segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

ESSA É A CARA DA EDUCAÇÃO DA REDE PÚBLICA DO PARANÁ - site gazetadopovo.com.br veiculou a materia postada

Educação básica

Nem metade dos alunos sabe o que deveria em Português e Matemática


Só 45% dos estudantes do 5º ano na rede pública do Paraná aprenderam o que se considera adequado nessas disciplinas, cuja carga horária será ampliada

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Publicado em 31/12/2012 | Jônatas Dias Lima
Os resultados do Paraná na última edição do exame nacional Prova Brasil, realizada em 2011, mostram que cerca de 45% dos alunos do 5º ano na rede pública aprenderam o que se considera adequado nas disciplinas de Português e Matemática. Na prova de Matemática que avaliou os alunos do 9º ano, o índice foi ainda pior. Dos quase 160 mil estudantes que fizeram o exame aplicado pelo Ministério da Educação (MEC), só 14% souberam solucionar problemas em níveis satisfatórios.
O desempenho ruim dos alunos paranaenses seria uma das razões para a medida recentemente anunciada pela Secretaria de Estado da Educação (Seed), dizem analistas. No dia 12 de dezembro foi oficializado o aumento no número de aulas de Português e Matemática para as turmas do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. Das 25 aulas semanais, serão cinco dedicadas à Língua Portuguesa e cinco à Matemática.
Sudoeste
Em Marmeleiro, 70% aprenderam o que era esperado
A cidade de Marmeleiro, no Sudoeste do Paraná, com cerca de 14 mil habitantes, pertence ao seleto grupo de municípios que foram além das expectativas na Prova Brasil. Dos 386 municípios do estado que têm dados disponíveis, somente 13 atingiram ou foram além dos 70% de estudantes com aprendizagem avançada.
Em Português, 61 dos 87 alunos do 5º ano que fizeram a prova (70%) mostraram ter aprendido o que era esperado. Em Matemática o sucesso foi maior, com 71 alunos garantindo boas notas (83%). Desses, 36% mostraram ter aprendido além das expectativas e nenhum aluno ficou na faixa de aprendizado insuficiente.
O secretário municipal de Educação, Paulo Henrique Schwalm, atribui os resultados a uma receita tradicional. “O que fez nós melhorarmos foi a participação das famílias, a valorização dos profissionais e a formação continuada aos professores”, diz.
Os bons resultados de 2011 vieram depois de um susto em 2009, quando a Prova Brasil mostrou queda de cinco pontos na aprendizagem em Matemática. Para Schwalm, apesar da expressiva melhora, o problema ainda não estaria completamente resolvido e começaria na formação que os professores recebem durante a faculdade. “Aquela queda refletiu o que vimos no concurso para professor, no qual os maiores erros estavam nos mesmos assuntos em que os alunos foram mal na Prova Brasil”, diz.
O que é?
A Prova Brasil é uma avaliação em larga escala que pretende avaliar a qualidade do ensino oferecido na rede pública de ensino. É realizada de dois em dois anos pelo Ministério da Educação (MEC) e mede a aprendizagem em Matemática e Língua Portuguesa dos alunos de 5º e 9º anos do ensino fundamental.
Os dados sobre a aprendizagem dessas disciplinas no Paraná ficam mais claros se comparados às redes públicas de outros estados. Quando se analisa o desempenho dos alunos do 5º ano, por exemplo, o Paraná é o quarto colocado em Matemática (46%). Fica à frente de São Paulo (42%) e atrás de Santa Catarina, do Distrito Federal (ambos 47%) e de Minas Gerais (50%).
No entanto, é o histórico das medições que mostra como o estado tem enfrentado dificuldades para avançar. Levando em conta as últimas três medições da Prova Brasil, o Paraná apresenta melhorias tímidas e até regressões. De 2009 para 2011, o estado subiu apenas 4 pontos porcentuais nos níveis de aprendizado adequado em Português no 5º ano. No mesmo período, Santa Catarina subiu 14 pontos. Para as turmas de 9º ano, também em Língua Portuguesa, os estudantes paranaenses tiraram uma nota pior que no exame anterior.
Disciplinas essenciais
Em entrevista publicada em 19 de novembro pela Gazeta do Povo, a superintendente de Educação da Seed, Meroujy Cavet, destacou, entre outros fatores, a necessidade de melhorar a qualidade do aprendizado para justificar o aumento das aulas. No entanto, a medida dividiu analistas.
Para a coordenadora do curso de Pedagogia do FAE Centro Universitário, Sílvia Lozza, a medida foi acertada, já que as duas disciplinas são a base para a assimilação de outros conhecimentos. “Um aluno que sabe interpretar textos e raciocinar com precisão tem bom desempenho em qualquer área.”
Já para a professora Inge Suhr, coordenadora pedagógica de graduação do Centro Universitário Uninter, havia alternativas melhores. “É claro que essas são as linguagens essenciais para todo o resto, mas focar apenas nessas duas disciplinas me parece um modo muito utilitário de se pensar a educação.” Para ela, em vez de reduzir o número de aulas de outras disciplinas, o aumento das aulas de Português e Matemática poderia ser feito com a ampliação do tempo dos alunos na escola.
Planaltina foi município que mais evoluiu
Embora a maioria dos municípios paranaenses esteja longe de alcançar o aprendizado adequado para as séries avaliadas, o diagnóstico proporcionado pela Prova Brasil tem possibilitado melhorias que impressionam. Em Planaltina do Paraná, Noroeste do estado, a iniciativa da prefeitura de buscar assessoramento fora da cidade e a dedicação da professora Alice Rosália Cattelan fizeram a pequena cidade, de 4 mil habitantes, avançar 40 pontos porcentuais na proporção de alunos com aprendizagem adequada entre 2009 e 2011 (passando para 55%). Foi a maior evolução do estado no aprendizado de Língua Portuguesa em turmas de 5º ano.
Entre 2007 e 2009, o município teve uma regressão de 7 pontos porcentuais na mesma disciplina. Foi de 22% para 15%. “Houve uma acomodação e tivemos uma queda. Foi então que reformulamos a proposta pedagógica e procuramos quem nos ajudasse a reverter o quadro”, explica a secretária de Educação, Célia Terezinha Gabbiatti. Ele remete o avanço à acertada escolha da professora Alice para dar formação aos professores de Planaltina.
Professora de Português há 37 anos em Marechal Cândido Rondon, Alice está acostumada a dar cursos de educação continuada em outras cidades. “No começo receberam com desconfiança o método que uso, mas depois passaram a me chamar cada vez mais”, conta. Alice trabalha com alfabetização por meio de gêneros textuais, desde o 1º ano. Os critérios e conceitos adotados pela Prova Brasil estão presentes em todo seu planejamento.

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