quinta-feira, 31 de julho de 2014

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Literatura e comida de verdade

Pela primeira vez no Brasil, Michael Pollan fala amanhã na Flip sobre seu novo livro e afirma: a alimentação é um ato político
Publicado em 31/07/2014 |
“Coma comida. Não muita. Sobretudo vegetais.” Esse é um dos mantras do jornalista, pesquisador e escritor Michael Pollan, que, nos últimos anos, vêm nos alertando sobre a nossa cegueira em relação à indústria alimentícia. Mais: nos diz que comer, hoje, é um ato político. Essas questões culturais e ambientais que extrapolam o prato à nossa frente serão debatidas por ele amanhã, na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) – o escritor, que vem pela primeira vez ao Brasil, participará de mesa no evento, mediada pela jornalista Lúcia Guimarães.
O norte-americano, também professor de jornalismo na Universidade de Berkley e eleito em 2010 pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, virou uma espécie de ícone sobre alimentação saudável, e acaba de lançar no Brasil seu mais novo livro, Cozinhar – Uma História Natural da Transformação, pela editora Intrínseca, responsável também por trazer ao país outros livros do autor.
Fran Collin/Divulgação
 Fran Collin/Divulgação  / Ampliar imagem
Cozinhar – Uma História Natural da Transformação
Michael Pollan. Tradução de Cláudio Figueiredo. Intrínseca, 448 págs. R$ 49,90.
Depois de desvendar os meandros da indústria e condenar o nutricionismo – alimentação pautada apenas em nutrientes, que não respeita os pedidos do corpo, ou os aspectos culturais –, Pollan se aventurou no ato de cozinhar, que ele define como uma descoberta “inesperada, porém feliz.” E cozinhar, como ele mesmo diz na obra, não é apenas colocar manteiga em cima da massa caseira comprada no armazém da esquina.
Por isso, Pollan investigou, minuciosamente, os quatro elementos básicos que envolvem o ato de cozinhar: o fogo, a água, o ar e a terra. Mais do que pesquisar, viveu, com ajuda de cozinheiros, padeiros e outros profissionais, a experiência. No caso do fogo, por exemplo, o escritor aprendeu com churrasqueiros da Carolina do Norte a assar um porco inteiro. Em água, fez um assado de panela. No ar, se aventurou na arte de fazer pães – diz que os primeiros ficaram horríveis, mas que hoje se orgulha de algumas de suas produções caseiras. Por fim, aborda todos os truques da fermentação, seja em uma compota de chucrute, no queijo ou numa cerveja caseira.
Análise
Além dos detalhamentos do processo, Cozinhar tem como base mostrar ao leitor que reconquistar o território da cozinha é um passo importante para sermos mais conscientes em relação à comida. E, assim, termos uma alimentação mais saudável, ética e sustentável. E com um bônus: reforçar nossos laços familiares e de comunidade. Pollan também conquista o leitor ao relatar, de maneira leve e divertida, suas experiências pessoais, como a impagável história de Kosher, uma porca de estimação que teve na infância. GGGG

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