quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

TRIBUNAL DE JUSTIÇA - CHEGA DE "BENESSES" - parabéns aos Deputados, o TJ e seus componentes precisa ser tratado como é de fato, ou seja, como empregado do Povo do Paraná e não como representantes de Deus como se acham ( opinião Pavesi10 ) - gazetadopovo.com.br veiculou a matéria postada

Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo / Miguel Kfouri, presidente do TJ, diz ter sido “apunhalado pelas costas” pelos deputados estaduais paranaenses Miguel Kfouri, presidente do TJ, diz ter sido “apunhalado pelas costas” pelos deputados estaduais paranaenses
Poderes em conflito

Assembleia deixa de votar “benesses” para TJ e dá início a crise


Deputados decidiram deixar para 2013 a aprovação de propostas que aumentavam custas de cartórios e que criavam cargos no Judiciário

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Publicado em 20/12/2012 | Karlos Kohlbach e Euclides Lucas Garcia
A última sessão do ano na Assembleia Legislativa do Paraná foi marcada por uma decisão incomum que criou um mal-estar entre os poderes Legislativo e Judiciário do estado. Ontem, o presidente da Casa, deputado Valdir Rossoni (PSDB), decidiu não colocar na pauta de votação quatro projetos do Tribunal de Justiça (TJ) – entre eles, o reajuste das custas dos cartórios e a criação de 25 cargos de desembargador e de 290 postos comissionados. O Ministério Público Estadual (MP), que também esperava ter o projeto de criação de 69 cargos em comissão aprovado, terá de esperar até o ano que vem.
Os representantes do TJ e da Assembleia negam uma eventual crise entre os poderes, mas nos bastidores o mal-estar é evidente. Ao saber da decisão de Rossoni, alguns desembargadores ligaram para deputados estaduais cobrando uma explicação. As justificativas públicas vieram somente após a sessão. O desembargador Miguel Kfouri Neto, presidente do TJ, afirmou que se sentiu “apunhalado pelas costas”.
Reação
Surpreso, presidente do TJ diz que decisão causa “tristeza e decepção”
O presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, desembargador Miguel Kfouri Neto, disse ter ficado surpreso com a atitude do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdir Rossoni (PSDB), de não votar os cinco projetos do Judiciário. Nas entrelinhas, o magistrado diz que foi traído. “Me sinto apunhalado pelas costas”, afirmou Kfouri.
“Esta decisão é altamente prejudicial ao serviço judiciário. Me causou surpresa, decepção e tristeza, já que durante meu mandato o diálogo com a Assembleia sempre foi republicano”, disse Kfouri, dizendo não saber a motivação que levou Rossoni a não colocar os projetos em votação.
Rossoni afirmou que a vontade dos parlamentares era de não votar os projetos no afogadilho e que não colocou em votação para não expor os colegas. “Eu reuni os líderes de partido e senti que o TJ ia perder a votação”, disse. O tucano afirmou que não vê motivos para que “ninguém se sinta apunhalado” porque o debate público foi feito em plenário.
Representantes da Anoreg, entidade que congrega os cartorários, não foram encontrados para comentar o caso.
No total, cinco projetos não foram votados e só serão apreciados em 2013. O pacote de benesses enviado para a Assembleia previa o reajuste de 18,44% em todas as custas dos cartórios judiciais e extrajudiciais do Paraná. O índice foi fixado numa segunda proposta enviada pelo TJ, já que a primeira, que previa aumento de até 300%, foi criticada por deputados e pela Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR). Mesmo se o projeto das custas for aprovado no início de 2013, o reajuste só será aplicado em 2014 – o que desagradou os cartorários, que defendiam pelo menos a reposição da inflação.
Na pauta, ainda constava a proposta do TJ de aumento de 50% na taxa do Fundo de Reequipamento do Poder Judicário (Funrejus), cobrada em cartórios extrajudiciais. Os outros projetos do Judiciário previam a criação de 25 cargos de desembargador e 175 postos em comissão para assessorá-los, a um custo de R$ 25,4 milhões para 2013. Em 2015, esses gastos chegariam a R$ 30,1 milhões. E ainda a criação de mais 115 cargos de assessor comissionado de desembargador, o que custaria R$ 10,9 milhões aos cofres públicos já no próximo ano – despesas que somariam R$ 12,2 milhões em 2015. Já o projeto do MP, que criava 69 cargos em comissão, teria impacto de R$ 5,9 milhões anuais.
A não votação dos projetos chamou a atenção porque, no final do ano, é comum projetos polêmicos de todos os poderes serem aprovados às pressas, sem maiores discussões. Os deputados, porém, reclamaram publicamente de sofrerem o ônus político de serem os responsáveis por aprovar medidas desse tipo. “Que isso acabe de uma vez por todas. A partir do ano que vem, tenho certeza que os outros poderes enviarão suas propostas com mais antecedência”, disse Rossoni. A assessoria jurídica da Casa estuda, inclusive, medidas que tornem essa prática obrigatória.
Presidente da OAB-PR, José Lúcio Glomb considerou a não votação do reajuste das custas como uma vitória da sociedade paranaense. “Certamente, a Ordem vai dar a sua contribuição na elaboração desse projeto, que é importantíssimo. Agora, teremos tempo para discutir o assunto.”

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