Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Docentes da Universidade Federal do Paraná dizem que não há previsão para fim do movimento. Reitoria prevê volta às aulas em 10 de setembro A mais longa da história do país
Paralisação nas universidades federais completa amanhã 108 dias e deve ultrapassar aquela que hoje é tida como a mais demorada do país
Para tomar uma posição oficial em relação à greve, o Andes informou que analisará o resultado das assembleias das 56 instituições federais de ensino superior que ainda estão em greve. Algumas dessas sessões ocorreram ontem e outras serão realizadas hoje. “Como se trata de uma greve nacional, é natural que todos continuem ou encerrem a greve ao mesmo tempo”, afirmou o vice-presidente do sindicato, Luiz Henrique Schuch.
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Ampliar imagem Assembleia na UFPR: decisão sobre fim da greve foi adiada
Polícia Federal
Os agentes, escrivães e papiloscopistas da PF, em greve desde o dia 7, decidiram manter a mobilização. A assembleia com os sindicatos regionais foi realizada ontem em Brasília. Segundo a Federação Nacional dos Policiais Federais, a principal reivindicação não é salarial, mas sim a reestruturação da carreira. Os servidores do setor administrativo da PF aceitaram na quarta-feira a proposta de reajuste salarial do governo.Reposição
Se as aulas voltarem em setembro, o calendário acadêmico de 2012 nas três instituições vai terminar apenas no fim de março de 2013. Segundo o calendário elaborado na UFPR para repor os conteúdos perdidas, os alunos terão aulas aos sábados e haverá apenas um recesso pequeno, de duas semanas, no fim do ano. Nesse cenário, o reitor garante que a carga horária será cumprida integralmente. “É um compromisso que temos com a formação dos nossos alunos”, insistiu Zaki Akel Sobrinho.
Caso a Andes decida pela prorrogação da greve, o objetivo principal da entidade será pressionar o governo a retomar as negociações interrompidas no dia 1.º de agosto. No dia 24 de julho, o governo apresentou à categoria uma proposta de reajuste salarial de 25% a 40%, em três parcelas, até 2015. A oferta foi rejeitada por dois dos sindicatos, Andes e Sinasefe, que representam a maior parte dos professores.
De acordo com os sindicatos, o aumento não garante que serão repostas as perdas salariais com a inflação nos próximos três anos. Além disso, como não existe data-base para os servidores federais, caso a inflação do período seja maior, o sindicato teme não poder negociar até 2016. A categoria também quer que o governo reformule o plano de carreira – tornando mais fácil a progressão – e garanta melhores condições de trabalho.
Governo
Ministro quer reposição integral das aulas
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, quer a reposição integral das aulas interrompidas pela greve dos professores nas instituições federais de ensino superior, mas não ordenará aos reitores das universidades e diretores dos institutos que cortem o ponto dos docentes que não retomarem as atividades. As informações são da Agência Brasil.
Conforme Mercadante, “não há a menor possibilidade de nova negociação porque o orçamento [da União] já foi encaminhado ao Congresso”. “ Nós não podemos negociar nada para o ano que vem que não tenha previsão orçamentária”, disse
Segundo o ministro, a proposta encaminhada pelos grevistas traria gastos de R$ 10 bilhões, acima do impacto de R$ 4,1 bilhões projetados pelo governo com o reajuste concedido.
Linha do tempo
Confira alguns movimentos grevistas marcantes na história das paralisações de professores das universidades federais:
Novembro de 1980 – 15 dias de paralisação. Com adesão quase total da categoria, 1,6 mil professores em Curitiba e cerca de 33 mil em todo o país, essa foi a primeira grande greve nacional articulada pela Coordenação Nacional de Associações Docentes. Ao todo, 56 dos 58 departamentos da UFPR pararam as atividades completamente.
Novembro de 1982 – 30 dias. Com o apoio dos estudantes, a greve teve o objetivo de barrar as ameaças do Ministério da Educação de privatizar o ensino superior público, além de reivindicar questões salariais e ampliar a discussão sobre o projeto de reestruturação das universidades.
Maio de 1984 – 84 dias. Ganhou força pela efervescência política da época, como a luta pelas Diretas Já e por uma nova Constituinte. O movimento grevista elaborou uma programação extensa de debates sobre os problemas da universidade e a política educacional.
Março de 1987 – 44 dias. Primeira greve com uma pauta comum de reivindicações postas pelas universidades federais. Entre as exigências estavam mais verba para a educação e a criação de carreira única para os docentes das instituições federais.
Junho de 1991 – 107 dias. Com quase quatro meses de greve e adesão praticamente total, os professes pediam reajuste salarial, garantia de repasse de verbas para as universidades, eleições diretas e democráticas para a escolha de dirigentes e direito de sindicalização.
Abril de 1998 – 104 dias. Os docentes contaram com o apoio dos alunos e dos servidores técnico-administrativos para pedir reajuste salarial de quase 50%, recomposição do quadro de docentes das universidades e ampliação de vagas para professores.
Agosto de 2001 – 108 dias. Na mais longa das greves das federais, os professores também tiveram a adesão de universitários e servidores. O movimento foi marcado por um abraço simbólico dos manifestantes no Prédio Histórico da UFPR e pela suspensão temporária do vestibular daquele ano.
Agosto de 2011 – 14 dias. A última greve dos professores de universidades federais também envolveu os servidores, o que levou à alteração do calendário de matrículas na UFPR.
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