Javier Martín.
Gaza, 26 jul (EFE).- De joelhos perto do muro, Hisham al Mukbari e os homens que se refugiam no principal cemitério de Gaza formam uma fileira de rostos prematuramente envelhecidos pela penúria e pelas guerras.Leia também:
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As mulheres se escondem em lençóis imundos que usam para se isolar e olhar indiscretamente em meio a um labirinto de rugas esculpidas pelo sol, pela fome e pela tragédia.
Já as crianças, que vagam e brincam no esconderijo entre os túmulos quebrados, cheios de estilhaços, jogam em um tabuleiro de xadrez alterando entre sorrisos e olhares sombreados por mísseis e condenações.
"Morreu aqui, junto a essa laje. Enterramos ela com outras seis pessoas. Temos que enterrar as pessoas umas em cima da outra porque não tem mais lugar", explica Hishan, pele cor de cacau, bigode cheio, mãos calejadas. O retrato da miséria tatuado no corpo."O míssil caiu ali. Suheir estava pendurando a roupa na corda. Por que bombardeiam um cemitério?", questiona, enquanto um de seus sete filhos mostra os restos do projétil que matou a mãe e os buracos deixados nas paredes do barraco.
O dia avança no cemitério de Sheikh Shaban, ao lado do primeiro hospital construído em Gaza - em tempos do comando britânico sobre a Palestina (1920-1948) - e um grupo de jovens emerge desconfiado das sombras.
"Este deveria ser um lugar seguro, mas os israelenses já disparam contra tudo. Precisamos que isto acabe. Precisamos nos sentir livres", explica Ahmad, aparente líder, que admite seu respaldo ao movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde junho de 2007.
"O Hamas luta por nossos direitos. Só queremos ter direitos, que o bloqueio acabe, que possamos viajar", intervém Ibrahim, 23 anos, um desempregado que sonha em viajar à cidade de Ramala, onde seus primos dizem que é possível, inclusive, ir ao cinema.
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