HM fecha as portas por falta de médicos
Publicado em: 19/08/2012 - 00:00 | Atualizado em: 19/08/2012 - 11:04
Fábio Matavelli |
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Enquanto pacientes eram encaminhados de ambulância, o Conselho Municipal de Saúde registrava boletim de ocorrência |
Pacientes que precisaram de atendimento no início da noite de sexta-feira e também na madrugada de ontem, no Hospital Municipal Amadeu Puppi, tiveram uma surpresa: as portas estavam fechadas. Segundo relatos de funcionários e pacientes a falta de médicos, situação que está alguns dias, fez com que a diretora técnica do hospital, Sônia Weber solicitasse aos funcionários o fechamento das portas. Pacientes em casos mais graves foram encaminhados de ambulância do Amadeu Puppi para o Hospital Santa Casa de Misericórdia. Conselho Municipal de Saúde chamou a Polícia Militar para registrar Boletim de Ocorrência no local contra a diretora do HM. A reportagem do Jornal Diário dos Campos acompanhou de perto esta situação. O diretor da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Institucional, Científico e Tecnológico da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Fauepg), Everson Krum, diz que escala de médicos para os próximos dias já está fechada.
De acordo com o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Jefferson Leandro Gomes Palhão, a situação foi lamentável. “Nós fomos até o local verificar a situação e nos deparamos com as portas fechadas. A informação que nós tivemos foi que a diretora do hospital, ao invés de ir até o hospital e atender os pacientes, resolveu ligar para os funcionários para que eles informassem aos pacientes para ir até o Hospital Santa Casa e o Bom Jesus”, informou.
Segundo Palhão, alguns pacientes foram levados de ambulância para outros hospitais. “Os que estavam passando mal foram levados de ambulância, outros foram por conta própria e deram carona para aqueles que não tinham condições de ir”, disse.
O conselho afirma que irá encaminhar Boletim de Ocorrência para o Ministério Público. “O conselho vai fornecer ao Promotor Público, Fuad Faraj, o boletim de ocorrência feito na noite de sexta e também outros materiais que comprovem a omissão no atendimento aos pacientes. Outro fator também foi não informar os pacientes do fechamento da maneira correta”, afirma.
A mãe de Giovana Vichineski, Gilnéia de Fátima Vichineski foi levada de ambulância do Hospital Municipal para a Santa Casa. “Devido ao problema do Pronto Socorro, minha mãe foi levada de ambulância com dores abdominais até a Santa Casa, chegamos lá e não quiseram atender ela. Eles afirmaram que só atenderiam pacientes em casos mais graves”, relata. Giovana conta que sua mãe foi levada ontem pela manhã para ser atendida em Imbituva.
Ainda segundo Palhão, a Santa Casa não havia sido informada pelo Hospital Municipal para receber os pacientes. “Conversamos com a equipe da Santa Casa e eles informaram que não haviam sido informados sobre a situação e que não tinha meios de receber todos os pacientes encaminhados. Eles atenderam apenas aqueles que chegaram em estado grave”, disse.
Krum que administra atualmente o hospital, diz que a escala de médicos de sexta a noite não havia sido fechada. “Essa decisão só foi tomada para evitar que mais pacientes chegassem ao hospital. A escala não tinha médicos e não havia maneiras de chamar médicos municipais porque a maioria estava atendendo em outros hospitais”, informou ao relatar também que as escalas dos próximos dias, inclusive de hoje, já estão fechadas.
O Secretário de Saúde, Edson Alves, disse ontem que os médicos que estavam previstos para a escala da noite não conseguiram chegar a tempo no Hospital Municipal. “Eles estavam vindo de Curitiba e não conseguiram chegar. Nós ficamos sabendo no começo da noite e não dava mais tempo que colocar outros para assumir. Sem médicos, nós tivemos que fechar as portas do hospital”, disse.
A diretora técnica do Hospital Municipal, Sônia Weber e o provedor da Santa Casa de Misericórdia, Flávio Kaiber foram procurados para prestar esclarecimentos, mas não foram encontrados.
CAS
Na manhã de ontem, havia um cartaz na porta do Hospital Municipal, orientando aos pacientes para se dirigirem ao Centro de Atenção a Saúde (CAS) central. “Os pacientes devem passar primeiramente pelo CAS e lá eles encaminham os casos mais graves para o hospital”, informou um funcionário do HM que não quis ser identificado.
Entenda a situação
De acordo com Krum, a falta de médicos vem acontecendo porque o convênio com a fundação terminou nesta semana. “Como ficamos na incerteza da suspensão do convênio, muitos profissionais foram atrás de outros empregos. Nós vamos suprir essa falta e já estamos atrás da contratação de mais profissionais para substituir os que saíram do hospital”, afirma.
Segundo o reitor da UEPG, João Carlos Gomes, o HM tem necessidade de 100 a 120 médicos. “Este é o número total de profissionais que passam em um mês pelo hospital, entre plantonistas, cirurgiões, e acredito que agora, com a garantia dos recursos, teremos condições de retomar os trabalhos”.
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