Dylan Martinez/ Reuters
O goleiro Cillessen, que nunca pegou um pênalti na carreira, se lamenta no gramado enquanto os argentinos comemoramTri ou tetra
Em 1986, no México, deu Argentina de Maradona. Quatro anos depois, na Itália, a Alemanha de Matthäus venceu. Agora, o Brasil será palco da decisão que mais vezes se repetiu nas Copas
10/07/2014 | 00:06 | Fernando Rudnick e Nícolas França, Enviados especiais De São PauloINFOGRÁFICO: Veja como foi o duelo
Argentinos e brasileiros travam duelo na arquibancada
Brasil e Argentina não se encontrarão nesta Copa. Mas um dos grandes duelos do Mundial seguiu ontem entre as torcidas. Equilibrado, como a partida do time de Messi contra a Holanda de Robben. Tão competitiva que nenhum dos craques brilhou e ficou para o goleiro Romero decidir tudo nas cobranças de pênaltis: argentinos fazendo festa no Itaquerão, dentro e fora de campo, enquanto brasileiros deixavam o estádio incrédulos.Na arquibancada, o confronto envolvia cânticos tradicionais das duas torcidas: “Mil gols, mil gols, mil gols... Só Pelé, só Pelé...”, coro que exalta o Rei do Futebol e cutuca o problema de Maradona com drogas, contra “Brasil, decime qué se siente...” (Brasil, me diz o que sente...), sobre a vitória argentina na Copa de 1990. Desta vez, porém, a lembrança dos mil gols não vinha de torcedores vestindo amarelo. Apenas alguns mantiveram a camisa brasileira. A maioria preferiu se camuflar ou adotar o laranja holandês.
Reflexo de só os argentinos ainda contarem com a própria seleção para torcer. E ainda terão, até domingo, na decisão do Maracanã. Mesmo local onde a peregrinação começou, antes de passar por Belo Horizonte, da impressionante invasão a Porto Alegre, da primeira vez em São Paulo e do jogo anterior, em Brasília.
“Agradeço muito a todos os torcedores que nos seguiram pelo Brasil. Sorte que não tivemos de ir mais para o Norte, por causa do calor e da distância. Lá teríamos menos apoio”, reconheceu o técnico Alejandro Sabella, sobre os benefícios na tabela. No momento em que ele concedia a entrevista, dezenas de hinchas ainda faziam a festa em um pedaço da arquibancada do Itaquerão e mais milhares nos arredores.
O treinador lembrou também dos milhões que ficaram no país. “Não estou na Argentina, mas imagino a alegria do povo”, ressaltou. “Não pensamos em parabenizar os adversários [como fizeram os alemães] porque faz tanto tempo que a Argentina não chega à final que os jogadores queriam comemorar. Fomos todos simplesmente desafogar essa alegria”, declarou Romero, herói da noite.
Os argentinos venceram a primeira disputa, em 1986, no México, e levantaram sua segunda taça pelas mãos de Maradona. Os alemães do capitão Matthäus devolveram a derrota quatro anos depois, na Itália. Invictos nesta Copa, as seleções terão seu terceiro encontro no Rio de Janeiro.
Messi ou Lahm. Só um deles entrará para a história como o capitão que ergueu a Taça Fifa na segunda Copa no Brasil. “Vamos fazer o nosso melhor”, garantiu o técnico Alejandro Sabella. “[Ontem] não nos entregamos em momento algum. A Argentina merecia essa vitória”, emendou, sem tirar a seriedade da expressão mesmo após uma tensa disputa de pênaltis que calhou com o aniversário de 198 anos da independência argentina.
Se os germânicos demoraram 12 anos para voltar aos holofotes, a espera portenha foi dobrada. Foram 24 anos de agonia sem nem sequer chegar à semifinal. Barreira quebrada justamente no Brasil. Ontem, a vitória nos pênaltis garantida pelo goleiro Romero deixou a Albiceleste a um passo de fazer a festa do quintal dos maiores rivais.
Apesar do massacre sobre os anfitriões, a Alemanha deve contar com o apoio dos brasileiros no Maracanã. O ótimo futebol demonstrado até agora, porém, não assusta a Argentina. Somente inspira. “Temos admiração pela Alemanha. É um país que demonstrou durante toda sua história um grande poderio físico, tático e mental. É um país de primeiro mundo, que sabe o que é trabalho e organização. Vai ser um duelo absolutamente difícil”, comentou Sabella, que só dirigiu um clube na carreira, o Estudiantes de La Plata.
O volante Mascherano, forjado pelo River Plate e com passagem pelo Corinthians, demonstra o mesmo respeito pelos tricampeões, que levam vantagem de 3 a 1 em confrontos oficiais – também houve três empates. E, a poucos dias da final, pede concentração absoluta para os companheiros. O auge está logo ali, assim como o fundo do poço, prega.
“No domingo teremos a partida mais importante de nossas carreiras. Agora temos de desfrutar do momento, tivemos um longo caminho para chegar até aqui, com muitas dificuldades. Estamos felizes, mas temos responsabilidade. A Argentina segue confiando em nós. Oxalá vamos levar esse título para casa”, falou.
“É uma seleção muito dura. Neste momento quero saborear a vitória e a partir de amanhã [hoje] vamos nos concentrar e pensar na final. Temos de aproveitar porque há muito não chegávamos”, completou o atacante Lavezzi.
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