-se um preço muito alto por ele. Previsão meteorológica de médio e longo prazo não existe”, diz Vlavianos.
Como as usinas térmicas estão operando em capacidade máxima e os reservatórios das hidrelétricas estão nos menores patamares deste século, não há como aumentar a geração de energia no curto prazo. A demanda, por sua vez, cresce muito nos dias mais quentes, com o uso intenso de ar-condicionado. Assim, qualquer evento não programado – um problema em uma linha de transmissão ou em uma usina geradora, por exemplo – poderá obrigar o Operador Nacional do Sistema (ONS) a cortar parte do fornecimento a fim de evitar um colapso no sistema, como fez na segunda-feira.
Medidas
Após blecaute, governo promete adicionar 1,5 mil MW ao sistemaEstadão Conteúdo
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, anunciou ontem um plano para adicionar ao sistema 1,5 mil megawatts (MW) e reforçar o fornecimento de energia na Região Sudeste. São elas: o reforço na produção e transferência de 300 MW de energia da usina de Itaipu para o sistema; a abertura da ligação entre as regiões Nordeste e Sudeste/Centro-Oeste (mais 400 MW); e a ressincronização da usina de Angra 1 (até 200 MW).
O ministro explicou ainda que uma parte do parque de térmicas da Petrobras vai voltar a produzir energia após um período de manutenção preventiva. Essas usinas começaram a retomar a produção ainda ontem e até 18 de fevereiro vão adicionar 867 MW.
Braga reiterou que o sistema elétrico brasileiro é robusto e seguro, mas está sujeito a “intercorrências”.
O ministro explicou que o apagão de segunda-feira começou após um problema na linha de transmissão Norte-Sul, que já vinha de alguns dias. A falha provocou a queda da energia na usina Ney Braga, de 1.260 MW, da Copel. “Não é possível dizer ainda se foi falha humana, mas já se sabe que a atuação do equipamento de proteção de potência da usina foi indevida”, afirmou. Segundo ele, mesmo que somente esta usina tivesse sido desligada, o país já passaria pelos problemas enfrentados.
Ajustes indevidos
Segundo o ministro, as demais usinas foram desligadas por ajustes indevidos, mas que já foram corrigidos. “Repito: o que aconteceu ontem [segunda-feira] não foi desligamento por falta de geração”, afirmou. “Neste momento, o sistema está funcionando sem nenhuma intercorrência”, garantiu.
Recorde
O consumo de energia bateu recorde no subsistema Sudeste/Centro-Oeste minutos antes do blecaute de segunda-feira. Alcançou 51.595 megawatts (MW) às 14h32 – 300 MW a mais que a marca anterior, de 13 de janeiro. No Nordeste, o recorde veio depois do blecaute, às 15h34, com demanda instantânea máxima de 12.166 MW.Térmicas
As termelétricas do Sistema Interligado Nacional têm potência de 22 mil MW, mas só 16.755 MW estavam disponíveis na segunda-feira – várias estão em manutenção ou têm restrições. O ONS pretendia acionar 16.679 MW médios (99,6% do disponível) naquele dia, mas a geração se limitou a 15.905 MW médios porque ao menos 14 usinas renderam menos que o esperado.Usina Ney Braga
Na segunda-feira, as Regiões Sul, Norte e Nordeste, com energia excedente, estavam “exportando” para o principal subsistema do país, o Sudeste/Centro-Oeste. Mas, perto de 15 horas, houve um problema na transferência de energia que desligou automaticamente a usina Governador Ney Braga (Segredo), no interior do Paraná, de propriedade da Copel. Em seguida, outras 10 usinas também foram desconectadas de forma automática. Entre elas, a Governador Parigot de Souza, também no Paraná.
A “intercorrência”, como definiu ontem o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, levou o ONS a interromper o envio de energia para alguns consumidores.
Embora qualquer sistema esteja sujeito a falhas, especialistas avaliam que o governo errou ao não adotar, em 2014 ou mesmo antes, medidas de incentivo à redução do consumo. Dessa forma, os reservatórios não teriam caído tanto e a folga entre oferta e demanda seria mais confortável. “A avaliação que foi feita no ano passado era de que o sistema apresentava condições para enfrentar esse risco. No entanto, chegamos a um cenário muito delicado”, diz Joisa Saraiva, diretora do Centro de Regulação da Fundação Getulio Vargas (Ceri/FGV).
Cristopher Vlavianos, presidente da comercializadora Comerc, não acredita que o governo possa decretar um racionamento antes do fim de abril, quando termina o chamado “período úmido”. O risco é que a situação se agrave até lá. Os lagos dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste continuam caindo e estão abaixo de 18% da capacidade, menos da metade do nível de um ano atrás.
A situação do começo de 2014 já inspirava cuidados, mas o governo preferiu esperar pela chuva a adotar ações de racionalização. “Torcer pela chuva é um risco muito grande, e paga-se um preço muito alto por ele. Previsão meteorológica de médio e longo prazo não existe”, diz Vlavianos.
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