Mães relatam episódios de constrangimento e preconceito durante a amamentação
Por - iG São Paulo |
Aprovação de projeto de lei em SP traz à tona discussão sobre o direito de amamentar em espaços públicos e privados e expõe a humilhação que mulheres enfrentam no dia-a-dia
Era por volta de 18h no espaço infantil do SESC Belenzinho. A turismóloga Geovana Cleres estava acompanhada de duas amigas e com a filha Sofia, que na época – em 2013 – tinha apenas um ano e quatro meses. A pequena havia brincado a tarde inteira e a fome não era pouca. Geovana abaixou a blusa para amamentar a filha e imediatamente foi repreendida por uma monitora do espaço infantil, dizendo que ali não era permitido “comer”.
Infelizmente, situações como essa são reais – e mais comuns do que as pessoas imaginam. Em protesto aos episódios de constrangimento, como o de Geovana, mulheres e mães organizaram ‘mamaços’ coletivos e trouxeram à tona a discussão da importância do aleitamento materno e o direito à amamentação em espaços públicos.O retorno da mobilização veio recentemente com a aprovação de um projeto de lei em São Paulo que prevê multa no valor de R$ 500 para o estabelecimento que proibir ou constranger uma mulher durante a amamentação – se o caso se repetir, a multa passa a valer o dobro. O projeto, que foi para a sanção do prefeito Fernando Haddad, é considerado uma vitória por mulheres que enfrentaram olhares reprovadores e comentários agressivos enquanto alimentavam os filhos.
“Tudo errado”
No dia em que foi constrangida por amamentar a filha, Geovana sentiu um misto de indignação e impotência. “Fiquei indignada, mas fui até a sala da amamentação, como me foi pedido. Era um espaço bem pequeno, com uma pia, um microondas e apenas uma poltrona. Quem estava lá na hora que eu cheguei era um pai com um bebê, sentado na poltrona. Ele ficou desconfortável, querendo ceder o lugar para mim. Ou seja, se duas mães vão para a sala de amamentação, uma acaba ficando de pé para conseguir amamentar a criança. Tudo errado”, desabafa.
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