Bilheteria do favorito ao Oscar 2012 está entre as piores dos vencedores dos últimos 30 anos
Sandro MacedoDo UOL, em São Paulo
- Jean Dujardin e Bérénice Bejo em cena de "O Artista", de Michel Hazanavicius
BILHETERIAS DOS INDICADOS AO OSCAR DE MELHOR FILME EM 2012
US$ 169,6
Histórias
Cruzadas
78,8
Cavalo de Guerra
76
Os Descendentes
75,6
O Homem que
Mudou o Jogo
67,6
A Invenção de
Hugo Cabret
56,5
Meia-Noite em Paris
30,8
Tão Forte e Tão Perto
28,5
O Artista
13,3
A Árvore da Vida
Com dez indicações (uma a menos que “A Invenção de Hugo Cabret”, de Martin Scorsese), “O Artista” já venceu os principais prêmios e é o favorito ao Oscar de melhor filme. Mas comparado a vencedores do passado, a produção francesa, que fala de um ator lançado ao ostracismo após deixar de ser viável economicamente, tem bilheteria decepcionante: US$ 28 milhões. Para se ter uma ideia, no ano passado, a produção vencedora e igualmente modesta “O Discurso do Rei” arrecadou US$ 135,4 milhões nos Estados Unidos.
Entre os filmes laureados na categoria principal neste século, “O Artista” só superaria a bilheteria de “Guerra ao Terror” (vencedor do Oscar 2010), que rendeu US$ 17 milhões. A diferença é que naquele ano o filme disputava a estatueta com “Avatar”, maior bilheteria da história, com US$ 749 milhões. O segundo pior desempenho entre os vencedores de 2001 para cá foi de “Crash - No Limite” (vencedor do Oscar 2006), com US$ 54,5 milhões, valor que não deve ser alcançado pelo filme de Michel Hazanavicius.
Nenhum outro filme nos últimos 30 anos faturou tão pouco. Desde 1982, só “O Último Imperador” não atingiu ao menos os US$ 50 milhões. No entanto, seus US$ 43,9 milhões arrecadados entre o fim de 1987 e o começo de 1988 representariam mais de US$ 80 milhões em valores de hoje, com a inflação corrigida.
Entre os nove concorrentes a melhor filme deste ano, só um superou a barreira dos US$ 100 milhões: “Histórias Cruzadas”, com US$ 169,6 milhões. Nas duas temporadas passadas, quando o número de indicados passou de cinco para dez, cinco produções ultrapassaram a marca.
Ainda assim, o poder comercial de uma indicação nas categorias principais não deve ser subestimado. Ela pode garantir no mínimo a exibição em outros países, aumentando suas possibilidades de lucro. Foi o que aconteceu com “O Homem que Mudou o Jogo”, que mesmo com Brad Pitt no elenco, só teve sua exibição confirmada no Brasil após a indicação para melhor filme.
Antes da temporada de prêmios, “O Artista” estava restrito a um circuito de cerca de 200 salas, pouco para os padrões americanos. Na semana seguinte às indicações, o filme era exibido em 1.005 salas. Da semana das nomeações para cá, seu faturamento já cresceu mais de 100%. O prêmio pode até representar um punhado de dólares a mais para o longa de Hazanavicius, mas muito pouco comparado a vencedores do passado.
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