Depoimentos reforçam suspeita de uso eleitoral de cargos no porto
Dois ex-servidores comissionados da Appa dizem que suas nomeações e exonerações ocorreram em função da pré-campanha do PSDB à prefeitura de Paranaguá
Depoimentos de dois ex-servidores da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) reforçam a suspeita de que cargos da autarquia do governo paranaense estavam sendo usados para beneficiar o pré-candidato do PSDB à prefeitura da cidade, Alceu Maron Filho. A Gazeta do Povo entrevistou dois ex-ocupantes de cargos comissionados da Appa. Eles contam que receberam propostas para usar o cargo em favor das articulações políticas de Alceu ou que trabalharam no escritório do tucano no horário de expediente.
Veja no infográfico como funcionava o esquema
Procurado ontem pela reportagem, o pré-candidato do PSDB à prefeitura de Paranaguá, Alceu Maron Filho, desqualificou as denúncias de Fabiano Jamanta (leia reportagens abaixo). Disse que o ex-presidente do PR de Paranaguá é aliado de outro grupo político da cidade – o que colocaria suas acusações sob suspeita. Sobre as denúncias da ex-servidora da Appa Nazareth Abel de Lima, o tucano ficou surpreso e perguntou: “Ela fez denúncia contra mim?”. Logo em seguida, Alceu disse que estava trabalhando e não poderia falar naquele momento. “Em outra oportunidade posso dar o esclarecimento que você desejar, com mais calma”, disse. Indagado se poderia ser contatado ainda ontem, ele voltou a afirmar que não poderia falar. O ex-chefe do porto Airton Maron atendeu seu celular pessoal. Mas se negou a falar com a reportagem sobre as denúncias.
Fabiano “Jamanta” Ribeiro Oliveira, ex-presidente do diretório do PR de Paranaguá, disse que recebeu o convite para assumir um cargo em comissão no porto em uma reunião realizada em agosto do ano passado em um hotel no bairro Batel, em Curitiba. Quem conduziu a reunião foi o pré-candidato do PSDB à prefeitura de Paranaguá, Alceu Maron Filho, que não tem nem tinha cargo na administração portuária (ele é primo do ex-superintendente do porto Airton Maron, demitido no último dia 16). A reunião e a oferta do cargo foram confirmadas pelo deputado federal Fernando Giacobo, do PR.
“Eu estava em Curitiba e este Alceu, que eu não conhecia, veio até o hotel”, disse Giacobo, que participou do encontro. “Eu deixei bem claro que o fato de eles arrumarem um emprego para o menino [Jamanta] não implicaria apoio político.” O deputado também admitiu que o assunto da reunião foi a sucessão municipal de Paranaguá neste ano. Mas Giacobo disse que o PR terá candidatura própria em Paranaguá.
Durante sua permanência no porto, Jamanta disse que prestava serviços no horário de trabalho no escritório político de Alceu. “Eu até me indispus com pessoas do porto, mas ele [Alceu] me ligava e dizia: ‘Venha para cá agora’.” Segundo Jamanta, no escritório ele participava de reuniões com partidos aliados e recebia instruções para atuar na pré-campanha do tucano.
O ex-presidente do PR em Paranaguá disse ainda que o cunhado de Alceu, Luiz Renato Rodrigues da Cunha, se filiou ao PR em setembro de 2011 e, em dezembro, assumiu o comando da legenda na cidade. Cunha atualmente ocupa um cargo em comissão no porto, como coordenador de operações.
Jamanta, que ficou como vice-presidente do PR na cidade, no início concordou com a mudança. Mas, logo depois da troca de comando na legenda, foi demitido do cargo no porto, em 28 de dezembro. Os encontros diários com Alceu foram cancelados abruptamente. “Ele nunca mais falou comigo. A última vez que falei com ele foi em 24 de dezembro, lhe desejando um Feliz Natal. Depois disso, nunca mais o vi. Liguei para ele no dia da exoneração e ele não me atendeu”, disse Jamanta. O ex-servidor acredita que seu afastamento da presidência do PR foi uma “armação”. Ele depôs ao Ministério Público nesta semana contando a história.
A reportagem tentou ouvir Luiz Renato Rodrigues da Cunha. Mas ninguém atendeu o celular dele.O pré-candidato tucano não tinha nem tem cargo na Appa, mas é primo do ex-superintendente Airton Maron, exonerado no último dia 16 pelo governador Beto Richa (PSDB). A denúncia de uso eleitoral de cargos na Appa está sendo investigada pelo Ministério Público Estadual (MP).
