segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

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Um livro sobre a Ponta Grossa insólita

Obra do jornalista Ben-Hur Demeneck traz 27 crônicas sobre a cidade paranaense
Publicado em 23/12/2013 | Derek Kubaski, especial para a Gazeta do Povo
P de Ponta e G de Grossa, que também poderia ser de Geniosa. O livro PG de A a Z & Outras Crônicas, do jornalista paranaense Ben-Hur Demeneck, traz 27 crônicas que mostram a teimosia de uma das principais cidades do estado em ser um lugar “onde o possível esquece de acontecer”, frase que serve de subtítulo. As primeiras letras dos títulos de cada uma das “outras crônicas” seguem toda a sequência do alfabeto – literalmente de A a Z – incluindo o K, o Y e o W, tão presentes nos sobrenomes que vieram junto com os imigrantes poloneses, ucranianos, alemães e por aí afora. Apenas o primeiro texto, que dá nome ao livro, fica de fora dessa sequência.
O A bem poderia ser do suposto “autossequestro” de uma vereadora, que levou o nome da cidade para as páginas nacionais neste ano, mas Ben-Hur escolheu – para a crônica da letra A – um fato não menos insólito: a árvore que simplesmente dobrou uma esquina no centro da cidade. Velha conhecida dos ponta-grossenses, a árvore de tronco sinuoso surpreende o passante, especialmente o motorista que dá a “sorte” de pegar os semáforos fechados nas ruas Francisco Ribas ou Comendador Miró, podendo admirá-la por mais tempo.

 / Histórias - PG de A a Z &  - Outras Crônicas - Ben-Hur Demeneck. Editora Todapalavra, 132 págs., R$ 30. Contos. Obra pode ser encomendada no site www.todapalavraeditora.com.brAmpliar imagem
Histórias - PG de A a Z & - Outras Crônicas - Ben-Hur Demeneck. Editora Todapalavra, 132 págs., R$ 30. Contos. Obra pode ser encomendada no site www.todapalavraeditora.com.br
Em entrevista à Gazeta do Povo, o autor afirma que já recebeu questionamentos sobre o fato de tratar de histórias e lugares bem específicos da cidade. “Não é bem uma crítica, acho que é mais uma curiosidade. Desde que um livro tenha valor literário, não importa onde ele foi escrito. Eu tive o cuidado de trazer para as crônicas uma certa universalidade de referências. Nesse caso da árvore que dobrou a esquina, por exemplo, a pessoa não precisa conhecer esse cruzamento”, avalia. Cada crônica acompanha também uma ou mais fotos, de Alceu Bortolanza. Elas ajudam o leitor – seja da cidade ou de fora – a se situar nos locais onde o quase impossível se manifesta em Ponta Grossa.
Nessa “brincadeira com as letras”, como define o próprio autor, ele transforma em descrição as demoradas observações – típicas de um cronista urbano – que fez sobre locais cujas “esquisitices” nem sempre são percebidas pelos próprios moradores. Exemplos disso são a Praça dos Aposentados – que não passa de um minúsculo trevo, sem bancos nem monumentos – e o Núcleo Habitacional 31 de Março, cujo nome é uma homenagem ao Golpe Militar de 1964, apesar de muitos moradores não saberem disso.
“Se eu tenho as minhas falhas, a cidade também tem. Eu não posso ter uma postura de desprezo, mas o respeito pela cidade só se dá quando você pode falar com abertura sobre ela, inclusive criticando”, afirma Ben-Hur, que assegura ter um afeto muito grande pela cidade, apesar de o nome não colaborar. “Dificilmente você vai ouvir uma pessoa dizer ‘eu amo Ponta Grossa’ sem um pouco de receio”, brinca.
Ben-Hur Demeneck nasceu em Cascavel (Oeste do PR) em 1981, mas se formou em Jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Juntando a paixão que sempre teve pelos textos de Rubem Braga, Millôr Fernandes, Nelson Rodrigues – entre muitos outros autores – com os fatos surreais que a cidade dos Campos Gerais lhe oferecia, ele começou a escrever – em 2007 – as crônicas que compõem o livro.

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