Curitiba terá mais garagens no subsolo
Alternativa para desafogar o trânsito, estacionamento subterrâneo será construído na região da Rodoferroviária. Outros três projetos estão em análise
Publicado em 28/08/2012 | Pollianna Milan Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Ampliar imagem Três empresas venceram a licitação para operar o futuro estacionamento na Affonso Camargo
Affonso Camargo
Concessão vai gerar economia e receita para o municípioO superintendente de concessões da prefeitura Wilson Justus diz que o consórcio que vai assumir a operação do estacionamento da Rodoferroviária, atualmente gerido pela Urbs, vai pagar R$ 30 mil mensais à Secretaria do Patrimônio da União pelo aluguel do espaço, valor que hoje é pago pelo município. “A prefeitura também vai receber 10,39% da receita bruta mensal que as empresas terão com esses estacionamentos.”
No próximo mês, o consórcio vencedor da licitação assina o contrato para construir e administrar o estacionamento no subsolo da Avenida Affonso Camargo. As obras devem começar em janeiro de 2013 – período de férias escolares e de trânsito menos intenso na região. Durante a construção, o tráfego da avenida será desviado para o pátio da Rodoferroviária, onde hoje existe um estacionamento. A obra custará R$ 32 milhões. (PM)
Ideia antiga
O Plano Agache, de 1943, já previa a construção de um estacionamento público subterrâneo na Praça Tiradentes, o que comprova que essa ideia de “enterrar” os veículos estacionados não é nova em Curitiba.6.400 vagas
públicas de estacionamento são ofertadas hoje no Centro de Curitiba. A nova garagem no subsolo da Rodoferroviária vai criar mais 450 vagas.Avaliação
Atenção dada a veículos particulares divide opinião de urbanistasA abertura de novas garagens subterrâneas para veículos particulares divide especialistas em urbanismo. Na opinião do arquiteto e urbanista Nestor Nadruz, a construção desenfreada de estacionamentos é um desrespeito ao local onde se vive. “Hoje as incorporações fazem o que querem na cidade. Escavam cada vez mais para dar mais espaço aos automóveis. As fábricas de veículos vendem a imagem de um carro sozinho na propaganda, mas que, na realidade, ficará parado no congestionamento. A população deveria cobrar rigorosamente por regras melhores e mais qualidade no transporte coletivo.” Nadruz cita Londres, a capital inglesa, como um modelo a ser seguido. “Ela [Londres] não pode crescer de maneira megalomaníaca. A prefeitura de lá é contra automóveis e edificações que prejudiquem a característica da cidade. As pessoas, então, transitam a pé até o trabalho.”
Já o arquiteto Salvador Gnoato acredita que a cidade ganha com o sistema de parcerias público-privadas. “A hora que fizerem esse novo estacionamento, vão querer fazer outros. Esses estacionamentos farão com que as pessoas circulem mais pelas ruas e praças e tenham mais espaço que os carros. Poderia haver esse tipo de parceria para garagens no subsolo próximas a campos de futebol também”, sugere. (PM)
Existem pelo menos outros três projetos em avaliação: um na Praça Nossa Senhora de Salette (Centro Cívico), outro na Praça Santos Andrade (em frente do Teatro Guaíra) e o terceiro sob o cruzamento das Avenidas Marechal Floriano Peixoto e Marechal Deodoro, no Centro. A licitação para construção e concessão da garagem no Centro Cívico deve sair até o fim do ano.
Metrô
A implantação do metrô curitibano também trará pelos menos outras seis opções desse tipo de estacionamento: das 13 estações de embarque, metade deve ter vagas para carros no subsolo. A ideia é que o usuário deixe o veículo ali para pegar o metrô em direção à região central. “Hoje a rua é um espaço nobre demais para os carros ficarem parados. Então, que a vaga seja no subterrâneo para não interferir no fluxo da via e não limitar o uso das faixas”, explica o superintendente de concessões, Wilson Justus, da Secretaria Municipal de Administração.
No lugar das vagas de superfície localizadas perto dos lugares que terão garagens no subsolo, a prefeitura promete criar vias para outros tipos de modal, como ciclofaixas.
O modelo de gestão dos estacionamentos subterrâneos adotado pela prefeitura é o de concessão. Três empresas (Tucumann Engenharia, J. Malucelli e Estarpar) venceram a licitação para construir o estacionamento da Affonso Camargo e explorar o negócio por 20 anos. Elas também ficarão responsáveis, no mesmo prazo, pelos estacionamentos da Rodoferroviária, na superfície, e o da Praça Rui Barbosa.
Segundo a prefeitura, a tarifa cobrada para estacionar nesses locais deve seguir a lei do mercado privado. “Esse sistema de concessão é justo porque a prefeitura não investe dinheiro público nisso e quem paga é o usuário. Mas o importante é não incentivar o uso do carro, pelo contrário, a prefeitura deve investir no uso do transporte público. Por isso, é interessante aplicar a mesma tarifa do particular. Assim, quanto mais caro, menos as pessoas usam o veículo dentro da cidade”, afirma o engenheiro civil João Alberto Albano, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Só na região central, Curitiba tem 6,4 mil vagas públicas de estacionamento que costumam ser disputadíssimas, independentemente do horário. Com a criação de garagens no subsolo, a quantidade de vagas tende a aumentar e a melhorar o fluxo, pois os veículos não atrapalharão o trânsito com manobras: só na região da Rodoferroviária serão 450 novas vagas.
Além de Curitiba, outras capitais já começam a adotar esse sistema: em São Paulo, o Mercado Municipal e duas praças próximas à Rua 25 de março ganharão vagas públicas no subsolo. Belo Horizonte prevê a construção de oito estacionamentos subterrâneos e, em Brasília, a discussão é a criação de uma grande garagem no subsolo da Esplanada dos Ministérios.
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