quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

 

Violência depois de partida de futebol no Egito deixa 74 mortos

CAIRO - Pelo menos 74 pessoas morreram nesta quarta-feira no Egito em confrontos após uma partida de futebol entre dois times da cidade de Port-Saïd (Norte), que de acordo com a Irmandade Muçulmana foram causados por partidários do ex-presidente Hosni Mubarak. O número de mortos ainda é provisório, mas já se trata de um dos piores episódios de violência registrados num estádio.
O exército egípcio foi mobilizado na noite desta quarta-feira em Port-Said, de acordo com informações de uma emissora estatal. O último balanço comunicado pelo Ministério de Saúde era de ao menos 74 mortos, entre eles um policial. O primeiro-ministro, Kamal al Ganzuri, "liderará uma reunião de emergência nesta quinta-feira para discutir os acontecimentos de Port-Said",ainda de acordo com informações da emissora.
Briga em estádio deixou centenas de feridos na República Árabe do Egito
Briga em estádio deixou centenas de feridos na República Árabe do Egito
O Ministério do Interior anunciou que 47 pessoas foram detidas, enquanto que o chefe do exército, no poder no Egito, o marechal Hussein Tantawi, ordenou uma investigação, segundo a televisão. Centenas de pessoas ficaram feridas nos confrontos, que marcaram o que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, qualificou de "dia negro" para esse esporte.
Fontes médicas informaram que estas cifras ainda podem aumentar, já que ambulâncias continuavam a levar feridos aos hospitais horas após o início dos confrontos, que começaram logo após o apito final da partida.
Neste jogo válido pela 17ª rodada do Campeonato Egípcio, o Al-Ahly, um dos melhores clubes do país, perdeu por 3 a 1 do rival Al-Masri, sofrendo sua primeira derrota da temporada. Um fotógrafo da AFP que presenciou as cenas de violência relatou que torcedores do Al-Masri atiraram pedras, garrafas de vidro e foguetes no setor reservado aos fãs do Al-Ahly. Fontes médicas também relataram que pessoas morreram ou foram feridas por ter sido atacadas com armas brancas.
Por enquanto, número de feridos ultrapassa 70
Por enquanto, número de feridos ultrapassa 70
A Irmandade Muçulmana acusou simpatizantes do ex-presidente Hosni Mubarak de serem responsáveis por estes confrontos.
"Os eventos de Port-Saïd foram premeditados e têm a assinatura dos partidários do antigo regime", afirmou o deputado Essam al-Erian num comunicado publicado no site do Partido da Liberdade e da Justiça (PLJ), formação política da Irmandade Muçulmana.
Essam al-Erian declarou que a Assembleia do Povo, cuja maioria dos membros está ligada à Irmandade Muçulmana, pretende pedir ao ministro do Interior e aos responsáveis pela segurança do estádio que "assumam plenamente suas responsabilidades".
O presidente da Assembleia do Povo, o islamista Saad al-Katatni, anunciou que a Câmara dos Deputados se reunirá nesta quinta-feira para discutir a respeito destes eventos. Já o deputado liberal Amr Hamzawi pediu a demissão do ministro do Interior, assim como do governador e do chefe de segurança da cidade de Port-Saïd.
A televisão de Estado mostrou diversas imagens do caos no estádio, com torcedores correndo para todas as direções. O treinador do Al-Ahly, o português Manuel José, mostrou-se muito chocado quando deu entrevista à imprensa do seu país.
"Já era possível sentir a tensão durante o jogo. Quando terminou, milhares de pessas invadiram o gramado. Nem consegui chegar ao vestiário com toda a confusão. Apesar de protegido por seguranças, recebi golpes na cabeça e no pescoço, mas estou bem", relatou.
Todas as lojas da cidade de Port-Saïd fecharam suas portas e diversos voluntários ajudaram a transportar feridos com seus veículos. Tiroteios foram ouvidos na estrada entre Port-Saïd e a capital Cairo. Mais cedo, as autoridades egípcias relataram um incêndio em outra arena de futebol, o estádio Nacional de Cairo. O fogo foi controlado, mas a partida entre o al-Zamalek e o Ismaïly foi cancelada.
Tags: árabe, Egito, hosni mubarak, irmandade muçulmana, república

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