sexta-feira, 31 de agosto de 2012

GREVE DE PROFESSORES - GAZETADOPOVO.COM.BR VEICULOU

Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Hugo Harada/ Gazeta do Povo / Docentes da Universidade Federal do Paraná dizem que não há previsão para fim do movimento. Reitoria prevê volta às aulas em 10 de setembro Docentes da Universidade Federal do Paraná dizem que não há previsão para fim do movimento. Reitoria prevê volta às aulas em 10 de setembro
Recorde

A mais longa da história do país

Paralisação nas universidades federais completa amanhã 108 dias e deve ultrapassar aquela que hoje é tida como a mais demorada do país
Publicado em 31/08/2012 | Denise Drechsel, Anna Simas e Jônatas Dias Lima
A greve nacional dos professores das universidades federais completará amanhã 108 dias e, no domingo, se tornará a mais longa da história do país. Mesmo com a expectativa de que o principal sindicato nacional da categoria, o Andes, recomende o fim da paralisação, as assembleias locais das instituições de ensino superior terão autonomia para votar a sugestão. Se aprovarem o retorno às atividades, as aulas nas instituições devem recomeçar apenas a partir de 10 de setembro.
Para tomar uma posição oficial em relação à greve, o Andes informou que analisará o resultado das assembleias das 56 instituições federais de ensino superior que ainda estão em greve. Algumas dessas sessões ocorreram ontem e outras serão realizadas hoje. “Como se trata de uma greve nacional, é natural que todos continuem ou encerrem a greve ao mesmo tempo”, afirmou o vice-presidente do sindicato, Luiz Henrique Schuch.
Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Hugo Harada/ Gazeta do Povo / Assembleia na UFPR: decisão sobre fim da greve foi adiada Ampliar imagem
Assembleia na UFPR: decisão sobre fim da greve foi adiada
Polícia Federal
Os agentes, escrivães e papiloscopistas da PF, em greve desde o dia 7, decidiram manter a mobilização. A assembleia com os sindicatos regionais foi realizada ontem em Brasília. Segundo a Federação Nacional dos Policiais Federais, a principal reivindicação não é salarial, mas sim a reestruturação da carreira. Os servidores do setor administrativo da PF aceitaram na quarta-feira a proposta de reajuste salarial do governo.
No Paraná, os professores se reuniram ontem em assembleias na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Nas reuniões, professores insatisfeitos com a greve quiseram incluir na pauta o debate sobre a continuidade ou não da mobilização, mas foram vencidos. Na UTFPR, de 125 professores, 50 votaram por não colocar a interrupção da greve em pauta, contra 44 que eram favoráveis. Os outros se abstiveram de votar. Já na UFPR, a maioria dos cerca de 350 docentes levantou os braços indicando que a decisão sobre a interrupção da paralisação deveria esperar. Hoje será a vez da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) debater o assunto.
Reposição
Se as aulas voltarem em setembro, o calendário acadêmico de 2012 nas três instituições vai terminar apenas no fim de março de 2013. Segundo o calendário elaborado na UFPR para repor os conteúdos perdidas, os alunos terão aulas aos sábados e haverá apenas um recesso pequeno, de duas semanas, no fim do ano. Nesse cenário, o reitor garante que a carga horária será cumprida integralmente. “É um compromisso que temos com a formação dos nossos alunos”, insistiu Zaki Akel Sobrinho.
Caso a Andes decida pela prorrogação da greve, o objetivo principal da entidade será pressionar o governo a retomar as negociações interrompidas no dia 1.º de agosto. No dia 24 de julho, o governo apresentou à categoria uma proposta de reajuste salarial de 25% a 40%, em três parcelas, até 2015. A oferta foi rejeitada por dois dos sindicatos, Andes e Sinasefe, que representam a maior parte dos professores.
De acordo com os sindicatos, o aumento não garante que serão repostas as perdas salariais com a inflação nos próximos três anos. Além disso, como não existe data-base para os servidores federais, caso a inflação do período seja maior, o sindicato teme não poder negociar até 2016. A categoria também quer que o governo reformule o plano de carreira – tornando mais fácil a progressão – e garanta melhores condições de trabalho.
Governo
Ministro quer reposição integral das aulas
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, quer a reposição integral das aulas interrompidas pela greve dos professores nas instituições federais de ensino superior, mas não ordenará aos reitores das universidades e diretores dos institutos que cortem o ponto dos docentes que não retomarem as atividades. As informações são da Agência Brasil.
Conforme Mercadante, “não há a menor possibilidade de nova negociação porque o orçamento [da União] já foi encaminhado ao Congresso”. “ Nós não podemos negociar nada para o ano que vem que não tenha previsão orçamentária”, disse
Segundo o ministro, a proposta encaminhada pelos grevistas traria gastos de R$ 10 bilhões, acima do impacto de R$ 4,1 bilhões projetados pelo governo com o reajuste concedido.
Linha do tempo
Confira alguns movimentos grevistas marcantes na história das paralisações de professores das universidades federais:
Novembro de 1980 – 15 dias de paralisação. Com adesão quase total da categoria, 1,6 mil professores em Curitiba e cerca de 33 mil em todo o país, essa foi a primeira grande greve nacional articulada pela Coordenação Nacional de Associações Docentes. Ao todo, 56 dos 58 departamentos da UFPR pararam as atividades completamente.
Novembro de 1982 – 30 dias. Com o apoio dos estudantes, a greve teve o objetivo de barrar as ameaças do Ministério da Educação de privatizar o ensino superior público, além de reivindicar questões salariais e ampliar a discussão sobre o projeto de reestruturação das universidades.
Maio de 1984 – 84 dias. Ganhou força pela efervescência política da época, como a luta pelas Diretas Já e por uma nova Constituinte. O movimento grevista elaborou uma programação extensa de debates sobre os problemas da universidade e a política educacional.
Março de 1987 – 44 dias. Primeira greve com uma pauta comum de reivindicações postas pelas universidades federais. Entre as exigências estavam mais verba para a educação e a criação de carreira única para os docentes das instituições federais.
Junho de 1991 – 107 dias. Com quase quatro meses de greve e adesão praticamente total, os professes pediam reajuste salarial, garantia de repasse de verbas para as universidades, eleições diretas e democráticas para a escolha de dirigentes e direito de sindicalização.
Abril de 1998 – 104 dias. Os docentes contaram com o apoio dos alunos e dos servidores técnico-administrativos para pedir reajuste salarial de quase 50%, recomposição do quadro de docentes das universidades e ampliação de vagas para professores.
Agosto de 2001 – 108 dias. Na mais longa das greves das federais, os professores também tiveram a adesão de universitários e servidores. O movimento foi marcado por um abraço simbólico dos manifestantes no Prédio Histórico da UFPR e pela suspensão temporária do vestibular daquele ano.
Agosto de 2011 – 14 dias. A última greve dos professores de universidades federais também envolveu os servidores, o que levou à alteração do calendário de matrículas na UFPR.

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