Veja no infográfico como funcionava o esquema
Outro lado
Pré-candidato do PSDB desqualifica denúncia de ex-presidente do PRProcurado ontem pela reportagem, o pré-candidato do PSDB à prefeitura de Paranaguá, Alceu Maron Filho, desqualificou as denúncias de Fabiano Jamanta (leia reportagens abaixo). Disse que o ex-presidente do PR de Paranaguá é aliado de outro grupo político da cidade – o que colocaria suas acusações sob suspeita. Sobre as denúncias da ex-servidora da Appa Nazareth Abel de Lima, o tucano ficou surpreso e perguntou: “Ela fez denúncia contra mim?”. Logo em seguida, Alceu disse que estava trabalhando e não poderia falar naquele momento. “Em outra oportunidade posso dar o esclarecimento que você desejar, com mais calma”, disse. Indagado se poderia ser contatado ainda ontem, ele voltou a afirmar que não poderia falar. O ex-chefe do porto Airton Maron atendeu seu celular pessoal. Mas se negou a falar com a reportagem sobre as denúncias.
Indicação
Deputado federal confirma que tucano sem cargo no porto negociou a vagaFabiano “Jamanta” Ribeiro Oliveira, ex-presidente do diretório do PR de Paranaguá, disse que recebeu o convite para assumir um cargo em comissão no porto em uma reunião realizada em agosto do ano passado em um hotel no bairro Batel, em Curitiba. Quem conduziu a reunião foi o pré-candidato do PSDB à prefeitura de Paranaguá, Alceu Maron Filho, que não tem nem tinha cargo na administração portuária (ele é primo do ex-superintendente do porto Airton Maron, demitido no último dia 16). A reunião e a oferta do cargo foram confirmadas pelo deputado federal Fernando Giacobo, do PR.
“Eu estava em Curitiba e este Alceu, que eu não conhecia, veio até o hotel”, disse Giacobo, que participou do encontro. “Eu deixei bem claro que o fato de eles arrumarem um emprego para o menino [Jamanta] não implicaria apoio político.” O deputado também admitiu que o assunto da reunião foi a sucessão municipal de Paranaguá neste ano. Mas Giacobo disse que o PR terá candidatura própria em Paranaguá.
Ex-servidor diz que trabalhava para Alceu no horário do expediente
Ex-presidente do Partido da República (PR) em Paranaguá, Fabiano “Jamanta” Ribeiro Oliveira, nomeado para um cargo comissionado no porto em agosto do ano passado, contou em entrevista à Gazeta do Povo que trabalhava durante o horário de expediente para o pré-candidato do PSDB à prefeitura da cidade, Alceu Maron Filho – que não tem nem teve cargo na administração portuária. Jamanta disse que o cargo que ele ocupava fazia parte de uma cota de Alceu.Durante sua permanência no porto, Jamanta disse que prestava serviços no horário de trabalho no escritório político de Alceu. “Eu até me indispus com pessoas do porto, mas ele [Alceu] me ligava e dizia: ‘Venha para cá agora’.” Segundo Jamanta, no escritório ele participava de reuniões com partidos aliados e recebia instruções para atuar na pré-campanha do tucano.
O ex-presidente do PR em Paranaguá disse ainda que o cunhado de Alceu, Luiz Renato Rodrigues da Cunha, se filiou ao PR em setembro de 2011 e, em dezembro, assumiu o comando da legenda na cidade. Cunha atualmente ocupa um cargo em comissão no porto, como coordenador de operações.
Jamanta, que ficou como vice-presidente do PR na cidade, no início concordou com a mudança. Mas, logo depois da troca de comando na legenda, foi demitido do cargo no porto, em 28 de dezembro. Os encontros diários com Alceu foram cancelados abruptamente. “Ele nunca mais falou comigo. A última vez que falei com ele foi em 24 de dezembro, lhe desejando um Feliz Natal. Depois disso, nunca mais o vi. Liguei para ele no dia da exoneração e ele não me atendeu”, disse Jamanta. O ex-servidor acredita que seu afastamento da presidência do PR foi uma “armação”. Ele depôs ao Ministério Público nesta semana contando a história.
A reportagem tentou ouvir Luiz Renato Rodrigues da Cunha. Mas ninguém atendeu o celular dele.
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