quinta-feira, 17 de julho de 2014

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Negócios

Escolha de franquia para investir exige pesquisa cuidadosa

Avaliação vai da afinidade com o segmento até a infraestrutura da marca para dar suporte às operações
17/07/2014 | 00:20 |

No ano passado, o sistema de franchising brasileiro cresceu 11,9%, quase cinco vezes mais do que o PIB nacional, de 2,3%. O faturamento do setor passou de R$ 115 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF). Em um cenário tão favorável, natural que o modelo de negócio caia na preferência do empreendedor. Nos últimos dez anos, o número de franqueados quadruplicou. Hoje são 114,4 mil unidades negociadas no país. Diante da quantidade da oferta – 2.703 redes franqueadoras – a cautela é a primeira condição para definir onde aplicar o investimento que vai consumir economias e , se tudo der certo, concretizar o sonho do negócio próprio e da independência financeira.
Mesmo cercado de cuidados, algumas vezes a frustração e o prejuízo são inevitáveis. O ex-franqueado Maurício Buerger entrou na Justiça para reaver R$ 110 mil que aplicou na compra de uma unidade Vininha, especializada em mini sanduíches, em Araucária. O valor inclui também a taxa de marketing paga durante os oito meses de operação, há dois anos e meio. “A loja nunca pagou seus custos. Eu e meu sócio não fazíamos retiradas e não tínhamos suporte adequado da franqueadora. Tentamos devolver para a rede, mas acabamos fechando”, diz.
Opinião
Cinco passos de um franqueador de sucesso
José Calos Fugice Jr, sócio-fundador da GoAkira Consultoria Empresarial
Um franqueador de sucesso costuma ter boa capacidade de gestão, confiança para delegar funções, flexibilidade no relacionamento e muita vontade de trabalhar, além de saber ouvir o franqueado. Até empresas consolidadas no mercado estão sujeitas ao fracasso do modelo e é por isso que franquear uma marca requer mais cuidados até mesmo do que construí-la.
• 1º passo : Saiba o momento certo de crescer – Obter grandes lucros e criar uma marca forte não são os únicos requisitos. Para avançar, é preciso mapear as regiões com maior potencial, analisar concorrentes e a demanda local. E não comece pressionado. Transformar sua marca em franquia não é o remédio para uma empresa em crise. Se a transformação em franquia vier no momento errado, ela tem tudo para aumentar os problemas.
• 2º passo: Preencha os documentos fundamentais com transparência – A conquista do franqueado começa pela Circular de Oferta de Franquia (COF), a carta de apresentação do empreendimento. Ela reúne dados do negócio – como foi concedido e o formato – do franqueador, da rede e dos demais franqueados e ex-franqueados. Ali estão as regras do negócio, que devem ser cumpridas por terem peso de lei.
• 3º passo: Escolha o franqueado certo – O franqueador de sucesso trata o franqueado como um sócio e não alguém com dinheiro na conta. O franqueador exige muito mais do que isso. Priorizar um franqueado com bom conhecimento de gestão, que trabalha junto com a franquia e se dedica à marca fortalece a rede como um todo.
• 4º passo: Dê suporte à rede – Ajudar na escolha do ponto comercial não é suficiente. É preciso dar suporte continuado, atuando na qualificação da equipe de funcionários e nas estratégias de marketing. Um monitoramento mensal dos resultados da rede de franquias é indispensável para identificar pontos fracos e corrigi-los.
• 5º passo : Estude o mercado – Nunca fique satisfeito com resultados imediatos. Independente do sucesso da sua empresa, acompanhe as novas tendências e exigências dos consumidores para sempre estar inovando.
Adequação
Dono da marca Vininha,Rodrigo Miranda reconhece que teve problemas no início da operação em rede, apesar da experiência com lojas próprias e os dez anos de negócio estabelecido quando partiu pra venda de franquias, em 2011. Tanto que precisou recomprar metade das seis primeiras unidades negociadas. “Na época, nosso modelo estava sendo formatado e muitos processos, em fase de consolidação. Faltava padronização da marca ”, diz.
Os ajustes foram feitos nos últimos dois anos. Miranda reviu desde os critérios para seleção de franqueados até a infraestrutura de suporte aos parceiros. “Antes, bastava ter dinheiro para a adesão. Hoje fazemos uma avaliação mais rigorosa do perfil do franqueado, que deve estar alinhado à proposta e ao ritmo do negócio. Também deixamos a planilha de rentabilidade e investimentos mais clara, detalhando todos os pormenores da operação”, explica.
O franqueado recebe treinamento na loja e na fábrica da Vininha. As boas ideias dos parceiros também têm fórum certo de discussão: um conselho, formado por representantes de cada região, que tem mandato de 12 meses e se reúne a cada 90 dias para avaliar o desenvolvimento do negócio.
As mudanças mostraram resultados. A Vininha tem 28 lojas em operação e outras 17 com contratos assinados, em fase de adaptação e reformas. O faturamento previsto para este ano é de R$ 16 milhões e, no plano de expansão, serão 150 unidades franqueadas até o fim de 2015.
Além da venda das franquias, Miranda criou outra modalidade de investimento da marca para quem acredita no negócio, mas não tem perfil empreendedor. O fundo de investimento da marca deve alcançar R$ 5,7 milhões em dois anos, para reaplicação na expansão da empresa. Das 228 cotas, 85 já foram vendidas.

Cuidados

Procurar outros franqueados da rede é fundamental
O consultor Marcus Rizzo, da Rizzo Franchising, compara o envolvimento entre rede e franqueado como um casamento. “Se fosse possível conversar com o ex-parceiro de quem escolhemos para nos casar, as margens de erro seriam bem reduzidas”, brinca. Conversar com pelo menos quatro operadores, metade com até dois anos e a outra metade com mais de dois anos de experiência na marca, ajuda a balizar a infraestrutura para suporte e os níveis de parceria que a rede oferece.
Outra dica importante é ficar atento à experiência do franqueador. Na opinião da consultora Lyana Bittencourt, sócia do Grupo Bittencourt, especializada no setor, o dono da marca precisa ter a bagagem de operação entre um e dois anos, antes de abrir a franquia. “Assim ele transfere o modelo de negócio, não apenas o produto”, diz.

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