Brunno Covello/ Gazeta do Povo
Internet devagar, quase parando
Mesmo tendo um dos maiores contingentes de internautas do mundo, Brasil não consegue melhorar velocidade da conexão de banda larga
Publicado em 22/07/2014 | Pedro BrodbeckINFOGRÁFICO: Veja dados sobre a internet no mundo
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No celular
Internet móvel é a quarta mais lenta entre os países pesquisadosAlém das conexões de banda larga fixa, o estudo também faz uma sondagem sobre a velocidade da internet nas redes 3G e 4G dos celulares. Segundo o relatório, os brasileiros acessaram a web no celular com velocidade média de apenas 1,2 Mbps – a quarta pior posição entre quase 60 países pesquisados pela Akamai. O país só ficou na frente dos vizinhos Argentina e Bolívia e do Vietnã.
A líder, mais uma vez, foi a Coréia do Sul, com uma velocidade média de 14,7 Mbps. O levantamento dos acessos móveis, no entanto, são menos detalhados e contam com uma amostra menor do que a pesquisa de conexões de banda larga.
A pesquisa também mostra que a baixa velocidade da banda larga móvel faz o brasileiro esperar em média 12 segundos para que uma página de web seja carregada por completo no celular. No caso do computador, o brasileiro precisa esperar, em média, seis segundos para ver uma página de web.
Segundo o diretor de canais e programas da Akamai para a América Latina, Jonas Silva, os números brasileiros ainda são ruins porque o país está em processo de inclusão digital. “O número de conexões cresce mês a mês em um ritmo bastante acima da média mundial. A maioria destas novas ligações tem velocidade baixa, o que faz o país cair no ranking global”, explica.
O país é, de fato, um dos que mais teve crescimento na sua base de internautas, com um aumento anual acima dos 10% – dos países com mais de 20 milhões de acessos, somente Brasil e China mantém um crescimento na casa dos dois dígitos.
Estagnação
Para o consultor Aldo Santini, da DataSensor, empresa que monitora o volume de acessos em todo o mundo, o aumento acelerado na quantidade de acessos não justifica a estagnação da velocidade. “Seria natural um ritmo mais lento na velocidade média, mas teríamos que apresentar crescimentos mais expressivos, também, no número de acessos de alta qualidade e na média de velocidade dos picos, o que não acontece. A China cresce tanto quanto o Brasil e consegue melhorar seus números”, afirma.
Os dados da pesquisa comprovam este crescimento modesto. Enquanto 21% das conexões de todo o mundo são de planos de mais de 10 Mbps, no Brasil apenas 1% dos usuários têm acessos neste patamar.
O mesmo se verifica no pico das conexões. A média mundial é de 22 Mbps, com um crescimento anual de 13%, e a marca brasileira é de 17,9 Mbps, mas com um crescimento de 0,3% nos últimos doze meses. “Isso só evidencia o quão defasado maior parte dos acessos brasileiros ainda está na comparação com o resto do mundo”, completa o professor de ciência computação da USP, Roberto Kalil.
Estrutura insuficiente derruba qualidade
O apetite por uma base de clientes ainda maior é o principal problema apontado por especialistas para que a conexão brasileira se mantenha lenta. Com redes sobrecarregadas, as velocidades entregues pelas operadoras ficam bastante aquém do que é contratado pelo usuário.
“A situação é a mesma das operadoras de telefonia móvel. As empresas vendem mais planos do que conseguem atender e a velocidade e qualidade dos serviços ficam prejudicadas”, afirma o professor de Ciência da Computação da USP, Roberto Kalil. As operadoras se defendem e explicam que isso se deve ao fato de não terem controle sobre oscilações na rede. “O que é uma meia verdade. Se a estrutura instalada fosse suficiente, todos os planos seriam atendidos dentro de uma variação razoável.”
Rigor
A oscilação é tamanha que desde o ano passado a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) endureceu os limites mínimos de entrega de serviços contratados nos planos de internet.
Atualmente, a velocidade mínima que as operadoras precisam entregar é de pelo menos 30% do contratado em 70% do tempo e em novembro deste ano as margens de variação terão que ser ainda menores: segundo o órgão regulador, as empresas terão de oferecer pelo menos 40% da velocidade contratada em 80% do tempo de conexão.
Interatividade
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